segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus 2012! Bem-vindo 2013!

O ano 2012 está no seu término. Ele foi repelto de desafios e sacrifícios que foram muito para além do que é socialmente aceite e tolerável. Não estavamos conscientes da intensa dor social que foi imposta aos portugueses, agora fazemos ideia do flagelo que foi semeado na sociedade portuguesa. Continuo a acreditar que a solução está na ação coletiva, num processo de consciencialização face a um problema que ultrapassa a ação governativa, parece-me óbvio que idealizamos uma sociedade à escala do interesse individual e cooperativo. Vivemos uma ilusão que acabo da pior forma.  

Foi um ano difícil e severo social e económicamente, mas também foi de oportunidades e de conquistas diárias, de um labor intenso e acutilante para demonstrarmos a nós próprios que eramos capazes de ultrapassar a adeversidade. O nosso ADN está irrigado pela resistência ideológica e cultural.

Faço votos para que nos encontremos em 2013, convictos da urgência que é necessária operar no domínio da política social, económica, mas também, e fundamentalmente, repensarmos a política cultural ao nível regional e municipal. Que 2013 seja marcado pela solidariedade, pelo respeito mútuo entre os homens, que a etnia e a religião não sejam entrave, mas, ponte no diálogo cultural entre os povos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Votos de um feliz e santo Natal

Adoração dos Reis Magos
Atribuído ao Mestre da Adoração de Machico
Início do século XVI
O Natal é um tempo de partilha dos afetos, da solidariedade genuína, de celebrar a «Festa», tal como é conhecido e vivido o Natal madeirense. O meu Natal! É este que quero celebrar, e continuar a acreditar que o Natal é quando o Homem quiser,…

É um tempo cíclico que transporta-nos para o cosmos, para um mundo onde as diferenças e as divergências ideológicas não têm lugar. É um tempo de saudade e de magia. É nesta altura que todos estão disponíveis para ajudar, uma ação solidária que exige entrega e disponibilidade durante todo o ano. Façamos Natal todos os dias, em 2013.

Feliz e Santo Natal!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Novo número da revista «Práticas de Animação»

Está disponível o mais recente número da «Práticas de Animação». O número agora editado reúne um conjunto de trabalhos de investigação nos domínios da animação sociocultural, do tempo livre e do lazer, da gerontologia – no Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre as Gerações -, da educação de adultos e de experiências de formação no contexto da animação.

«A “Práticas de Animação” é um projeto consolidado, graças, à participação dos animadores e investigadores que contribuem para a democratização do debate e das reflexões sobre as práticas e os contextos da animação sociocultural. É um espaço de discussão livre e de consolidação de novas hipóteses sobre as práticas de animação». (Editorial, número 5)

Falamos de hipóteses sobre as práticas de animação não porque a animação sociocultural seja um laboratório de experiências, mas de participação e de cidadania democrática geradora de autonomia dos indivíduos e de práticas solidárias e responsáveis pelo coletivo.

O número agora publicado traduz a nossa convicção no projeto da revista, ele é sinónimo da sustentabilidade e da diversidade de pensamento traduzidos na escrita. É um ato criador que desejamos que continue a fortalecer-se na participação ativa de animadores e investigadores, em razão da animação sociocultural.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Animação e Animadores. Um futuro improvável

O estado atual do nosso microcosmos social, cultural, político e educativo é o centro e a periferia do questionamento permanente, que nos empela na procura de respostas às inquietações sociais e do compromisso com a cidadania e a democracia, fruto do exercício da intervenção sustentada numa participação ativa e comprometida com os grupos. Esse questionamento também projeta-nos para outras preocupações, nomeadamente com a qualidade, o rigor técnico-científico e o futuro da formação em animação sociocultural.

Esta inquietação intensifica-se com o debilitar da pujança dos militantes associativos da animação sociocultural, sinal manifesto do recuo face a projetos que exigem empenho e sentido de responsabilidade face à defesa dos interesses coletivos. O número de candidatos admitidos ao grau de licenciatura em animação sociocultural no ano letivo 2012/2013 é um sinal preocupante. A qualidade do plano de estudos, o know how técnico-científico do corpo docente e a localização geográfica do par estabelecimento de ensino/curso poderão ser indicadores que influenciam ou contribuam para explicar o afrouxamento do interesse pelos cursos superiores de animação. No ano letivo 2012/2013, registou-se a suspensão da abertura de novas vagas para a licenciatura em animação sociocultural devido à fraca procura pelo curso.

Que modelo de animadores socioculturais tem o ensino superior formado para o mercado de trabalho? Haverá alguma relação entre a definição teórica do perfil do animador e o mosaico político, sociocultural e educativo do país? Talvez a formação académica dos animadores socioculturais têm sido inspirada em modelos teóricos e projetados para um espaço geográfico localizado, um bom exemplo dessa ação redutora é o território regional onde está localizado o estabelecimento de ensino. Uma outra hipótese é a proliferação excessiva dos cursos profissionais de animação sociocultural que anualmente formam centenas de animadores que alegremente contribuem para as estatísticas.

O mercado de trabalho em Portugal há muito que regrediu no sentido de possibilitar uma primeira oportunidade de experiência profissional aos recém-licenciados em animação, graças, à proliferação dos técnico-profissionais. Diga-se em abono da verdade, são «excelentes» soluções para as organizações. Precisamos hoje de compreender os caminhos da animação e os percursos sinuosos dos animadores em Portugal. 

domingo, 18 de novembro de 2012

A vitalidade e a diversidade no contexto da animação sociocultural

A alguns anos a esta parte, têm-se fomentado os espaços de reflexão e debate coletivo sobre a animação sociocultural, mas também, surgiram projetos editoriais importantes que têm fomentado a participação ativa de vários agentes socioculturais na produção teórica e na reflexão das práticas de intervenção educativa e sociocultural que materializam-se no concreto da cidadania ativa.

É verdade que muitos de nós continuam agregados a uma preocupação comum a muitos animadores socioculturais, não menos verdade, são as condições socioprofissionais dos agentes da animação que têm-se revelado uma preocupação real de alguns «militantes» da animação sociocultural. Um grupo ao qual pertenço orgulhosamente. Estou em crer ser necessário «exorcizar» um projeto que tem sido refundado por diferentes estruturas associativas de animadores para que possamos avançar para questões concretas e reais no campo epistemológico da animação sociocultural no século XXI.

Há algumas estruturas associativas de animação com um trabalho sustentado nas dinâmicas comunitárias, um trabalho revelador da vitalidade e diversidade na ação e na compreensão do conceito epistemológico de animação sociocultural. Os congressos, encontros, colóquios e outras adjetivações é um contributo para a formação e para a construção de um discurso social sobre a profissão e as práticas de intervenção educativa e sociocultural. A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural – Delegação Regional da Madeira publica anualmente a Revista Práticas de Animação, um projeto editorial que reúne um conjunto diversificado de trabalhos centrados no papel da animação sociocultural. Outros projetos editoriais têm sido dados à estampa, o que revela o dinamismo e a criatividade dos animadores portugueses em tempo de austeridade.

As políticas públicas executadas ao longo de décadas no nosso país exige uma séria e metódica revisão de prioridades. Vivemos um período de grandes e específicas mutações sociais, económicas e políticas. É oportuno e urgente encetar um debate aberto e franco, ouvindo os atores sociais e compreender que políticas de intervenção poderão ser desenhadas à luz da animação sociocultural, perspetivando uma participação ativa e comprometida dos animadores num processo transformador da realidade social, cultural e política do país. Este é um desafio para os Animadores que acreditam na esperança.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

APDASC organiza o XV Congresso Internacional de Animação Sociocultural


A APDASC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural organiza o XV Congresso Internacional de Animação Sociocultural - «Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações». O evento realiza-se na Escola Superior de Educação de Lisboa, nos dias 15 e 16 de novembro de 2012.

A comissão executiva definiu como objetivos a alcançar no decurso do congresso:

- Celebrar 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações;
- Sensibilizar para o valor e impacto do envelhecimento ativo e das suas diversas dimensões, destacando o contributo útil das pessoas mais velhas para a sociedade e a economia;
- Promover o envelhecimento ativo, a solidariedade entre as gerações e a dignidade e vitalidade de todos;
- Explorar o potencial das pessoas mais velhas, independentemente da sua origem, permitindo que tenham uma vida independente e socialmente integrada;
- Estimular o debate, o intercâmbio de informações e a aprendizagem no que concerne ao envelhecimento ativo;
- Identificar e divulgar boas práticas de animação sociocultural no campo do envelhecimento ativo;
- Promover programas de animação sociocultural que contribuam para lutar contra a discriminação em razão da idade, para superar os estereótipos relacionados com a idade e para eliminar obstáculos.

A conferência inaugural do congresso intitulada «Por uma animação intergeracional: uma forma de manter os que envelhecem inseridos na sociedade» pelo professor doutor Edmundo de Drummond Alves Júnior. Os painéis temáticos versarão sobre «Experiências e Práticas de Animação Sociocultural, envelhecimento Ativo e Intergeracionalidade», «O Papel dos Seniores na Sociedade e Economia: Qual o contributo útil?» e «Envelhecimento Ativo versus Discriminação em razão da Idade». 

Para mais informações e inscrições, aceda em www.congressoapdasc.com


terça-feira, 23 de outubro de 2012

2013 «Ano Europeu dos Cidadãos»


A Comissão Europeia propões que 2013 seja o «Ano Europeu dos Cidadãos», efeméride que acontece, com a celebração do vigésimo aniversário da introdução da cidadania da União pelo Tratado de Maasticht, a 1 de novembro de 1993. A cidadania da União e os respetivos direitos que lhe são inerentes constituem um dos principais ativos da União Europeia.

O «Ano Europeu dos Cidadãos» visa facilitar aos cidadãos o pleno exercício do direito de livre circulação e residência no território da União Europeia. Neste quadro de intenção e, mais especificamente, o objetivo do Ano Europeu consiste em «aumentar a sensibilização dos cidadãos para o seu direito de residir livremente na União Europeia», «aumentar a sensibilização para a forma como os cidadãos podem beneficiar dos direitos e políticas da UE e estimular a sua participação activa no processo de elaboração das políticas da União» e «estimular o debate sobre o impacto e o potencial do direito de livre circulação, em especial em termos de reforço da coesão e de compreensão mútua».

A cidadania da União Europeia não substitui a cidadania nacional, pelo contrário, complementa-a. É neste contexto que os cidadãos da União têm acesso a uma diversidade de direitos em todos os Estados-membros: direitos enquanto consumidores, no livre acesso a bens e serviços noutros países da União Europeia, à educação e à obtenção do reconhecimento das suas qualificações profissionais, aos cuidados de saúde, direitos em matéria de segurança social, direito ao voto e a ser candidato nas eleições para o Parlamento Europeu e nas eleições autárquicas no Estado-membro de residência.  

A efeméride será assinalada no território europeu, através da organização de uma série de eventos, conferências e seminários, a nível nacional, regional e local.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Por uma pedagogia cultural comprometida com os cidadãos (II)

Rafael Sanchéz Sanchéz refere que a pedagogia cultural é um saber pedagógico e define-a, como um ramo da pedagogia especial, cujo objeto como ciência é a educação cultural. A pedagogia cultural estuda e trabalha o desenvolvimento cultural em todos os âmbitos sociais onde se desenvolve.  O fim da pedagogia em foco, é o desenvolvimento cultural como processo de humanização no âmbito pessoal e coletivo. Sanchéz Sanchéz considera três pilares básicos que poderão ajudar a entender o papel da pedagogia cultural:

- Conexão da pedagogia cultural com a realidade cultural;
- Integração da pedagogia no mundo da cultura;
- Trabalhar a pedagogia no desenvolvimento da vida cultural popular.

Os animadores socioculturais têm que assumir um papel de pedagogos para a cultura. Esta tarefa não é ensinada pelos conteúdos programáticos de uma disciplina, ela é apreendida no labor quotidiano, na necessária tarefa de educar os homens como fazedores de cultura, se a entendermos como um conjunto de manifestações artístico-culturais, de saberes e aprendizagens que os indivíduos continuam a preservar e transmitir às gerações futuras, são as relações sociais que humanizam e sustentam a identidade cultural de uma comunidade.

A educação e a cultura são dois mundos que interagem reciprocamente, provocando reações em cadeia, gerando confrontos diários que exigem dos agentes socioculturais e educativos ações planificadas que contribuam para o desenvolvimento cultural local, que suscite nos indivíduos uma aproximação aos bens culturais, que desperte consciências críticas e atuantes sobre a realidade cultural, na maioria das vezes, é um cenário paralelo à realidade vivida.

O conhecimento real e análise crítica dos processos de desenvolvimento cultural serão verdadeiros quando as populações forem efetivamente envolvidas, e refiro-me concretamente, a um processo educativo para a participação ativa na cultura, porque ela não se transmite apenas, são as pessoas que fazem a cultura. A educação para a cultura não é tarefa única dos educadores, é antes de todos os atores sociais. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Por uma pedagogia cultural comprometida com os cidadãos (I)

O exercício da prática profissional no quadro da atividade sociocultural é percecionada por alguns agentes políticos, como um recurso para a promoção do entretenimento dos cidadãos, em detrimento da educação para as artes, do contributo para a formação de uma sensibilidade humana para as diferenças culturais e instrumento tempo de reconstrução do tecido sociocultural das comunidades.

A assunção de uma ideia abstrata e sem fundamento teórico sobre o papel da cultura, por um lado, é fruto de uma inconsistência técnica e sem um método de trabalho percetível para o desenvolvimento sustentável e transversal aos vários setores da ação política na gestão da res pública, por outro, é marcado pela ausência do conhecimento vital sobre o papel dos vários agentes culturais e das instituições que animam quotidianamente as dinâmicas sociais nos territórios culturais.

A defesa da promoção sustentada das práticas de consumo cultural a partir dos princípios metodológicos da pedagogia cultural é um desafio permanente que se coloca aos atores sociais, mas, de uma forma incisiva e profícua aos agentes socioculturais. É fundamental educar as pessoas para os processos de democratização e promoção culturais. Este é um processo de aprendizagem que exige cooperação entre as instituições educativas, o movimento educativo e as autarquias. É uma dinâmica de aprendizagem não formal que deve alicerçar-se num programa de intervenção socioeducativa de longo prazo, capaz de responder aos desafios das sociedades pós-modernas.

A educação para a cultura é um processo contínuo e recíproco entre quem «educa» e o «educando», é um espaço e um tempo de novas aprendizagens para os agentes culturais, é um ato comunicativo e de desenvolvimento de uma consciência cultural crítica. Os agentes culturais, a classe política e demais atores sociais não podem ambicionar sobre a desejável participação cidadã de excelência nas dinâmicas dos territórios culturais, quando o processo socioeducativo não formal é deficitário, ou até, inexistente. É preciso investir com determinação e autonomia nas redes de comunicação ao nível local, nos projetos transversais entre a cultura e a educação, entre os agentes da educação formal e os da educação não formal, enquanto, atores da cultura.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Democracia, participação e animação sociocultural

A realidade económica, social, política, cultural e educativa carece de políticas congregadoras de ideias responsáveis que reúnam um consenso político alargado; necessita de políticas que premeiem ações sustentadas de combate ao défice cultural e educativo da população, exige uma luta sem tréguas no combate cívico a um clima de paz social agreste, que acredito, não estar longe de transformar-se num quadro de rutura social. Enfim, nada vai bem no nosso país.

Portugal atravessa um período negro da história contemporânea. Nós culpabilizamos o Governo, e esquecemo-nos de procurar oportunidades efetivas para a mudança social a partir do âmago da crise, sim, porque acredito que a crise também poderá ser uma fonte de oportunidades para o fortalecimento da democracia, para a consolidação de uma massa crítica que deverá ser mais interventiva, que estude e apresente propostas para a consolidação de um processo de desenvolvimento comunitário integral.

A vivência da democracia pressupõe uma participação ativa nos processos de conhecimento sociocultural sobre as realidades local e regional. O conhecimento e a compreensão das dinâmicas sociais do território regional é um fator que contribui para a emancipação do pensamento crítico dos cidadãos, para um olhar acutilante e o assumir uma posição de debate democrático sobre as decisões governativas que afetam a vida de cada pessoa. Este é o momento para a reação, face à institucionalização de diretrizes que ferem a democracia e roubam a cidadania.

A animação sociocultural deve fomentar a participação dos indivíduos nos processos de intervenção e gerar espaços de diálogo social, de questionamento sobre o mundo e o percurso da vida coletiva.


Quo Vadis? É a questão do momento. As respostas são um enigma que o exercício da participação consciente e responsável na pluralidade da vida em comunidade e mesclada nos âmbitos da animação sociocultural (social, cultural e educativo), poderão abrir caminhos alternativos para um processo de harmonização social. O processo de intervenção social e política desde a animação sociocultural exige envolvência e participação consciente das populações, mas também, requere uma dinâmica pedagógica para o exercício da cidadania ativa pelo bem comum, em detrimento do cooperativismo e do individualismo das sociedades do século XXI. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Congresso Internacional de Animação Sociocultural


«Intervenção e Educação Comunitária: Democracia, Cidadania eParticipação» é o tema do Congresso Internacional de Animação Sociocultural, que se realiza nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2012, em Ponte de Lima, uma organização da Intervenção – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural.

Entre o conjunto de objetivos do congresso sublinho a necessária e mediática análise ao papel da Animação Sociocultural face à conjuntura económica, política e social do país; o «Impulsionar o pluralismo social, a partilha de projetos, a educação intergeracional e a inserção de metodologias participativas promotora de uma sociedade solidária para o século XXI» e o «Estimular uma participação comprometida com o desenvolvimento social, cultural e educativo e plasmada numa plena cidadania».

 Entendemos que eles deverão ser motivo de reflexão coletiva e de compromisso individual, no sentido dos agentes comunitários assumirem nas suas práticas um enfoque crítico mais sustentável, de acordo com o estado social e político do país. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

IV Jornadas de Reflexão de Animação Turística


«Turismo e Animação Cultural» é o tema das IV Jornadas de Reflexão de Animação Turística que se realiza na ilha Terceira, entre os dias 16 e 18 de novembro de 2012, numa organização conjunta da Associação Regional de Turismo dos Açores e do Instituto Açoriano da Cultura.

O objetivo cimeiro destas jornadas será o debate e a troca de experiências em torno do turismo cultural, com o intuito de promover o aumento da oferta e a inovação dos serviços e produtos turísticos associados ao património cultural material e imaterial local. As jornadas também visam proporcionar tempos de debate e de reflexão sobre os recursos, as potencialidades e as estratégias para que o arquipélago dos Açores possa valorizar o seu património enquanto recurso primordial para a sustentabilidade responsável do desenvolvimento turístico insular.

As jornadas serão constituídas por workshops, sessões de debate e programa social. O «Turismo e Animação Cultural» estarão em foco na transversalidade dos quatro painéis:

- Valorização da cultura local e do território através do turismo;
- Empreendedorismo e Inovação em produtos de turismo cultural;
- Potencialidades do turismo cultural no Arquipélago dos Açores;
- Desenvolvimento e promoção do turismo cultural na Região Autónoma dos Açores.

sábado, 25 de agosto de 2012

Afinal, quais são as prioridades dos animadores?

Os argumentos que sustentam as discussões e, consequentemente, a produção de matéria, por vezes, controversa entre os próprios animadores, não tem tido o acolhimento e a reflexão contínua que entendo ser necessária para a prossecução dos objetivos da proposta de «Estatuto do Animador», que ciclicamente anima e apaixona os intervenientes nos debates relacionados com a profissão de animador. Este é um tópico frequente na agenda dos congressos e encontros de animação, mas, manifestamente insuficiente, ou seja, uma «proposta» que continuará a ser isso mesmo, uma proposta sem continuidade, porque aparentemente o dossier de «Estatuto de Animador» não teve continuidade junto dos organismos oficiais, que por si só, poderá constituir matéria para a continuidade de um processo de reflexão e de apresentação de propostas válidas e adequadas à realidade da profissão em Portugal, no sentido de ser um estatuto socioprofissional reconhecido pelo Estado.

A ausência do reconhecimento do Estatuto do Animador pelo Estado inviabiliza qualquer ação no sentido do reconhecimento legal e estatutário no Catálogo Nacional das Profissões e da dignificação da profissão.

Afinal, quais são as prioridades coletivas dos Animadores? É preciso exercitar outros âmbitos de intervenção associativa, que na minha opinião, serão reveladores da capacidade criativa, crítica e observadora da realidade sociocultural, política e educativa dos organizações que formam animadores e desenvolvem um trabalho comunitário de animação sociocultural. A discussão sobre a animação e a formação dos animadores não pode estar condicionada a uma agenda particular ou cooperativa, antes, deverá estar ao serviço dos animadores, e são estes agentes que devem definir as suas prioridades coletivas e o papel que a animação assume no contexto sociopolítico do país. Falta-nos a capacidade de auscultar os animadores, e aos muitos outros, distribuídos geograficamente pelo território nacional assumir a sua cidadania, e através de uma ação coerente contribuir para que as prioridades que se desvanecem no vazio da identidade dos animadores, sejam na verdade, os objetivos que alimentam o nosso conceito de práticas de animação sociocultural.

Não encontro animadores a discutirem e a refletirem as suas práticas. Os textos que refletem sobre temas relevantes no domínio da intervenção em animação sociocultural, assinados por de animadores da minha geração, é uma raridade, talvez, não tenha pesquisado o suficiente. Desafio os animadores a passar para a escrita as suas reflexões e a divulgá-las, só assim, seremos capazes de aprender mutuamente. O futuro da animação constrói-se com as práticas e discussões presentes, e que as fazem são os animadores socioculturais.

A ausência de tomadas de posição sobre matérias em que os animadores socioculturais também deverão implicar-se ativamente, é pretexto para questionarmo-nos sobre o que os animadores desejam para o grupo de pares. As tomadas de posição, simples exercícios de reflexão argumentativa são excelentes pretextos para efetivar simples práticas da cidadania comprometida com a mudança social, com a construção de uma comunidade solidária com os seus membros, de dirigentes associativos empenhados num futuro que ofereça estabilidade social aos seus pares.

domingo, 12 de agosto de 2012

Dia Internacional da Juventude – 12 de agosto



«A atual geração de jovens, a maior que o mundo jamais conheceu, a grande maioria vivendo em países em desenvolvimento, tem um potencial sem precedentes para promover o bem-estar da de toda a família humana. No entanto, muitos jovens, incluindo aqueles que são altamente qualificados, têm salários muito baixos, estão em empregos sem futuro ou desempregados. A crise econômica mundial atingiu mais gravemente a juventude e muitos estão compreensivelmente desanimados por causa das desigualdades crescentes. Um grande número de jovens não têm perspectivas imediatas e estão privados do seu direito a participar nos processos políticos, sociais e de desenvolvimento dos seus países. Se não tomarmos medidas urgentes, corremos o risco de criar uma “geração perdida” de talentos e sonhos desperdiçados.

Trabalhar com os jovens e para os jovens é uma das minhas principais prioridades. Os jovens são uma força transformadora. São criativos, engenhosos e agentes entusiastas da mudança, quer seja na praça pública quer seja no ciberespaço. Desde o seu papel central nos esforços para alcançar a liberdade, democracia e a igualdade, à sua mobilização global de apoio à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a juventude demonstrou uma vez mais, energicamente, a sua capacidade e o desejo de inverter o curso da história mundial e encontrar soluções para os desafios globais.

Os homens e as mulheres jovens não são beneficiários passivos, mas sim parceiros iguais. As suas aspirações vão muito além do emprego. Os jovens também querem ter um lugar à mesa, uma voz real na definição das políticas que moldam suas vidas. Precisamos ouvir e dialogar com os jovens. Precisamos estabelecer cada vez mais e mais fortes mecanismos para a participação dos jovens. Chegou a hora de integrar as vozes de jovens de forma mais significativa em processos de decisão a todos os níveis.

Em todo o mundo, existe um crescente reconhecimento da necessidade de reforçar as políticas e investimentos que envolvam os jovens. No Dia Internacional da Juventude, apelo aos governos, ao setor privado, à sociedade civil e às universidades que abram as portas aos jovens e reforcem parcerias com organizações lideradas por jovens. A juventude pode determinar se nesta era nos movemos em direção a um maior perigo ou em direção a uma mudança positiva. Vamos apoiar os jovens do nosso mundo para que eles se tornem adultos que criam gerações de líderes ainda mais produtivos e poderosos.»

Mensagem do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, alusiva ao Dia Internacional da Juventude – 12 de agosto de 2012.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

4º Congresso Iberoamaricano de Animação Sociocultural



A Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural através do Nodo RIA Uruguai organiza o 4º Congresso Iberoamaricano de Animação Sociocultural, de 1 a 4 de novembro de 2012, na cidade de Montevideo, República Oriental do Uruguai. A temática em discussão estará centrada na educação e no desenvolvimento comunitário.

As linhas de intercâmbio, debate e reflexão, partilhadas em conferências, ateliers, cursos, intervenções urbanas, espetáculos e tertúlias, assentará nas seguintes diretrizes: 

- A animação sociocultural e a construção da cidadania e sentido coletivo. Diversidade – multiculturalismo geracional.
- A animação sociocultural e a sua articulação com a educação popular, a educação social e a educação não formal, a recreação e o desporto.
- A animação sociocultural e o desenvolvimento comunitário: fazer a criação de cenários de proximidade relacional. A cultura, o seu desenvolvimento e a criação de consciência cidadã.
- A animação sociocultural e o seu papel na transformação social com ênfase na luta contra a pobreza e a exclusão social.
- A animação sociocultural como referente científico e académico do diálogo social, comunitário e educativo.
- A animação sociocultural na construção de acessibilidade para todas e todos: possibilidades educativas de articulação em diferentes tempos e espaços.

Divulgar experiências e conhecimentos de animação sociocultural dos paises que constituem o espaço iberoamericano; contribuir para a consolidação da animação sociocultural como uma prática concebida desde um marco ético, político e estético, que pode e deve contribuir para a formação de cenários e territórios sociais, culturais e comunitários saudáveis e solidários; contribuir para o desenvolvimento da animação sociocultural nos campos académico, político e comunitário, práticas de socialização e investigações que fundamentem os processos socioeducativos, culturais e populares com especial ênfase no contexto iberoamericano; e gerar oportunidades para a discussão e partilha de ideias sobre propostas e projetos de animação sociocultural, educação não formal e educação popular no território iberoamericano são alguns objetivos do congresso.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um excelente exemplo de trabalho em rede de instituições sociais

Dia dos Avós: Bragança está a preparar manual da animação sénior

Os responsáveis por instituições de várias aldeias do concelho de Bragança querem tornar os dias dos idosos nos lares mais ativos e animados, com um projeto que contempla a publicação de um guia para motivar a atividade sénior.
A ideia nasceu de uma lacuna detetada pelos centros paroquiais de Santa Comba de Rossas, Santo Estêvão, Pinela, São Roque e Salsas, que concluíram existirem poucas atividades destinadas a idosos, ao contrário do que acontece com outras faixas etárias, como jovens e crianças.
Segundo explicou hoje à Lusa João Carlos Estevinho, o responsável pelas instituições em causa, no âmbito do trabalho em rede que têm desenvolvido decidiram avançar com um estudo/projeto de animação sénior à procura de formas de "motivar a atividade, conhecendo o envelhecimento".
O projeto, de acordo com o responsável, procura "ir ao encontro do gosto dos idosos" e descobriu que os jogos tradicionais assumem-se como uma motivação comum aos cerca de 20 idosos que estão a participar na fase de estudo.
"Os lares, às vezes, são uma pasmaceira, porque há pouca coisa adaptada à nossa realidade e a ideia é criar motivação a partir de algo muito conhecido dos nossos idosos, que são os jogos tradicionais, como a malha, o fito ou de mesa", afirmou.
Com estas atividades pretendem contribuir "para o bem-estar, a recuperação dos idosos e ajudar a retardar o processo de envelhecimento e de patologias limitadoras".
Desde o início do ano que uma equipa composta por seis técnicos superiores e o presidente das instituições efetuaram estudos sobre motivação e conhecimento do processo de envelhecimento e jogos tradicionais e outros, associado ao trabalho que realizam em lares de idosos e serviços de apoio domiciliário.
Os promotores comemoram hoje o Dia dos Avós com atividades integradas no projeto, que, durante os meses de julho e agosto, têm em curso os jogos em oficinas de animação, "para verificação da adequabilidade destes ao bem-estar e progresso individual e coletivo, bem como ao retardar do processo degenerativo, proveniente de algumas patologias associadas à idade".
João Carlos Estevinho garantiu à Lusa que os "resultados são animadores".
O estudo deve estar concluído em setembro e até ao final do ano esperam reunir num livro as conclusões.
O propósito é disponibilizar a outras instituições congéneres "um contributo, um instrumento", para motivarem a atividade e animação sénior.
As receitas deste novo manual para o envelhecimento ativo servirão para ajudar a financiar as atividades destas instituições dedicadas aos seniores.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Revista Quaderns d’ Animació i Educació Social

Está disponível o número 16, da Quaderns d’ Animació i Educació Social. Esta publicação semestral tem como principal público os agentes da animação sociocultural, da educação popular e da educação social, bem como, o mundo universitário.

O número agora publicado conta com uma colaboração portuguesa. A prof. Sónia Alexandre Galinha assina o artigo «Los Factores de Sostenibilidad Social en la Educación – La Dinámica Intersubjetiva de la Era de la Globalización».

«LA ANIMACIÓN SOCIOCULTURAL. DE LA MILITANCIA TRANSFORMADORA A LA ACCIÓN SOLIDARIA Y LIBERADORA» é o ensaio editorial da responsabilidade do editor da revista, o prof. Mario Viché. «Las acciones de Educación para el Desarrollo como manifestaciones de Animación Sociocultural» é outro trabalho que destaco é assinado por Mª Dolores Atienza Ibáñez.

domingo, 8 de julho de 2012

A função social e cívica da animação cultural de Fernando Namora

O capítulo «Cultura e animação cultural» da obra a nave de pedra cadernos de um escritor originou em mim, uma deambulação por realidades comunitárias reais e atuais, que à luz da escrita de Fernando Namora são um retrato político, social e cultural, resultado de um projeto político-partidário, mas que carecem de sustentabilidade em matéria de participação da comunidade e de um projeto cultural capaz de ser agregador de uma agitação intelectual e artística, ou seja, construi-se os equipamentos mas falta-nos o essencial, a comunhão comunitária do projeto. É urgente educar para a cultura, é preciso que as pessoas voltem a sentir o pulsar do ser comunidade.

É com preocupação que observo o mapa geográfico do sociocultural e perceciono que nós, talvez, enquanto comunidade, não somos capazes de gerar na nossa espontaneidade individual e coletiva mecanismos de revitalização de dinâmicas de festividade, de socialização capazes de produzir na agitação do pensamento e da ação, produtos culturais, ou revitalizar alguns que pela incúria dos homens ou na sua finita inteligência julgaram ser «coisas» do primitivo «homo sapiens». Porque não, projetar com e para a comunidade um programa de salvaguarda da cultura popular, porque é neste universo de símbolos e de rituais que estão as nossas raízes identitárias e o nosso simbólico cosmos. Houve um plano de realizações de espaços para a cultura, mas esquecemo-nos de provocar um processo de educação comunitária para um quadro sociocultural e político que privilegie as diversas expressões e manifestações da cultura, ou talvez, deixamos que outros se encarregassem desse empreendimento,

A cultura é a bússola que orienta o espírito humano. O homem deve ser educado para o que é a cultura, respeitando a sua diversidade e salvaguardando as muitas expressões peculiares e identitárias da matriz cultural de um povo. Em que sentido pode a animação cultural contribuir para a consciencialização dos indivíduos em matéria de promoção da cultura, em especial da cultura popular? Que lugar tem a cultura no projeto político de um município ou de uma região? Celebrar a festa, a cultura de um povo não é só promover espetáculos e festivais. É valorizar as memórias na celebração da cultura local, é privilegiar o que demarca um povo dos outros, é projetar para o exterior a riqueza cultural e patrimonial, promovendo um destino de turismo cultural.  

A gestão administrativa do território não pode ser oposição à manutenção de rituais comunitários, como fonte de produção da cultura popular. A animação cultural tem um papel tão necessário como urgente na salvaguarda e na manutenção das redes de sociabilidade comunitária. As casas da cultura e outros equipamentos comunitários são recursos que precisam de um projeto de dinamização sociocultural mas é fundamental que a comunidade local seja parte integrante e ativa da dinâmica. As palavras escritas por Fernando Namora continuam atuais e são de uma inteligência social e cívica sobre a qual, devemos refletir e depois agir, cabalmente.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A animação cultural na escrita de Fernando Namora

«CULTURA E ANIMAÇÃO CULTURAL

(…)

Que é, pois, verdadeiramente cultura, cuja noção importa definir e incutir, para que as pessoas a sintam onde quer que residam, onde quer que sonhem e lidem, onde quer que lutem, seja aonde for que se exprimam como células vivas do tecido social? A definição não é fácil precisamente porque terá de incluir tudo o que diferencia a existência como simples função económica-fisiológica da existência como acto participante e criador – um canto profundo que irrompe de cada um de nós, indivíduos, e de uma sociedade enquanto organismo solidarizado no intercâmbio desses impulsos singulares.

A cultura será, por conseguinte, uma certa maneira de nos situarmos no mundo, interrogando-o, interpretando-o e refazendo-o, de nos dispormos no xadrez gregário, uma certa maneira de conceber o trabalho, os lazeres e a fruição de tudo isso, uma certa maneira de apreender a novidade e de a legar, já transfusionada, aos que receberão de nós um universo inevitavelmente modificado.

Nada, pois, menos passivo que cultura. Todo o fenómeno cultural pressupõe alvoroço e adesão fecundamente às coisas e aos seres – deles e delas recolhendo as linfas que, após subtis alquimias, irrigam o que de mais vital existe na trama colectiva. Nada menos passivo e nada menos aristocrático. Sabe-se, aliás, que é nas épocas de crise, quando o homem joga astuciosamente com a sua esterilidade e o seu desespero, que se propõe uma cultura amaneirada, de difícil acesso, que, como todo o cerimonial ofuscador, não tem verdade nem tem fé.

O camponês que inventa uma dança ou uma cantiga referentes ao seu mundo de anseios e labores, o pastor que, nas horas solitárias, esculpe bichos, objectos ou figurantes do seu agro, o aldeão que representa um auto tradicional e lhe acrescenta a sua perspectiva das paixões, o citadino que pratica desporto num estádio, a criança que traduz, num desenho, uma cena familiar – todos eles fazem cultura, e fazem-na, sobretudo, se cada um desses actos for diverso dos que, no tempo e no espaço, de algum modo se lhes assemelharam.

Porque é justamente na diversidade, e não na obediência a um figurino, que os valores culturais o são como tal e oferecem ao homem a chave da adaptação, o mesmo que dizer: da sobrevivência. Políticos, sociólogos, economistas, são agora unânimes em acusar de paralisadora a uniformidade para que tendíamos, reduzida a orbe, pela informação globalizada, às dimensões de uma vitória, em que os acontecimentos e a instantânea reacção por eles provocada eram impostos aos homens de qualquer lugar e de qualquer contexto. O apelo, agora, mostra timbre bem distinto: é dirigido ao que existe de específico em cada povo, em cada agregado, em cada indivíduo, repositório decantado de experiências acumuladas, que a prática a todo o momento reformula, pois essa especificidade revela-se muito mais capaz de agir positivamente sobre o mundo, de integrar as verdades novas, de rectificar as desigualdades, do que a artificial padronização de um estilo de vida.

(…)

A animação cultural, portanto, nesta fase de rudimentarismo das populações, deveria ter em vista fundamentalmente a sensibilização dos espíritos aos seus próprios valores. Ensinar as pessoas a servirem-se dos seus sentidos, a entenderem, a interferirem, a reconhecerem, afinal, o significado e a relevância dos actos que as testemunham. Como escreveu Michel Guy: "dar ao público os meios de se identificar." O convívio com obras de arte, a romagem a monumentos e museus, a organização de exposições, palestras, festivais. de pouco valem, ou o seu vinco será efémero, se as pessoas se sentirem de "fora", se não tiverem sido gradual e insistentemente preparadas para um desfrute genuíno. Daí que a cultura, para ser assumida e dinamizada, precise dos veículos mais diversos. E não dispense nenhum dos domínios da actividade humana, a escola, a oficina, o recreio. Em todos eles deverá erguer-se uma antena que capte e transmita esse estremecimento pujante que vibra num povo inteiro quando tem alguma coisa a escutar e a dizer-nos.

Educar, revelar, adestrar o gosto. Mas, primeiro que tudo, incitando as iniciativas espontâneas dos interessados. De contrário, desenharemos abstracções num papel impávido, edificaremos templos mortos, como parece ter sucedido à amioria das Casas de Cultura com que muitos países, ditos civilizados, julgaram satisfazer as necessidades culturais  dos cidadãos.»

In a nave de pedra cadernos de um escritor

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Receção de trabalhos para o próximo número da revista «Práticas de Animação»

A revista «Práticas de Animação» é um projeto editorial que tem como objetivo gerar espaços de reflexão e discussão sobre a animação sociocultural, através das suas diversas práticas educativas e culturais, possibilitando desta forma que animadores e outros agentes possam contribuir ativamente para a afirmação de novos projetos no âmbito das práticas de animação sociocultural. Uma das linhas mestras da revista é disponibilizar aos leitores, em particular, aos animadores um conjunto de investigações, relato de experiências e artigos de opinião sobre temáticas como a animação, o lazer e a recreação, o desenvolvimento comunitário, os tempos livres, a pedagogia e a educação social, entre outros temas. Este é um projeto editorial assinado «pela universalidade de temas e pensamentos verbalizados pela escrita, reflexões de investigadores e acções de Animadores protagonizadas nas muitas perspectivas do que é a Animação e em que contextos podem intervir».

A «Práticas de Animação» é uma revista eclética, aberta à participação de todos os interessados. É graças ao contributo de todos aqueles que solidariamente têm contribuído para a sustentabilidade deste projeto, participações que para nós têm um grande significado e que são reveladoras da premência desta publicação no contexto da reflexão sobre as teorias e as práticas da animação sociocultural.

Convidamos todos os interessados em colaborar no próximo número da revista (a editar em outubro de 2012), a remeterem os seus trabalhos para o e-mail del.madeira@apdasc.com até final do mês de setembro próximo. Este é um projeto aberto à participação dos animadores, dos académicos e de todos os investigadores cuja atividade se cruza com os campos multidisciplinares da animação sociocultural.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O reconhecimento do papel dos animadores socioeducativos pelos organismos europeus (II)

Os paradigmas de desenvolvimento cultural, social e económico estão num processo de conversão e de sedimentação em novos modelos de crescimento sustentado nos recursos comunitários endógenos. O trabalho com os jovens também deve buscar outros paradigmas de intervenção.

Os animadores socioculturais ou socioeducativos têm a responsabilidade ética e um compromisso com os grupos, no sentido de provocarem com eles processos participativos de desenvolvimento de um conjunto de estratégias de trabalho e de consciencialização no seio das organizações de juventude para um trabalho que é prioritário desenvolver em vários setores de atividade, nomeadamente, no emprego, porque os números são chocantes ao nível do desemprego jovem, agora sim, falemos de empreendedorismo e de projetos inovadores dinamizados por jovens. O nosso país precisa urgentemente da alma e da vitalidade da juventude, ele precisa do contributo ativo de todos. Os animadores têm responsabilidades na dinâmica de outros processos de desenvolvimento e de participação. Não deixemos o futuro da juventude e das nossas regiões, apenas, nas mãos dos decisores políticos.

A implementação das políticas de juventude têm que assumir um caráter transversal e a animação socioeducativa é o eixo transversal à ação política com o objetivo de convocar os jovens para a participação ativa e responsável nas decisões que lhes dizem diretamente respeito. O Comité Económico e Social Europeu defende que «Os jovens devem estar no centro da estratégia. O trabalho de animação socioeducativa e a participação em estruturas para a juventude constituem a forma mais eficaz de chegar até eles. Assim, a avaliação e a melhoria da qualidade do trabalho de animação socioeducativa devem ser uma prioridade.» (2009).

O reconhecimento do papel dos animadores socioeducativos pelos organismos europeus é um marco indelével do exercício da animação em contextos de educação não formal, como é as associações de juventude, espaços de promoção da cidadania ativa, mas também, de outras estruturas de decisão que são importantes instrumentos democráticos de participação e decisão dos jovens. Este reconhecimento precisa de concretizar-se no contexto nacional e regional. Os animadores têm que desenvolver estratégias que provoquem o reconhecimento do papel da animação sociocultural ou socioeducativa nas estruturas de juventude, o valor do desenvolvimento de projetos com os jovens para a concretização de estratégias de inclusão social e de competências reais experienciadas no quotidiano.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

O reconhecimento do papel dos animadores socioeducativos pelos organismos europeus (I)

A designação «animadores socioeducativos» é o termo comum do trabalho realizado com jovens, conceito utilizado no n.º 2, do artigo 149ª do Tratado da União Europeia. A Comissão das Comunidades Europeias no documento «Uma Estratégia da EU para a Juventude – Investir e Mobilizar – Um método aberto de coordenação renovado para abordar os desafios e as oportunidades que se colocam à juventude» (2009), reporta a animação socioeducativa para o campo da educação não formal. A animação socioeducativa «…é uma forma de educação realizada fora da escola por profissionais ou voluntários no contexto de organizações de juventude, entidades autárquicas, centros de juventude e paróquias…», um trabalho com jovens que contribui para o seu desenvolvimento.

A Comissão reconhece a transversalidade e o alcance de possíveis estratégias de ação desde a animação socioeducativa, enquanto, trabalho não formal mas que precisa de uma maior profissionalização como resposta social e política em áreas passíveis de serem matérias de discussão e objeto das políticas de juventude, como o insucesso escolar, a exclusão social, o desemprego, a ocupação dos tempos livres, entre outros fenómenos sociais e culturais quotidianos para os quais, urge encontrar respostas capazes de inverter uma escala de crescimento de fatores de exclusão social com níveis seriamente preocupantes na nossa sociedade.

O papel da animação socioeducativa deverá estar no centro das políticas de juventude dos estados-membros, uma ideia fortemente sublinhada pelos organismos europeus e expressa nos respetivos pareceres. A triangulação – educação não formal, organizações de juventude e trabalhadores socioeducativos (leia-se animadores) – são elementos chave para o sucesso da aproximação dos jovens e da sua participação ativa e consciente nas tomadas de decisão em matéria de políticas de juventude; políticas que não podem ser discutidas de forma isolada e como medidas avulsas, pelo contrário, elas têm de ser parte integrante de um manifesto social global e inclusivo.

A educação não formal como complemento da educação formal concretiza-se numa pedagogia da ação, da consciencialização e dinamização das potencialidades individuais e coletivas dos jovens, pois, o trabalho de animação socioeducativa tem que traduzir-se na tomada de consciência da juventude para a sua própria realidade.  

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lançamento do livro «Animação SocioEducativa e Democracia Participativa»

Animação SocioEducativa e Democracia Participativa é a mais recente obra editada pela Plataforma de Animadores SocioEducativos e Culturais (PASEC), que será lançada no próximo dia, 1 de junho, pelas 21h, no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão. A apresentação do livro estará a cargo do arq. Armindo Costa, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, e contará com a presença do diretor da Agência Nacional para a Gestão do Programa Europeu «Juventude em Ação», dr. Pompeu Martins.


A PASEC organizou recentemente, e pela quinta vez, o Encontro Europeu de Jovens Animadores, este ano com duas edições, uma em Famalicão e outra na Madeira, esta última, numa parceria com a Associação Insular de Animação Sociocultural (AIASC),  que envolveram mais de 300 jovens animadores e agentes educativas. Na Madeira foi feito o pré-lançamento da obra Animação SocioEducativa e Democracia Participativa. O livro «retrata os meandros da Democracia Participativa (sobretudo no contexto juvenil) e a sua relação com as dinâmicas de Animação SocioEducativa, sendo que são dados exemplos reais e concretos destas mesmas dinâmicas.»

A obra é coordenada pelo mestre Abraão Costa da PASEC e Cooperativa de Ensino Didáxis, e inclui a participação do prof. doutor Fernando Ilídio da Universidade do Minho, a prof. doutora Ana Piedade do Instituto Politécnico de Beja, o prof. Luís Bessa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, de Albino Viveiros, presidente da Associação Insular de Animação Sociocultural e do mestre Rui Fonte, professor e autor da obra «Formação dos Animadores SocioCulturais», entre outros.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A cultura e o turismo

A relação entre a cultura e o turismo não pode estar restrita ao discurso de circunstância, antes, ela deverá estar alicerçada no desenho de programas de políticas de desenvolvimento económico sustentável nos ativos culturais da região, procurando revelar a riqueza do património cultural imaterial do seu povo. Os paradigmas de desenvolvimento económico em que ainda assenta a ideia de desenvolvimento económico e consequente criação de riqueza é a idealização de um modelo errado, efémero e de curto prazo, retumbando todo o crescimento num enorme vazio.

As políticas para o turismo não poderão estar sustentadas em produtos turísticos que outros destinos concorrentes oferecem a valores low cost. O património cultural imaterial de uma comunidade é um recurso endógeno sustentável que precisa de ser rentabilizado cultural e economicamente. É da cooperação das entidades responsáveis pelas políticas públicas do turismo com o setor privado que deverá emergir uma política comum de valorização das culturas como potencial de crescimento e afirmação de um destino turístico-cultural perspetivado como alavanca para a promoção das economias local e regional. A atual crise económica e financeira é uma janela de oportunidades para valorizarmos a atividade cultural, mas não poderá deixar de sê-lo, quando o país recuperar a sua credibilidade em matéria de disciplina orçamental e retomar o crescimento económico.

Os ativos culturais da região são produtos turísticos pouco rentabilizados do ponto de vista da estratégia de afirmação e consolidação de um turismo cultural capaz de contribuir para o crescimento das microeconomias, com a criação (in)direta de empregos ligados ao setor turístico. Os responsáveis pela administração do território têm que olhar a região como um território cultural, cooperarem no desenvolvimento de uma política de desenvolvimento cujo paradigma não pode estar assente na economia do betão, mas sim, na imaterial, a economia da cultura.

O paradigma do desenvolvimento turístico tem de privilegiar a paisagem cultural, uma riqueza humanizada por séculos de história construída na relação do Homem com a natureza, na sua relação quotidiana com os lugares e na afirmação da memória e identidade coletivas. Hoje precisamos de novos itinerários económicos. A palavra de ordem é planificar outros modelos de desenvolvimento que calcorreiem os nossos itinerários socioculturais, um trabalho cooperativo do setor público e do privado. O setor cultural tem um valor económico significativo e esse dado deve impulsionar-nos para que a planificação de uma política de turismo cultural valorizadora das valores comunitários e do património cultural imaterial, e não apenas, um turismo de sol e praia.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

«A Animação Sociocultural como Resposta à Crise»

O Encontro Europeu de Jovens Animadores (ENEJA) que se realizou na Madeira, nos dias 26, 27 e 28 de abril, numa organização da PASEC – Plataforma de Animadores SocioEducativos e Culturais, AIASC – Associação Insular de Animação Sociocultural, Escola Profissional Atlântico, Escola Profissional CIOR e da cooperativa social italiana TOTEM foi um espaço de participação ativa de animadores e estudantes dos cursos profissionais Animador Sociocultural, Técnico de Apoio Psicossocial e da licenciatura em Ciências da Educação sobre temáticas que precisam de ser exercitadas pela reflexão e discussão coletiva a partir das realidades concretas do quotidiano das comunidades locais.

A «Animação SocioCultural e Democracia Participativa», «Animação SocioCultural e Insucesso Escolar» e «Animação SocioCultural e as Ultraperiferias» foram conferências dinamizadas pelos jovens animadores. Uma palavra de estímulo às animadoras insulares que prestaram a sua colaboração para a temática da animação e ultraperiferias possibilitando a partilha de inquietações e de desafios permanentes que em última análise, também poderão ser um contributo da animação sociocultural como resposta à crise de valores democráticos, das micro economias, do humanismo e da participação. A animação territorial esteve em foco na conferência da Prof. Doutora Ana Piedade, docente no Instituto Politécnico de Beja, instituição onde exerce funções diretivas na licenciatura em Animação Sociocultural. Apenas salientar que a participação da Prof. Ana Piedade no ENEJA aconteceu ao abrigo do protocolo de cooperação entre o Instituto Politécnico e a AIASC.

O Encontro Europeu de Jovens Animadores teve como objetivo discutir e divulgar a animação sociocultural e educativa no contexto europeu, dando voz às dezenas de projetos de animação em Portugal, com especial incidência para os realizados por jovens animadores. O ENEJA promoveu o protagonismo dos jovens animadores porque são eles os dinamizadores do processo, ou seja, foram os responsáveis pela dinamização das conferências, de parte dos workshop’s e da noite intercultural. Neste encontro os investigadores e académicos foram espetadores atentos e críticos. Foi uma iniciativa de jovens animadores para animadores e para outros profissionais das ciências da educação e das ciências sociais.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

«Cidadania Cultural», uma dinâmica de reflexão e de aprendizagem

O «Cidadania Cultural» é um programa radiofónico semanal emitido pela Rádio Zarco para o Concelho de Machico, cuja responsabilidade da produção editorial é minha desde o momento que abordamos os possíveis conteúdos do programa. É fundamental olhar em retrospetiva o «Cidadania Cultural», fazer uma análise transversal que procure refletir as dinâmicas sociais e culturais locais e desenhar possíveis linhas de ação para o exercício de uma outra cidadania comprometida com o local. O programa tem permitido a discussão de temáticas estruturadas a partir das realidades do município, procurando envolver nesta dinâmica de discussão num ambiente não formal, porque esta é uma das características fundamentais do «Cidadania Cultural», mas, sem nunca abandonar os eixos pedagógico e cívico que, pessoalmente, penso que deverão sustentar os conteúdos editoriais.

As rádios locais são estruturas dinâmicas que podem ser um contributo relevante para as práticas de animação sociocultural. As rádios são percecionadas como equipamentos alheios ao processo sociocultural e não, como recurso importante nas dinâmicas da animação comunitária, no sentido, da produção de programas focalizados na matriz identitária e cultural da comunidade e que requeiram o envolvimento ativo dos atores sociais através do exercício da cidadania ativa traduzida nas vivências quotidianas da sociedade civil. A reflexão e discussão de temas do foro educativo, cultural e social assumem um papel primordial na dinâmica relacional com as organizações e agentes que diariamente intervêm nos territórios com as comunidades.

O «Cidadania Cultural» tem contribuído positivamente para um olhar mais crítico e atuante sobre o território cultural e as suas gentes; na promoção do papel que as associações desenvolvem na promoção e democracia culturais, um trabalho quotidiano e de muitas aprendizagens assentes em processos de educação não formal. A escola enquanto instituição que prepara crianças e jovens para assumirem o seu papel como cidadãos continua a ser um dos atores da mudança social e que entendo ser fundamental discutir com responsabilidade sobre o papel que ela poderá protagonizar perante os problemas que a sociedade enfrenta no século XXI. Não posso deixar de referir a iniciativa cidadã que contribui para elevar a qualidade da participação dos cidadãos na vida cultural comunitária, respostas concretas e empreendedoras para problemas coletivos; uma palavra sobre a ação política municipal porque é necessário que os cidadãos também conheçam de forma mais pormenorizada o posicionamento estratégico dos órgãos de gestão municipal sobre temas vitais para a dinamização cultural, económica e educativa do tecido comunitário.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O enquadramento legal do exercício da animação com pessoas idosas institucionalizadas

A Portaria n.º 67/2012 de 21 de março, define as condições de organização, funcionamento e instalação das estruturas residências vocacionados para os idosos, caracterizadas por serem um alojamento coletivo, de utilização temporária ou permanente, onde são desenvolvidas atividades de apoio social e de cuidados de enfermagem. A legislação lista os serviços de apoio a serem prestados aos utentes destes equipamentos, nomeadamente, e entre outros, atividades de animação sociocultural, lúdico-recreativas e ocupacionais que visem contribuir para um clima de bem-estar dos residentes e na relação entre si, bem como para a estimulação e manutenção das capacidades físicas e psíquicas.

Em matéria de quadro de pessoal, a Portaria n.º 67/2012, diz que o equipamento social para pessoas idosas deve dispor no mínimo de «um(a) animador(a) sociocultural ou educador(a) social ou técnico de geriatria, a tempo parcial por cada 40 residentes;» (Artigo 12º, alínea a)), sendo da responsabilidade do diretor(a) técnico(a) da estrutura residencial «planificar e coordenar as atividades sociais, culturais e ocupacionais dos idosos.» (Artigo 11º, alínea d)). Há uma dualidade de critérios de seleção profissional, ou um desconhecimento dos perfis profissionais que por si é revelador de uma ausência de lucidez intelectual por parte de quem legisla em Portugal.

O legislador continua a manifestar um desconhecimento do perfil do animador e das suas competências técnicas e saber científico. Os animadores socioculturais continuam, irremediavelmente, agregados à família profissional dos agentes de trabalho social. Não basta figurar na legislação a exigência de contratação de um técnico de animação sociocultural é preciso ir mais além, é urgente trilhar outros caminhos na discussão e na «mediatização» das práticas de animação. É urgente que se trace um perfil comum do animador, é necessário que se uniformize um conjunto de disciplinas, até se necessário, que haja pressão junto dos decisores académicos, caso contrário, os animadores continuarão a ser descriminados e preteridos em função de outras profissões.

O Despacho Normativo n.º 12/98 de 25 de fevereiro estabelecia as normas reguladoras das condições de instalação e funcionamento dos lares para pessoas idosas, equipamento onde fossem desenvolvidas atividades de apoio social, nomeadamente, «alojamento coletivo, utilização temporária ou permanente, …, fomentando o convívio e propiciando a animação social e a ocupação dos tempos livres dos utentes.» (Norma I). O lar de idosos de acordo com o aludido Despacho Normativo deveria garantir e proporcionar aos utentes «A realização de actividades de animação sócio-cultural, recreativa e ocupacional que visem contribuir para um clima de relacionamento saudável entre os idosos e para a manutenção das suas capacidades físicas e psíquicas;» (Norma III, alínea d)). Em matéria de indicadores de pessoal a legislação exigia «Um animador social em regime de tempo parcial;» (Norma XII, alínea a)), mas era da responsabilidade da direção técnica a planificação e coordenação das atividades socioculturais, recreativas e ocupacionais dos idos.

O Despacho Normativo n.º 12/98 de 25 de fevereiro foi revogado pela Portaria n.º 67/2012 de 21 de março.

terça-feira, 27 de março de 2012

Mensagem do Dia Mundial de Teatro da Sociedade Portuguesa de Autores assinada por Urbano Tavares Rodrigues

Com confiança em 2012 para que a mensagem do Dia do Teatro torne possível viver com alegria e amor.

A arte da comunicação por excelência, desde as tragédias gregas que, com o apoio da música e da dança, comentavam o vivido e anunciavam o futuro, o teatro interage com os espectadores, chama-os a uma apaixonada participação, que se traduz em aplausos, outras vezes, raramente, em assobios e pateadas.

Quando a barreira entre o público e a plateia desaparece, consuma-se a vivência profunda do teatro.

É assim o espectáculo teatral um instrumento riquíssimo de educação colectiva e até de formação dos espectadores.

O seu interesse pedagógico e vital mantém-se na passagem à televisão e mesmo ao cinema mas não há como a presença física, corporal que confere ao teatro o seu poder educacional e político. Arte da polis, da cidade ou, em termos muito correctos de formação do ser humano.

O teatro, o teatro verdadeiramente popular, na mais nobre acepção da palavra, é, deve ser, um meio de formação, desalienante, que acautela o espectador contra a propaganda mentirosa de uma sociedade sem valores que visa aliená-lo, para o utilizar como coisa ao serviço de uma máquina triturante de falsos valores económicos.

Vem o teatro ao encontro do povo, que saberá amiúde e por ele, com ele, transformar a vida, torná-la mais bela, mais humana, mais digna de ser vivida com alegria e amor.

Tal é o desejo profundo de Urbano Tavares Rodrigues

Março 2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

Outras leituras


«Da democratização cultural à democracia cultural» assinado por Natércia Xavier, é o título de um artigo de opinião publicado num matutino regional que expressa uma clarividência sobre o papel primordial que a programação cultural desempenha na dinamização dos equipamentos e na consolidação dos projetos artísticos. Deste artigo quero sublinhar a visão global e comprometida da democracia cultural com o corpus comunitário. 

A crise atual traz oportunidades de mudança que passará por uma seletividade das políticas culturais sustentadas na participação comunitária, dos projetos culturais e artísticos com vocação para a educação dos públicos, para a cidadania cultural que exige autonomia de ação e de pensamento, implicando sempre as pessoas no processo e que não privilegie apenas o resultado.

Apraz-me reivindicar para os animadores socioculturais tais funções na dinamização de programas e projetos, mas, de uma forma incisiva e necessária os equipamentos culturais, nomeadamente, os centros cívicos e outros espaços para a cultura. Estes agentes, graças, à sua formação possuem ferramentas metodológicas de investigação social que possibilitam uma leitura e análise crítica das necessidades culturais da comunidade. Eles estão dotados de saberes teórico-práticos que lhe possibilitará trabalhar com as populações, envolvendo-as na dinamização cultural comunitária.

Num outro artigo intitulado «Gestão Cultural» da autoria de Nuno Morna é defendido a urgência de um «verdadeiro curso de Gestão Cultural», onde sugere um conjunto de possíveis disciplinas. Sobre o curso de mestrado em gestão cultural lecionado na Universidade da Madeira apenas referir que uma leitura um pouco mais atenta e crítica ao plano curricular do mestrado será suficiente para que cada agente cultural possa formar a sua própria opinião ou até tomar consciência da muita oferta formativa que o ensino superior em Portugal disponibiliza aos cidadãos. 

Por outro lado, parece-me que o aludido artigo revela algum desconhecimento da formação académica dos animadores socioculturais e das muitas instituições, como saídas profissionais capazes de absorver nos seus quadros os profissionais da animação. É urgente, sim, começarmos a valorizar os animadores socioculturais e possibilitar uma maior intervenção autónoma e sustentada na comunidade.