quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Votos Natalícios

Vivemos um tempo de esperança, de (re)encontro, de partilha de valores e sentimentos generosos que nos alimentam a alma e fortalecem a dignidade de seres humanos; partilhamos afetos e ansiamos pela paz no mundo. 

Os valores da solidariedade são fecundos e prósperos no tempo da Natividade.

Faço votos para que sejamos capazes de alimentar a esperança solidária em 2015, numa ação coletiva que não pode apenas alimentar-se de palavras e morrer na vontade de tentar fazer algo, antes deverá alimentar e fortalecer as nossas ações em prol da mudança, com sentido firme de que é pelo coletivo que a mudança acontece.

Votos de um feliz e Santo Natal!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

XXI Congresso Internacional de Animação Sociocultural


«Cooperação, Desenvolvimento e Futuro» é o tema do XXI Congresso Internacional de Animação Sociocultural organizado pela Associação para o Desenvolvimento da Animação Sociocultural (APDASC), nos dias 20 e 21 de novembro de 2015, na Ericeira.

O tema global do congresso vai de encontro à decisão do Parlamento Europeu e do Conselho que aprovou o ano 2015, como Ano Europeu da Cooperação para o Desenvolvimento, com o lema «O nosso mundo, a nossa dignidade, o nosso futuro». Entre os objetivos do Ano Europeu destaque para o «Fomentar a participação direta, o pensamento crítico e o interesse ativo dos cidadãos da União e dos interessados na cooperação para o desenvolvimento, inclusive na formulação e execução das respetivas políticas».

O XXI congresso de animação sociocultural tem como temas: o desenvolvimento humano; as políticas de desenvolvimento da União Europeia; a discriminação em razão do género; as práticas de animação sociocultural no âmbito da cooperação para o desenvolvimento, e os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). 

Entre os objetivos do congresso destacamos os seguintes: celebrar 2015 como o Ano Europeu da Cooperação para o Desenvolvimento; fomentar a cooperação para o desenvolvimento humano e a realização do ser humano em todas as suas dimensões; sensibilizar para a orientação da política atual da União Europeia; promover programas de animação sociocultural que contribuam para a luta contra a discriminação em razão do género, superar estereótipos e eliminar obstáculos em matéria de acesso à educação e ao emprego; identificar e divulgar boas práticas de animação sociocultural no campo da cooperação para o desenvolvimento.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Animação sociocultural, didática da participação

Não basta (des)envolver. É preciso educar para a participação.

A participação não pode ser reduzida a um chavão em animação sociocultural, ou seja, não basta afirmar e sublinhar a importância da participação cidadã nos processos, antes, terá que haver uma cultura da participação democrática e horizontal, que nasça das bases e do envolvimento responsável e consciente do grupo.

A participação pressupõe um processo de maturação da cultura democrática, de diálogo construtivo e horizontal, de aprendizagens permanentes, de empoderamento individual e coletivo.

A animação sociocultural como didática da participação é o eixo central de um processo de aprendizagem, de facilitação de ferramentas e de métodos para a participação comunitária. Precisamos de refletir a animação enquanto metodologia de intervenção social, cultural, educativa e cívica, partindo do pressuposto de que a animação é o suporte do exercício da política cidadã.

Entendemos que os animadores socioculturais na prossecução da ação individual e colectiva devem privilegiar o princípio da educação no século XXI defendido pela UNESCO. Este princípio está alicerçado em quatro pilares fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Aprender a conhecer implica um olhar extramuros, ou seja, aprender a ler e a interpretar os sinais dos tempos, as micro realidades sem excluir as macro realidades, pois há muito que vivemos no mundo global. A aprendizagem do conhecimento exige um olhar analítico, crítico e problematizador que busca soluções a partir da sua própria resiliência e dos colectivos.

O aprender a fazer é um desígnio cidadão, do qual os animadores socioculturais são os baluartes deste princípio educativo, incluindo os outros três. O empoderamento das comunidades também se faz pelo processo educativo não formal, munindo-os de ferramentas que viabilizem os indivíduos a serem os protagonistas da transformação social, da projecção da sua identidade enquanto comunidade e da sua emancipação sociopolítica.

Ser cidadão é ter voz e liberdade de intervir na vida comunitária como resultado de um processo de consciencialização e de aquisição de competências socioeducativas que fortaleçam as dinâmicas de aprendizagens participativas.

Aprender a viver juntos apela para o princípio da multiculturalidade e da tolerância, para os valores da promoção da paz, da dignidade humana e da democracia. O respeito pelo outro aloca um conjunto de valores humanos e princípios inquestionáveis na ação transformadora. A animação sociocultural deve promover sempre o diálogo aberto, pacífico e enriquecedor entre os povos, entre culturas distintas e longínquas. Aprender a viver juntos é um desígnio permanente e o pilar mais arrojado da educação no século XXI.

Aprender a ser é um processo de aprendizagem comum que encerra os três pilares anteriores. Este princípio educativo evoca a autonomia do sujeito, o ser cidadão num mundo global e multicultural, implica o vigor da resiliência face à complexa realidade social envolvente que exige múltiplas leituras e ações transformadoras e apaziguadoras.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Autenticidade, identidade e participação em turismo

O turismo enquanto fenómeno social, cultural e económico tem que assentar em políticas públicas que cruzem as diferentes áreas de ação governativa. 

A definição de políticas de turismo não pode ficar à mercê de interesses associativos e privados, pelo contrário, deverá resultar da sinergia do trabalho em rede das entidades públicas e privadas, de linhas estratégicas de intervenção sustentadas na tríade autenticidade, identidade e participação. As políticas locais de turismo não podem ser desenhadas à revelia de um contínuo processo participativo de consciencialização da comunidade para o fenómeno turístico, para a sua importância económica e para as consequências sociais e culturais que advêm do desenvolvimento turístico sobre o território e as comunidades local e visitante. 

Em turismo a autenticidade é a palavra de ordem. É errado e contra natura oferecer um produto turístico que não detenha o selo da autenticidade do lugar. A criação de artificialismos e de recriações imaginadas em nada contribui para a diferenciação do destino, para a afirmação do território e dos seus ativos socioculturais, para a sustentabilidade turística do território e o envolvimento das comunidades num processo que deverá ostentar o selo da autenticidade e da identidade cultural do lugar e das suas gentes.

Uma política local de turismo deverá estar sustentada no diálogo e no compromisso comunitário ou seja, envolver a sociedade civil em torno de um objetivo comum: a definição de um segmento que tenha correspondência prática e sustentável na participação comunitária, e que possua identidade genuína. 

A criação de uma «marca» resulta de um longo e apurado processo de intervenção multidisciplinar que deverá ser transversal às políticas públicas em diferentes áreas, passando pela cultura, a educação, a economia, o social, os transportes, entre outros domínios de ação. É o resultado de um trabalho de investigação e de recolha das memórias coletivas, de trabalho educativo com a comunidade sobre o seu património cultural material e imaterial, é o resgate da história e da cultura dos lugares e das pessoas.

Entendemos que a autenticidade e a afirmação da identidade turística de um território e consequentemente, dos produtos turísticos resulta da investigação, recuperação, conservação e divulgação dos ativos culturais, de um contínuo processo de educação formal e não formal para o turismo, do envolvimento participativo da comunidade para que esta contribua ativamente na implementação das políticas turísticas.

sábado, 20 de setembro de 2014

I Congresso Internacional «As Artes na Educação»



A Intervenção - Associação para a Promoção e Divulgação Cultural organiza o I Congresso Internacional «As Artes na Educação», nos dias 14, 15 e 16 de novembro de 2014, em Amarante.

O congresso está dividido pelos seguintes painéis temáticos:

- O cinema/Multimédia na Educação
- As Artes Plásticas na Educação
- Educação Comunitária e Intervenção Artística
- O Teatro na Educação
- A Dança na Educação
- A Música na Educação
- Artes Performativas na Educação
- Animação Artística e Educação



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A propósito das recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania»

Algumas das recomendações veiculadas no estudo «Cultura, Formação e Cidadania» suscitam uma reflexão cuidada.

A nossa apreciação sustenta-se na recomendação que propõe a criação de medidas de estímulo ao desenvolvimento de projetos artístico-culturais de base formativa; o reforço das artes e da cultura no meio escolar; e o aumento das oportunidades de formação-ação direcionadas aos docentes e educadores nos domínios da criação artístico-cultural.

O Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura foi aprovado pelo Despacho conjunto n.º 834/2005, de 4 de novembro de 2005, entre os ministérios da Educação e da Cultura. Este Despacho possibilita que as entidades da área da educação (agrupamentos de escolas e/ou escolas não agrupadas) e da área da cultura (museus palácios, monumentos, sítios arqueológicos, equipamentos culturais, …) possam desenvolver projetos em espaços escolares e ou em espaços de cultura, pressupondo sempre uma articulação entre entidades das duas áreas. O Programa alavanca o envolvimento de docentes e alunos e a potencialização de pontes de cooperação entre a Escola e os espaços de cultura.

O Programa  de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura contempla a possibilidade de parceria com câmaras municipais, juntas de freguesia, associações de pais, ATL’s, associações locais de defesa do património, associações de amigos de museus e outras entidades com experiência no âmbito das atividades educativas ou culturais.

A análise, avaliação e aprovação das propostas de adesão ao Programa, e o acompanhamento da execução do mesmo, é responsabilidade das comissões regionais de operacionalização e acompanhamento do Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura (CROA).

As atividades das comissões regionais são acompanhadas pela comissão nacional de acompanhamento do Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura (CNA). É da competência desta comissão realizar o relatório nacional, propor medidas para a execução do Programa, bem como, avaliar o Programa.

Há recomendações que de alguma forma vão de encontro a programas de promoção de pontes entre a educação e a cultura validados pelo Governo. Parece-nos importante avaliar o que menos positivo há nesses programas (se há), fazer as correções e ajustes necessários, por forma, a que seja possível materializar as recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania».

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Algumas conclusões e recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania»

O estudo «Cultura, Formação e Cidadania» desenvolvido no âmbito do Plano Cultura 2020, pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e coordenado pelo professor Carlos Fortuna, apresenta um conjunto de conclusões e recomendações que nos parece, importantes para reflexão a posteriori.

É fundamental tomar nota de alguns itens (conclusões e recomendações) relevantes do ponto de vista das possíveis e futuras práticas de intervenção sociocultural com as comunidades. Na verdade, algumas conclusões e recomendações atestam o que defendemos sobre a participação cidadã na vida cultural da comunidade e do envolvimento ativo das instituições da sociedade civil na discussão e reflexão dos projetos estruturantes no âmbito de uma política cultural municipal.

Uma das conclusões revela a importância do envolvimento dos grupos sociais mais desfavorecidos em atividades culturais que, mobilizam o envolvimento comunitário, ou que proporcionam aprendizagens artísticas e participação cultural ativa. Os resultados do envolvimento ativo reflete-se ao nível do reforço da autoestima e da autoconfiança; do desenvolvimento de capacidades pessoais facilitadoras do acesso à informação e de interpretação do mundo atual; no acesso às oportunidades de formação e aprendizagem ao longo da vida; na formação de competências criativas e de adaptação ao mundo laboral, ao mercado de emprego e aos recursos da informação e da comunicação; no reforço do sentimento de identidade coletiva e de envolvimento na vida comunitária, no combate ao isolamento e à exclusão; no incremento das capacidades expressivas, relacionais e interpretativas.

O estudo revela que o capital cultural, o nível de escolaridade, a condição socioprofissional e os níveis de rendimento são fatores determinantes para a desigualdade no acesso à cultura. A idade também é um elemento diferenciador, com tendência de uma quebra da propensão para as práticas culturais, entre a população idosa e reformada.

As regiões Autónomas da Madeira e Açores, o Alentejo e o Algarve, são as regiões que registam a maior fatia da despesa dos municípios no apoio às associações culturais, em atividades socioculturais. Este dado revela o papel determinante das autarquias para a sustentabilidade da atividade associativa.

Uma outra conclusão do estudo «Cultura, Formação e Cidadania» destaca a relevância das atividades artísticas na escola. Argumento sustentado em diversas análises que indicam que as atividades de educação artística podem potenciar um clima saudável no espaço escolar, sendo um catalizador de práticas e interações sociais positivas, combatendo o insucesso e o abandono escolar precose. 

As atividades artísticas e culturais extraescolares são sinalizadas como de grande importância, porque constituírem uma oportunidade de saída para determinados segmentos da população escolar, como também, uma via de acesso direto aos equipamentos vocacionados para a fruição e experimentação cultural e artística.

Entre as recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania», enunciamos a constituição de uma plataforma tripartida que envolva os responsáveis políticos pela tutela da cultura, da educação e da ação social e agentes com intervenção nestes campos de ação. Outra recomendação é a criação de medidas de estímulo ao desenvolvimento de projetos culturais e artísticos que integrem componentes formativas e de combate ao isolamento e ao alheamento dos idosos, numa perspetiva de troca de saberes e experiências entre gerações.

O desenvolvimento da monitorização e avaliação das medidas e dos projetos artísticos e culturais direcionados para o envolvimento de grupos e comunidades social e cultural mais desfavorecidas e excluídas é outra recomendação, tal como, a produção de informação atualizada sobre os agentes culturais, e em particular a participação associativa (com exclusão do desporto). 

Entre as propostas avançadas nas recomendações, sublinhamos o reforço das artes e da cultura no meio escolar, através do contacto sistemático dos alunos e docentes com diferentes linguagens artísticas e estéticas, e com os agentes artísticos e culturais mediante o recurso a visitas de estudo a diversos equipamentos artístico-culturais, fomento de residências artísticas de grupos e companhias, ou outras estruturas culturais no espaço escolar. 

Uma outra recomendação que mereceu o nosso acolhimento, é a defesa do aumento das oportunidades de formação-ação destinadas a professores e educadores nos domínios da criação artística e cultural.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Turismo e desenvolvimento comunitário


«Turismo e desenvolvimento comunitário» é o tema do Dia Mundial do Turismo 2014, celebrado a 27 de setembro. O tema realça o potencial do turismo para promover novas oportunidades para as comunidades, com destaque para a importância da participação comunitária na promoção do desenvolvimento do turismo sustentável.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) com a escolha deste tema pretende fomentar o debate sobre o contributo do turismo para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), projeto das Nações Unidas, a partir de 2015, que prioriza a participação local.

O Dia Mundial do Turismo 2014, direciona o foco de atenção para a equação de que o turismo pode propiciar e potenciar o desenvolvimento comunitário sustentável. O turismo com enfoque na comunidade, possibilita que esta se envolva no processo de tomada de decisões em função das prioridades de cada território, tornando-se uma comunidade participativa, que intervém ativamente no processo de desenvolvimento.

O turismo pode ser um catalisador de coesão social e (des)envolvimento comunitário através da criação de emprego, com consequências económicas positivas para a comunidade anfitriã. 

O secretário-geral da OMT, Taleb Rifai, na mensagem alusiva ao Dia Mundial do Turismo 2014, afirma que,
El turismo es una actividad económica sustentada en las personas, construída sobre la interacción social, y en este sentido, solo puede prosperar si integra a la población local incentivando valores sociales como la participación, la educación y la mejora de la gobernanza local. Al mismo tiempo, no puede haber un verdadero desarrollo del turismo si esse desarrollo obra de algún modo en detrimento de los valores y la cultura de las comunidades receptoras o si los benefícios socioeconómicos que genera no llegan a percibirse directamente en las comunidades.

A propósito dos Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas, e na preparação para o assumir do compromisso face aos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Taleb Rifai afirma que «Empoderar a los indivíduos y a las comunidades de todo el mundo a todos los niveles a través del turismo puede ser un paso fundamental para avanzar hacia estos objetivos». 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Programa de Estágios de Jovens Animadores do Museu da Electricidade

O Programa de Estágios de Jovens Animadores do Museu da Electricidade (PEJAME) promovido pela Fundação da Juventude, tem como objetivo proporcionar aos estudantes um aprofundamento dos conhecimentos técnico-científicos, através do contexto real de funcionamento do Museu da Electricidade, em Lisboa.

Esta experiência formativa possibilitará que os jovens desenvolvam capacidades pessoais de liderança, gestão de grupos, espírito de iniciativa e de equipa, compromisso e disciplina.

Os candidatos ao PEJAME deverão ter idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, e que sejam estudantes do ensino superior universitário (licenciatura, mestrado ou pós-graduação), em cursos com componentes em ciências (ambiente, eletricidade, eletrónica, energia, física e química), ou artes (arte multimédia, artes plásticas, ciências da arte e do património, comunicação cultural, estudos artísticos, história da arte, museologia produção e gestão cultural).

As candidaturas ao PEJAME decorrem até 19 de setembro de 2014. A realização do estágio de 6 meses tem início a 3 de novembro de 2014 e fim a 4 de maio de 2015.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Turismo e animação, uma relação de reciprocidades

O turismo como dinâmica de interações sociais e culturais entre a comunidade turística e a comunidade anfitriã potencia um conjunto de valores capitais para o desenvolvimento local. O turismo deverá ser percecionado como o paradigma do desenvolvimento integrado e participado pelos atores locais e pelos turistas.

O estímulo da reciprocidade entre o turismo e a animação deverá acontecer numa relação mutualista, ou seja, a animação turística é a força motriz da memória e da identidade dos lugares, das gentes e da sua cultura. Não há turismo sem cultura, ela é a memória coletiva, o núcleo duro onde deverá assentar o desenvolvimento do produto turístico.

 A animação é a alavanca das dinâmicas socioculturais e turísticas, o ponto de partida para um processo gerador do envolvimento ativo do turista com a população anfitriã, numa relação de proximidade e integração social, de descoberta dos valores civilizacionais, culturais e ambientais.  

O turismo tem que ser perspetivado como prática cultural de integração social. É necessário fazer a pedagogia da comunicação semiótica, desenvolver projetos de desenvolvimento turístico que envolvam os agentes de desenvolvimento local, que valorizem os ativos culturais e potenciem o saber-fazer coletivo, enquanto geradores da «economia imaterial» tripartida na cultura, na criatividade e no conhecimento.

O paradigma do desenvolvimento tem que assentar na participação ativa da comunidade, na valorização dos recursos endógenos do território. É preciso (re)criar símbolos culturais comunitários, contribuir para a afirmação da identidade dos lugares e da cultura.

A participação no processo de desenvolvimento turístico faz sentido, quando pensado desde a perspetiva da animação como pedagogia participativa, ou seja, na construção de um plano de educação para o turismo numa lógica de educação não formal, uma dinâmica que envolva os agentes turísticos, os atores da cultura e da educação na gestão e otimização dos recursos humanos e dos ativos culturais. 

terça-feira, 17 de junho de 2014

Os projetos culturais âncora, um modelo a replicar

A consciência individual e coletiva para o papel que a cultura assume no desenvolvimento local, nomeadamente, nas dinâmicas socioeconómicas e turísticas associadas aos projetos culturais âncora na afirmação da identidade cultural do território, na sua potencialização turística e na diferenciação da ação cultural realizada com o coletivo, ou seja, pensar a cultura como motor de desenvolvimento comunitário sustentado, leva-nos a afirmar que, os projetos âncora são um modelo que deverão ser desenvolvidos no sentido de gerar sinergias de cooperação institucional, dinâmicas culturais, educativas e económicas no território. 

Os projetos socioculturais também poderão ser projetos âncora para o turismo cultural. E sublinhamos esta ideia, porque entendemos que a cultura e o turismo são dois vetores de desenvolvimento sustentável fundamentais para a afirmação do território. A história e a cultura e os signos que desenham a identidade comunitária são ativos singulares que poderão contribuir diretamente para alavancar as economias locais. 

O tempo presente e futuro são exigentes, cheio de desafios e oportunidades. A intervenção no domínio da ação cultural exige audácia, empreendedorismo, criatividade e autocrítica, mas mais importante, é analisar a realidade social para desenhar programas de animação sociocultural que validem a afirmação dos territórios culturais no mapa do (des)envolvimento das comunidades.

Na intervenção sociocultural deverá estar associado uma prática pedagógica de compromisso da cidadania ativa dos atores sociais com a afirmação e diferenciação da identidade coletiva na promoção e valorização dos ativos culturais. Estas singularidades tornam os territórios em novos atrativos turísticos, lugares de afirmação cultural  e pólos de desenvolvimento económico. 

Os executivos municipais devem esquematizar a ação política considerando o desenvolvimento económico local alavancado na política de ação cultural. Há que considerar os projetos socioculturais âncora como parte da estrutura nuclear do desenvolvimento económico local, porque a ele está agregado um conjunto de serviços e de dinâmicas sociais que potenciam e diferenciam o território pela cultura e pela ação protagonizada pelos seus agentes de desenvolvimento. Os projetos culturais âncora são um modelo de desenvolvimento a replicar em outros territórios, respeitando as singularidades das comunidades, mas potenciado os seus ativos culturais e a sua participação no desenvolvimento local sustentado na cultura local. 

Hoje pensar o desenvolvimento cultural das comunidades não é somente a promoção de iniciativas pontuais, muitas delas promovidas pelas coletividades de cultura e recreio, enquanto pólos de animação sociocultural. A visão política da ação cultural deve compreender as agremiações culturais e a escola como parceiras diretas de programas e projetos socioculturais. Elas são protagonistas do processo e da ação. É na base da cooperação que os projetos são desenvolvidos, é no envolvimento da comunidade numa perspetiva de compromisso coletivo e na visão conjunta de futuro que poderemos pensar uma política cultural sustentável. 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Receção de artigos para a revista Práticas de Animação

A revista Práticas de Animação é um projeto editorial alicerçado na participação plural e eclética dos animadores socioculturais, docentes, investigadores, educadores e outros agentes de ação, que pelos seus contributos têm acrescentado valor à reflexão sobre o corpus teórico e as práticas de animação sociocultural numa perspetiva interdisciplinar, cruzando temas como o lazer, a educação não formal, as políticas culturais, entre outros domínios onde a animação sociocultural regista uma ação transformadora pela participação dos atores sociais.

A Práticas de Animação é um projeto consolidado e reconhecido pela pertinência dos conteúdos de caráter científico e de reflexão crítica. Arriscamos a afirmar que, hoje refletimos com maior particularidade sobre a animação sociocultural em Portugal. A continuidade da revista é um exemplo material da produção teórica que o coletivo tem sido capaz de realizar sobre temas relevantes e paralelos às práticas de ação transformadora.

A reflexão e o relato de experiências são as vigas que sustentam o projeto editorial. Os números até agora publicados espelham a pluralidade do sentido de participação coletiva, de diversidade de pensamento e de reflexão das práticas que contribuem para a afirmação de uma ação cultural e educativa alternativa. 

Neste quadro de realização aberta a todos os interessados em colaborar ativamente no próximo número da revista, convidamos a participarem com contributos no domínio da animação sociocultural e socioeducativa, ócio e lazer, pedagogia social, educação social, ação cultural, educação não formal e informal. Para tal, poderão enviar os trabalhos até o próximo mês de setembro de 2014, para revistaparticasdeanimacao@gmail.com

quinta-feira, 15 de maio de 2014

CALL FOR PAPERS: V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural



A pedido da organização divulgamos a seguinte informação:

CALL FOR PAPERS: Até 1 de junho, 2014

SINOPSE

O V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural é um congresso internacional organizado pela Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural (RIA), que ocorre bianualmente num dos países pertencentes à referida rede.

O mesmo visa contribuir para o avanço da teoria e prática em animação e insere-se num conjunto de atividades que a RIA tem vindo a desenvolver desde 2006. Tais atividades tendem a promover a colaboração entre investigadores, professores, estudantes e decisores com o intuito de identificar e discutir desafios e ainda soluções de envolvimento criativo das populações, para os mais diversos problemas e contextos no mundo da Animação.

Desta forma, é preocupação central deste congresso proporcionar um espaço de encontro entre profissionais de várias áreas, nomeadamente da educação, das artes e da cultura, afim de, em conjunto, partilharem abordagens de intervenção e de investigação que sejam mais participativas, sensíveis e criativas.

Temas Principais:
• Desenvolvimento Comunitário
• Educação e Artes
• Educação ao Longo da Vida
• Educação para o Desenvolvimento
• Educação na Sociedade do Conhecimento
• Intervenção Artística com diferentes públicos
• Ócio e animação
• Associativismo e Participação
• Autarquias e Comunidade

Participantes/Destinatários:
Animadores, educadores, professores, investigadores, estudantes do ensino superior, órgãos de direção e gestão de instituições/associações e técnicos da área da animação e educação.

DATAS IMPORTANTES:
Datas do Congresso: 16, 17, 18 e 19 de outubro 2014
Inscrições no Congresso: até 15 de setembro de 2014

ARTIGOS:
Limite para a submissão de resumos: 1 de junho de 2014
Notificação dos autores sobre a aceitação de artigos: 20 de junho de 2014
Entrega final de artigos para publicação: 15 de julho de 2014

RELATOS:
Limite para a submissão de resumos: 1 de junho de 2014
Notificação dos autores sobre a aceitação dos relatos: 20 de junho de 2014

POSTERS:
Limite para a submissão de posters: 1 de junho de 2014
Notificação dos autores sobre a aceitação de posters: 20 de junho de 2014

INFORMAÇÕES/INSCRIÇÕES:

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Jornadas de Animação Sociocultural «Mediação Multidisciplinar e o Desenvolvimento Social»


Mediação Multidisciplinar e o Desenvolvimento Social são a temática das Jornadas de Animação Sociocultural organizadas pela direção do curso de Animação Sociocultural da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre.

As jornadas realizam-se no dia 15 de Maio, no auditório da Escola Superior de Educação, e desenvolvem-se em quatro painéis temáticos. No primeiro painel estará em foco, A Emergência da Animação Sociocultural e Multidisciplinaridade em Análise. Entre o Sociocultural e o Socioeducativo – Práticas Reflexivas é o tema do segundo painel. O terceiro painel será dedicado às Associações Locais e Internacionalização – Experiências e conteúdos e no último painel estará em discussão a Mediação Social – Intervenção em EQUIPAS e Desenvolvimento Local em contexto socioeducativo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Fundação INATEL promove curso de Turismo e Animação Cultural

O curso de Turismo e Animação Cultural é um dos cursos de abertura da Academia INATEL. O curso pretende promover o turismo num conceito mais generalista, associando-o a outras áreas de missão da Fundação INATEL, nomeadamente, a cultura. O curso terá uma estrutura modular, dividida por 3 trimestres, num total de 144 horas por trimestre. No último trimestre, os formandos realizarão um estágio de 4 horas semanais, desenvolvido nos serviços da Fundação INATEL ou em entidades parceiras.

O curso visa dar noções gerais de turismo, mas especializar na vertente da animação turística e cultural, formando técnicos especialistas de animação turística e cultural que de forma autónoma ou sob orientação, planeiem, organizem e executem atividades lúdico-educativas que, valorizando o contacto com os recursos turísticos e os equipamentos, associem a destreza, o desafio, a criatividade e a inovação em diversas situações e contextos.

Pode ler-se no portal da INATEL que ela «(…) é hoje reconhecida como uma instituição formadora na área da animação de turismo e cultura pelo mercado em geral. Esta ação formativa visa a criação de um produto diferenciador dos já existentes no mercado, com uma componente prática muito elevada, assente na máxima: APRENDER FAZENDO

domingo, 13 de abril de 2014

A defesa do estatuto do animador, um exemplo do bem comum

Os princípios do bem comum estão de alguma forma associados às práticas de intervenção em animação sociocultural. Estes princípios deverão ser fomentados no percurso académico e profissional dos animadores, talvez com maior incidência, em momentos chave da história recente da animação sociocultural em Portugal.

O bem comum deve ser entendido numa perspetiva transversal de intervenção pública, num processo de educação para a cidadania, de responsabilidade de todos para com todos. E não, apenas, de alguns para com muitos.

Por estes dias, o sentido do bem comum, a vontade de intervir com sentido crítico, e consequentemente, de mudança socioprofissional, foi o mote para um grupo de animadores e investigadores tomarem em mãos, um projeto que deveria ser de todos: a proposta de estatuto do animador sociocultural. Talvez o seja, mas, muito poucos foram os que acreditaram no exercício da cidadania ativa e comprometida com o bem comum.

Acredito que a proposta do estatuto do animador sociocultural apresentada pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC), documento produzido e aprovado, em Aveiro, em novembro de 2010, com a pluralidade de contributos que espelham as diferentes sensibilidades sociais e políticas. A proposta recentemente enviada para a Assembleia da República, é um bom exemplo do trabalho cooperativo e do alcance que o bem comum assume na vida coletiva dos animadores socioculturais.

Manifesto o meu sentido de responsabilidade na defesa do estatuto do animador. Acredito que foi dado um passo muito importante para que o desejado estatuto do animador sociocultural seja uma realidade efetiva e promulgada em Diário da República. Há um longo e sinuoso caminho a percorrer, para que o sonho seja uma realidade. Há uma batalha a travar, há que esgrimir argumentos e refutar falsos propósitos que obstruem a defesa da carreira e da profissão dos animadores.

As virtudes do bem comum exigem determinação, coragem e sentido de cidadania ativa para que a luta de alguns, seja o prémio da vitória de todos os animadores.

domingo, 30 de março de 2014

Conselho da Cultura. Que papel?

O edil da Câmara Municipal do Funchal reuniu pela primeira vez, o conselho da cultura, formado por sete personalidades da área cultural. Curiosamente, a primeira conclusão do encontro foi constatar que há uma ausência de estratégia cultural, bem como, um planeamento que crie sustentabilidade aos projetos culturais.

Parece-me oportuno, retomar e vincar a posição que expões, num post anterior sobre o papel do conselho municipal da cultura, enquanto órgão consultivo que os executivos municipais deveriam constituir como elemento dinamizador do pensamento e da crítica no setor cultural do território local.

Há muito que defendo a criação do conselho municipal da cultura, enquanto, espaço de reflexão coletiva alargada e plural sobre as dinâmicas do território cultural. Estou convicto que será uma mais-valia para a captação de novas ideias, clarificação de políticas, rentabilização de recursos e acima de tudo, a definição inequívoca de uma linha estratégica de ação cultural.

Entendo que, o conselho municipal da cultura deve ser um órgão que reúna um conjunto de sensibilidades culturais e artísticas, que congregue a representatividade do tecido cultural associativo do município. É responsabilidade do executivo municipal a definição das linhas orientadoras da política cultural, dos projetos estruturantes para a vida da comunidade. É redutor deixar ao livre arbítrio de um grupo de agentes culturais o diagnóstico sociocultural do município.

Há um trabalho de análise da realidade que compete ao executivo municipal fazer com o possível recurso a entidades externas, e então, reunir com os agentes culturais e artísticos locais para desenhar linhas de ação que conduzam a um programa político alargado, no sentido, de este ser transversal a opções político-partidárias e não ser limitado no tempo pelo mandato do executivo municipal.

Pensar a cultura e desenhar estratégias de intervenção neste campo é um trabalho transversal que exige envolvimento dos vários atores locais. Pensar a cultura como motor de desenvolvimento económico exige capacidade de diálogo e de negociação com o objetivo claro de educar para a cultura. O ponto de partida está no processo educativo e de envolvimento da comunidade nos projetos culturais.

Pensar a cultura é pensar a comunidade de forma horizontal, compreender as suas dinâmicas e potencialidades. É democratizar o acesso à cultura.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2014

«Desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação.

Debaixo das árvores, nas pequenas cidades e sobre os palcos sofisticados das grandes metrópoles, nas entradas das escolas, nos campos, nos templos; nos bairros pobres, nas praças públicas, nos centros comunitários, nas caves do centro das cidades, as pessoas reúnem-se para comungar da efeméride do mundo teatral que criámos para expressar a nossa complexidade humana, a nossa diversidade, a nossa vulnerabilidade, em carne, em respiração e em voz.

Reunimo-nos para chorar e para recordar; para rir e para contemplar; para ouvir e aprender, para a firmar e para imaginar. Para admirar a destreza técnica, e para encarnar deuses. Para recuperar o fôlego coletivo, na nossa capacidade para a beleza, a compaixão e a monstruosidade. Vivemos pela energia e pelo poder. Para celebrar a riqueza das várias culturas e para afastar as fronteiras que nos dividem.

Desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação.

Nascido na comunidade, veste máscaras e os trajes das mais variadas tradições. Aproveita as nossas línguas, os ritmos e os gestos, e cria espaços no meio de nós. E nós, artistas que trabalhamos o espírito antigo, sentimo-nos compelidos a canalizá-lo pelos nossos corações, pelas nossas ideias e pelos nossos corpos para revelar as nossas realidades em toda a sua concretude e brilhante mistério.

Mas, nesta ERA em que tantos milhões lutam para sobreviver, está-se a sofrer com regimes opressivos e capitalismos predadores, fugindo de conflitos e dificuldades, com a nossa privacidade invadida pelos serviços secretos e as nossas palavras censuradas por governos intrusivos; com florestas a ser aniquiladas, as espécies exterminadas e os oceanos envenenados.

O que é que nos sentimos obrigados a revelar?

Neste mundo de poder desigual, no qual várias hegemonias tentam convencer-nos que uma nação, uma raça, um género, uma preferência sexual, uma religião, uma ideologia, um quadro cultural é superior a todos os outros, será isto realmente defensável? Devemos insistir que as artes sejam banidas das agendas sociais?

Estaremos nós, os artistas do palco, em conformidade com as exigências dos mercados higienizados ou será que têm medo do poder que temos para limpar um espaço nos corações e no espírito da sociedade, reunir pessoas, para inspirar, encantar e informar, e para criar um mundo de esperança e de colaboração sincera?»

Brett Bailey


Tradução: Margarida Saraiva; revisão EV; Escola Superior de Teatro e Cinema

sexta-feira, 21 de março de 2014

V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural

O V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural Da participação na cultura à cultura da participação organizado sob a chancela da Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural (RIA), realiza-se em Portugal, na cidade de Leiria, entre os dias 16 e 19 de outubro de 2014. 

O congresso visa contribuir para o aprofundamento da teoria e da prática da animação, reunindo investigadores, professores, animadores, estudantes entre outros agentes das áreas da educação, da cultura e das artes com o propósito de identificar e discutir os desafios e soluções de envolvimento ativo e criativo das populações, no contexto de intervenção da animação sociocultural.  

A didática da participação enquanto elemento central do processo de animação, o apoio ao crescimento da democracia, desenvolvendo redes de trabalho e de aproximação entre as comunidades na procura do bem-estar, o reforço do valor da cidadania ativa, criativa e da participação são outros dos propósitos do congresso. 

De acordo com a organização o congresso tem entre outros objetivos:

- Desenvolver um espaço de produção ao nível do conhecimento e de divulgação de informação científica na área da animação bem como de criação de atividades;
- Permitir a troca de de conhecimento, de experiências e de práticas no âmbito da animação sociocultural; 
- Contribuir para a consolidação da animação sociocultural como prática que pode e deve, através do fomento da participação, contribuir para a transformação dos diversos contextos sociais, culturais e comunitários, em contextos mais saudáveis e solidários;
- Contribuir para o desenvolvimento da animação sociocultural nos campos académicos, políticos e comunitários;
- Consolidar a animação sociocultural enquanto didática da participação;
-Reforçar o papel da animação enquanto método de educação para a participação.

No V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural estarão em destaque os seguintes temas:

- Desenvolvimento comunitário;
- Educação e Artes;
- Educação ao Longo da Vida;
- Educação para o Desenvolvimento;
- Educação na Sociedade do Conhecimento;
- Intervenção Artística com diferentes públicos;
- Ócio e Animação;
- Associativismo e Participação;
- Autarquias e Comunidade

quarta-feira, 5 de março de 2014

I Congresso Internacional Animação Sociocultural, Turismo, Património, Cultura e Desenvolvimento Local

A Intervenção - Associação para a Promoção e Divulgação Cultural promove nos dias 24, 25 e 26 de abril de 2014, o «I Congresso Internacional Animação Sociocultural, Turismo, Património, Cultura e Desenvolvimento Local», evento que se realiza na Golegã.

A metodologia de trabalho do congresso assenta em painéis e relatos de experiências. Os painéis versarão sobre os seguintes temas: 

- Animação Sociocultural, Associativismo, Sociedade Participada e Desenvolvimento Local;
- Animação Turística: Teorias, Paradigmas, Fundamentos e Metodologias;
- Animação Sociocultural: Turismo, Cultura e Educação Multicultural e Intercultural;
- Animação Sociocultural: Turismo, Ócio, Tempo Livre, Intervenção e Desenvolvimento Comunitário;
- A Animação Sociocultural e participação comunitária no desenvolvimento e conservação do património cultural;
- Animação Sociocultural: Turismo, Cultura, Património e os Agentes de Intervenção;
- Animação Sociocultural, Turismo, Cultura, Artes, Património como meio de emprego e empreendedorismo social, cultural e educativo para o século XXI.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Oferta de emprego: «Animador SocioCultural com experiência»

Há uma linha muito ténue que separa a leviandade da escrita da realidade factual. Isto a propósito de um anúncio on-line de oferta de emprego para «Animador SocioCultural com experiência», referência # 1934568, divulgado no portal net-emprego, no dia 26 de fevereiro de 2014.

Uma instituição social pretende contratar uma animadora sociocultural com experiência para exercer funções na valência de centro de dia com idosos. O insólito desta oferta de emprego, e sublinho insólito, entre os vários requisitos é a exigência a que a(s) candidata(s) ao posto de trabalho tenha(m) «conhecimentos em cozinha».

É de capital importância para a salvaguarda do bom nome da instituição e da sua direção técnica, que haja o bom senso nesta matéria, no sentido, de esclarecer cabalmente, sobre a oferta de emprego. É pretendido recrutar um ajudante de cozinha ou um animador sociocultural? Estamos a falar de duas profissões muito distintas: o ajudante de cozinha trabalha numa cozinha em redor de tachos; e o animador sociocultural trabalha numa relação social e educativa com pessoas.

Repudio a forma grosseira com que os agentes sociais, em concreto, os animadores socioculturais são considerados por algumas instituições, quando a legislação em vigor define os parâmetros técnicos e os recursos humanos necessários ao bom funcionamento das instituições sociais, nomeadamente, os centros de dia.

É lamentável que a direção técnica da instituição tenha cometido um erro grosseiro e de uma atrocidade social e de classe para com os agentes sociais, digna de um atestado de incompetência. É lamentável que a direção do centro social desconheça o trabalho que o animador sociocultural desenvolve com a população sénior.

Assumo a minha ignorância sobre um dos requisitos para exercer funções de animador sociocultural numa instituição de acolhimento de seniores: o domínio da arte da culinária. Talvez seja exigível, apenas em alguns cérebros mais acutilantes.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O turismo das culturas

O potencial turístico associado à cultura é a força motriz na dinamização económica de uma comunidade e de atrativo para um território. É fundamental pensar um plano de promoção turística com respeito pelos ativos culturais locais e regionais, no sentido de esses ativos serem a alavanca para o desenvolvimento integrado do território, das suas gentes e do turismo cultural como aposta política racional. Podemos considerar como um dos ativos culturais o património cultural material e imaterial. 

Pensar o turismo no território cultural municipal exige uma reflexão aturada e uma partilha comum de objetivos para que, o plano de desenvolvimento turístico, não seja um documento de intenções políticas, mas um referente estratégico de envolvimento e participação da sociedade civil.  Pensar o turismo implica diálogo com os atores locais, exige envolvimento e ações qualificantes dos ativos culturais. 

O binómio cultura e turismo remete o processo para um campo de ação que será mais profícuo do ponto de vista do envolvimento da comunidade, da ideia de participação ativa dos turistas e visitantes, se estiver alicerçado num processo comunicativo que envolva e qualifique o tecido sociocultural. 

 Há que projetar a cultura no turismo. Esta divisa é política, social, económica e cultural, mas mais importante, é a perceção real e efetiva que a cultura desempenha na alavancagem da economia local, na participação da comunidade no seu próprio processo de desenvolvimento económico, na afirmação das identidades e na promoção da cultura local. 

 É de fulcral importância desenvolver as potencialidades turísticas virgens dos pequenos municípios, que por razões geográficas, económicas e de estratégia política menos acertada, remeteram os territórios para uma segunda linha de desenvolvimento endógeno. Hoje há que potencializar outros modelos de desenvolvimento comunitário. 

 A promoção cultural e turística através de eventos socioculturais qualificantes, genuínos na participação comunitária, projetores da história e da cultura locais são um veículo de desenvolvimento do território, de fixação da população, de gerenciamento de riqueza e de valorização da identidade do lugar e das suas gentes, e dos ativos culturais.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A desgovernação na cultura

A ação cultural municipal não pode estar sujeita a um calendário de vontades político-partidárias. Esta é uma preocupação que tenho manifestado há muito, em vários fóruns de discussão e em encontros de trabalho. É urgente que os agentes culturais tenham a coragem de reivindicar uma política cultural municipal estruturada e musculada nos recursos e nos ativos culturais do município, que projete a cultura como pólo dinamizador e de desenvolvimento comunitário local.

É fundamental dinamizar a cultura, mas antes, compreender a função dos equipamentos culturais municipais (centros cívicos, biblioteca municipal, espaços museológicos), para então, desenhar um projeto dinamizador das culturas. Há que potenciar os espaços socioculturais, imprimindo-lhes identidade comunitária, envolvendo na sua dinamização os agentes culturais e educativos.

A escola não pode estar divorciada da comunidade cultural, a reciprocidade entre ambas é fundamental para um projeto pedagógico contínuo no tempo, capaz de proporcionar aprendizagens não formais. A escola é um elemento nuclear no trabalho cultural. É fulcral construir pontes entre a comunidade e a escola, entre agentes educativos e socioculturais, enfim, aproximar a escola do território cultural. Não concebo, ideologicamente, uma política cultural municipal que não esteja alicerçada na pedagogia cultural.

Não é legítimo falarmos na concretização de política cultural, se não houver, um plano pensado e cuja execução seja viável a médio e longo prazo, isento de clientelismos e desenhado em função do calendário político-partidário. Falemos antes, num calendário de atividades culturais. Este não é despropositado, se estiver fundamentado num projeto de desenvolvimento comunitário cultural.

As agremiações culturais e artísticas, os artistas que singram no mundo das artes, por conta e risco, os agentes educativos e turísticos têm uma palavra importante a acrescentar ao debate. Eles devem ser convocados a participar no projeto de governação da cultura. É importante que os executivos municipais compreendam o alcance que a cultura tem no desenvolvimento local e dêem passos firmes na consolidação de uma verdadeira e integradora política cultural.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

«Para que serve a utopia?»

«A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar» (Fernando Birri citado por Eduardo Galeano).

A alguns dias atrás partilhei um vídeo intitulado «Para Que Serve a Utopia?». Desde esse momento tenho-me questionado sobre o verdadeiro sentido da utopia; sobre o seu alcance prático, enfim, trouxe-me alguma inquietação e a vontade de continuar a «utopiar» com os outros. Na verdade, a utopia inflama-me o espírito crítico e a vontade de progredir na ação.

A utopia é o néctar que me alimenta o espírito provocador de cidadão e de animador sociocultural. Talvez para os puristas da animação, a palavra «utopia» não integre o léxico do animador, para mim, ela está associada às práticas de animação, à transformação do coletivo, à capacidade de reação face a momentos de tensão social, como aqueles que a história se encarregará de firmar num futuro, não muito longínquo.

Acredito que a utopia é necessária à animação sociocultural. É fundamental acreditar sempre, mesmo nos momentos críticos do processo. A utopia deverá impulsionar a nossa capacidade criativa de desenhar soluções, de contribuir para a transformação e para o progresso social da comunidade.  

Fernando Birri questionado sobre para que serve a utopia é perentório ao afirmar que serve para não deixar de caminhar. É este caminho que muitos de nós, animadores socioculturais, agentes de mudança, recusamos trilhar e delegamos nos outros; somos impedidos pelo medo de olhar a linha do horizonte e acreditar que é possível sonhar, que é na ação coletiva que avançamos e que deixamos o nosso contributo.

Precisamos de animadores socioculturais que acreditem na utopia. É urgente que os homens e mulheres da minha geração, agentes de mudança, tenha a coragem de caminhar em direção ao horizonte, sabendo que nunca o alcançarão, mas acreditam que é trilhando outros caminhos que a transformação social tem lugar no concreto da vida coletiva. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

PEJAME – Programa de Estágios Jovens Animadores do Museu da Eletricidade

O PEJAME - Programa de Estágios JovensAnimadores do Museu da Eletricidade não é novo, tanto mais, que já foi referenciado no blog Animação Sociocultural e Insularidade.

A Fundação da Juventude é a entidade promotora do programa, o Museu da Eletricidade e a Fundação EDP são as entidades formadoras dos candidatos à 15ª edição do programa que se realiza entre 5 de maio e 2 de novembro de 2014, com as inscrições a decorrerem até o dia 6 de março.

Na presente edição do PEJAME podem candidatar-se estudantes do ensino superior que frequentem, preferencialmente, cursos da área das artes (arte multimédia, artes plásticas, ciências da arte e património, comunicação cultural, estudos artísticos, história da arte, museologia, produção e gestão cultural) e da área das ciências (ambiente, eletricidade, eletrónica, energia, física e química). Esta última área do saber, já era contemplada em edições anteriores do PEJAME.

A introdução da área das artes no PEJAME vem acrescentar valor ao projeto e, é o reconhecimento da necessária abertura à interdisciplinaridade e a valorização dos conteúdos técnico-científicos que as outras áreas do saber poderão alavancar ao programa de estágio. É lamentável que as entidades associadas ao projeto não tenham contemplado no perfil dos candidatos ao PEJAME, os estudantes que frequentam as licenciaturas em animação sociocultural. Acreditamos que na próxima edição, a animação sociocultural figurará entre as áreas privilegiadas.

O programa de estágios de jovens animadores tem como objetivo principal facilitar um aprofundamento dos conhecimentos técnico-científicos em contexto real de funcionamento do Museu da Eletricidade, em Lisboa. Há outros objetivos inerentes ao programa, nomeadamente, a potencialização do desenvolvimento das capacidades pessoais de liderança; a gestão de grupos; o espírito de iniciativa e de equipa; o compromisso e disciplina.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Revista Quaderns d’ Animació i Educació Social

Está disponível o novo número da revista Quaderns d’Animació i Educació Social. O número 19 (janeiro – junho) deste periódico tem uma forte participação portuguesa, com contributos de animadores socioculturais, investigadores e dirigentes associativos, o que revela um sentido crescente de participação em projetos que contribuem para a diversidade da literatura sobre as questões pertinentes à animação sociocultural e às práticas profissionais dos seus agentes.

 É de salientar a visão e a necessária discussão que se impõem ao exercício da profissão dos animadores socioculturais no território europeu e as sinergias que essa expansão poderá trazer de positivo aos animadores. A animação sociocultural e os animadores são uma realidade europeia. A discussão sobre a profissão do animador sociocultural é uma realidade concreta que deverá ser observada ao nível de um plano de intervenção institucional supra nacional.

O envelhecimento é uma realidade social que precisa de respostas comunitárias adequadas mediante estratégias que possibilitem um nobre e feliz processo de envelhecimento individual e coletivo. Hoje os lares são uma resposta institucional e os animadores socioculturais um recurso humano inigualável na manutenção do processo de envelhecimento ativo. 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Somar tempo ao tempo

O conceito «tempo» é a palavra-chave que deverá estar sempre presente no léxico dos animadores. O lembrete diário que recorda-nos, obrigatoriamente, que não podemos falhar deviam ser automáticos na emissão de alertas para a nossa falta de tempo, esse bem precioso para muitos, mas desprezado por tantos outros.

Nós, animadores precisamos de somar tempo ao tempo.

Precisamos de tempo para escutar os outros, estar com eles, acompanhá-los no percurso inicial de um projeto profissional, associativo, ou apenas, para ouvi-los falar sobre os seus sonhos, desafios, medos e resistências perante a vida, face ao mercado de trabalho que «peneira» os fortes e escraviza os mais indefesos.  

Por estes dias foi confrontado com a falta de tempo. Este foi o momento ideal para perceber que precisamos de parar e escutar o mundo em nosso redor. Na verdade, não avançamos, não somos melhores agentes de mudança, se não houver em cada um de nós, o sentimento de pertença a uma comunidade. Mas, é ainda mais verdade, que não somos animadores no sentido pleno da palavra se não formos humildes o suficiente, e pararmos para escutar os outros, sermos capazes de oferecer-lhes algum do nosso tempo.

Ser animador é ser capaz de somar tempo ao tempo; dispor de tempo para estar com o grupo e a comunidade, ser altruísta para compreender os problemas comuns ao grupo, para ser capaz de dar o corpo ao manifesto por uma pessoa.

É tempo de sermos humanos e de enfrentar os desafios ao lado dos outros, porque a mudança só é possível com o coletivo. 

domingo, 5 de janeiro de 2014

Um tema periférico para o debate em animação sociocultural

A discussão em torno de matérias como a profissão, o estatuto, o perfil e as competências dos animadores socioculturais são temas recorrentes no discurso dos próprios agentes da animação. Não é novidade que há planos curriculares de formação em animação sociocultural diversificados no conteúdo que, certamente encontram acolhimento junto das dezenas de candidatos. Mas, talvez esse seja o menor dos problemas, tanto mais, que há cursos de animação sociocultural a encerrar por falta de candidatos. Esta realidade é um facto, e como tal, exige uma análise cuidada.

Continuamos a questionar sobre o perfil do animador sociocultural. Há um perfil modelo? Não haverá, sim, um conjunto de requisitos técnicos e humanos, que no seu todo complementam o perfil desejado para o animador? Qual o perfil profissional que os animadores desejam? Antes, devemos questionar que modelo formativo para os agentes da animação.

Os paradigmas de desenvolvimento alteraram-se na última década. Estamos preparados para enfrentar o futuro? Estaremos conscientes de que é imperioso desenvolver novas estratégias de participação social, política e cultural? Estaremos conscientes de que o modelo económico que vigorou foi o responsável pelo colapso nacional? Estaremos preparados para um novo modelo de desenvolvimento económico?

É necessário direcionar o foco de atenção para a sociedade civil e os problemas reais do país que procura, seriamente, libertar-se do constrangimento financeiro a que está sujeito. Quero ouvir os animadores da minha geração; quero saber que contributos poderão eles dar para o novo modelo de desenvolvimento que precisamos de empreender nas nossas comunidades.

Aparentemente, para alguns, estas são questões do debate político-partidário, para nós animadores socioculturais são questões atuais, com sentido estratégico para o desenvolvimento das comunidades locais. As necessidades primárias mantêm-se e a sua satisfação é vital para a manutenção da coesão social.

É importante que a discussão sobre o futuro hoje seja um desígnio dos animadores socioculturais. 
Precisamos de encontrar soluções para os problemas coletivos, hoje mais do que nunca, é necessário o fortalecimento do tecido social, da coesão dos grupos, da identidade cultural da comunidade. Estou convicto que a animação sociocultural também poderá dar contributos positivos para o desenvolvimento e o bem-estar de todos.

O modelo de desenvolvimento perpetuado até aqui foi importante, mas sem sustentabilidade. Agora todos nós somos chamados a contribuir para o futuro coletivo, pois, não há futuro sem partilha. Para muitos animadores, este poderá ser um tema periférico para o debate em animação sociocultural, para muitos outros, talvez um assunto marginal.