quarta-feira, 11 de julho de 2018

Congresso Internacional - A Animação Sociocultural e a Educação intergeracional no contexto do envelhecimento no meio rural e urbano



A Intervenção - Associação para a promoção e Divulgação Cultural organizará o Congresso Internacional - Animação Sociocultural e a Educação intergeracional no contexto do envelhecimento no meio rural e urbano: atividades, técnicas, métodos e estratégias para uma vida ativa. O evento realizar-se-á nos dias 18, 19 e 20 de outubro de 2008, na vila de Alijó, no auditório municipal. 

O congresso tem como objetivos: 
  • Fomentar o debate e a reflexão à volta do envelhecimento no meio rural e urbano; 
  • Estimular a articulação entre a Animação Sociocultural, a Gerontologia, a Educação intergeracional numa perspetiva de cidadania ativa;
  • Analisar a participação das pessoas Idosas em torno de projectos de desenvolvimento local, regional, nacional e internacional;
  • Refletir sobre o papel da Animação Sociocultural junto das instituições e aferir da sua importância como metodologia de intervenção social, cultural e educativa; 
  • Valorizar a pedagogia da vivência e da experiência;
  • Estimular práticas educativas intergeracionais em torno de projectos de Animação Sociocultural onde se valorize a interacção assente na infância, Juventude, Adultos e Idosos;
  • Refletir sobre a importância de um Perfil de Animador Sociocultural para a intervir junto dos idosos.
A metodologia de trabalhos do congresso assentará em conferências de abertura e encerramento, painéis, conferências temáticas, workshops, oficinas e grupos de trabalho, espetáculos para a terceira idade.

Aceda aqui para mais informações, programa e inscrições.

terça-feira, 27 de março de 2018

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2018 – As Américas


Podemos imaginar.

A tribo caça pássaros lançando pequenas pedras no ar, quando um gigantesco mamute surge na cena e RUGE - e, ao mesmo tempo um pequeno humano RUGE como o mamute. Logo, todos fogem...

Esse rugido de mamute proferido por uma mulher humana - quero imaginá-la mulher - é a origem do que nos torna a espécie que somos. Uma espécie capaz de imitar o que não somos. Uma espécie capaz de representar o Outro.

Saltemos dez anos, ou cem, ou mil. A tribo aprendeu a imitar outros seres e representa no fundo da caverna, na luz trêmula de uma fogueira, quatro homens são o mamute, três mulheres são o rio, homens e mulheres são pássaros, chimpanzés, árvores e nuvens: a tribo representa a caçada da manhã, capturando o passado com seu dom para o teatro. Mais surpreendente: assim a tribo inventa possíveis futuros, ensaiando possíveis maneiras de vencer o inimigo da tribo, o mamute.

Rugidos, assobios, murmúrios - a onomatopéia desse primeiro teatro - se tornarão linguagem verbal. A linguagem falada se tornará linguagem escrita. Seguindo esse caminho, o teatro se tornará rito e, logo mais, cinema. E na semente de cada uma destas formas, continuará presente o teatro. A forma mais simples de representação. A única forma viva de representação. O teatro, que quanto mais simples é, mais intimamente nos conecta com a mais maravilhosa habilidade humana, a de representar o Outro.

Hoje, em todos os teatros do mundo, celebramos essa gloriosa habilidade humana de fazer teatro. De representar e assim, capturar nosso passado para entende-lo – ou de inventar possíveis futuros, que podem trazer mais liberdade e felicidade à tribo.

Eu falo, claro, das peças que realmente importam e transcendem o entretenimento. As peças que importam, hoje são propostas da mesma forma que as mais antigas: derrotar os inimigos contemporâneos da felicidade da tribo, graças à capacidade de representar.

Quais são os mamutes a serem vencidos hoje no teatro da tribo humana?

Eu digo que o maior mamute de todos é a alienação dos corações humanos. A perda da nossa capacidade de sentir com os Outros: sentir compaixão. E nossa incapacidade de com o Outro não-humano: a Natureza.

Que paradoxo. Hoje, nas margens finais do Humanismo – da era do Antropoceno - da era em que os seres humanos são a força natural que mais se transformou e mais transformou o planeta - a missão do teatro é inversa à que reuniu a tribo originalmente para fazer o teatro no fundo da caverna: hoje, devemos resgatar nossa conexão com o mundo natural.

Mais do que a literatura, mais do que o cinema, o teatro - que exige a presença de seres humanos diante de outros seres humanos - é maravilhosamente adequado à tarefa de nos salvar de nos tornarmos algoritmos. Abstrações puras.

Deixe-nos remover do teatro tudo o que é supérfluo. Deixe-nos desnudá-lo. Porque quanto mais simples é o teatro, mais fácil é lembrar-nos do único fato inegável: nós somos, enquanto estamos no tempo; que somos enquanto somos carne e osso e corações batendo em nosso peito; que somos o aqui e agora, apenas.

Viva o teatro. A arte mais antiga. A arte mais presente. A arte mais maravilhosa. Viva o teatro.

Sabina Berman, México Escritora, dramaturga, jornalista

(Tradução de Renato Alves)