quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Animação - Uma área profissional com futuro na Região Autónoma da Madeira? (II)

Para os perfis profissionais que referi no post anterior não é exígivel uma formação especializada no âmbito dessas novas qualificações, mas sim, o reforço dos conteúdos necessários à formação das competências exigidas em cursos que de alguma forma são uma resposta social para estas novas realidades socioprofissionais.

A apresentação de "novos" nichos de empregabilidade para os Animadores (turísticos, socioeducativos, socioculturais) que possuem formação de nível técnico-profissional ou superior é um aspecto caracterizador da mais valia que a profissão do Animador assume na realidade social e cultural insular. Parece-me que este é um mercado em que estes agentes deverão ser os primeiros implusionadores da sensibilização das possíveis instituições empregadoras, respondendo com criatividade e projectos alternativos aqueles que existem, sem nunca esquecer o objectivo último da Animação.

É fundamental discutir estas novas abordagens de empregabilidade quando as qualificações/perfis profissionais associados à Animação são relevantes num estudo prospectivo dos perfis profissionais para o reforço da competitividade e produtividade da economia regional para o período limite 2007-2013. Não podemos embarcar em euforismos, é fundamental o rigor na acção. Uma acção que vise a empregabilidade de Animadores e não de pseudo-Animadores que com a frequência de acções de requalificação profissional passam a intitular-se Animadores Socioculturais como aconteceu na Região.

Neste estudo a figura do Animador Sociocultural está enquadrada em outras dinâmicas sectoriais: Competências e qualificações para o futuro, nomeadamente no sector da Saúde e Serviços Sociais com competências em matéria de Animação e entretenimento para a saúde e bem-estar (serviços especializados, cuidados pessoais e de apoio à vida pessoal e familiar (serviços, processos e tecnologias). No sector da Educação, ao nível da educação e formação de jovens e adultos, e educação para o ambiente e para a cultura.

Tenho tido a oportunidade de defender a ideia de que os novos equipamentos socioculturais e cívicos na Região Autónoma da Madeira são espaços para a Animação Sociocultural, e porque não para a empregabilidade de Animadores? Os resultados deste estudo são encorajadores para os Animadores, mas, qual a receptividade do mercado de trabalho neste sector de actividade? Estarão as instituições sensibilizadas para o exercício da actividade do Animador Sociocultural? Numa escala de 0 a 20 qual a abertura e o estímulo aos projectos de Animação?

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Animação - Uma área profissional com futuro na Região Autónoma da Madeira? (I)

O Estudo Prospectivo dos Perfis Profissionais para o reforço da Competitividade e Produtividade da Economia Regional (2007-2013), publicado em Setembro de 2007, centrou-se nos seguintes objectivos:

- aprofundar o conhecimento de natureza prospectiva relativo à evolução expectável das actividades de especialização e às implicações em matéria de emprego e competências;

- construir uma visão esclarecida para fundamentar uma (re)orientação das modalidades de formação inicial e contínua na Região, dinamicamente ajustada aquelas implicações/necessidades;

- sistematizar as áreas de formação deficitárias para as entidades empregadoras, numa perspectiva de formação ao longo da vida.

O estudo defende entre muitos pontos merecedores de exaustiva análise, uma orientação estratégica que afirme a Madeira no contexto nacional e internacional, que contemple a qualificação da vida rural e urbana, nomeadamente... (ii) construção/reabilitação de equipamentos de convívio e de actividades lúdicas/culturais/recreativas; ... (iv) criação de empregos de proximidade, que permitam a gestão de iniciativas e de equipamentos colectivos que sejam particularmente dirigidos à integração de camadas e grupos sociais desfavorecidos e marginalizados.

O capítulo II, ponto 3 - Futuros possíveis para os Novos Focos de Competitividade da Região aponta como oportunidades de futuro o diversificar e integrar a oferta turística da Região ao nível:

Saúde e bem-estar - explorar mais o potencial do turismo sénior (ou, especificamente, pessoas com dependência);

Natureza e ruralidade - "Turismo rural misto" (parte no campo e parte na cidade); exploração da paisagem (visitas guiadas, percursos em espaços naturais e áreas protegidas, levadas e veredas); eco-turismo (lazer em ambientes naturais).

Cultura e património - História simbólica e economia regional como recursos turísticos da Região (não apenas património edificado, mas artesanato, produção agrícola tradicional e gastronomia, festas e eventos, núcleos museológicos, exploração etnográfica, itinerários culturais e rotas temáticas específicas, ...).

Entretenimento - animação hoteleira mais criativa e segmentada (faixas etárias mais elevadas, crianças, pessoas com dependência, ...). Animação cultural com recurso a festas e a eventos tradicionais, religiosos, temáticos.

O sub-ponto 3.5 - Outras dinâmicas sectoriais: oportunidades de futuro: Cultura e património aponta a concepção da oferta cultural e a organização de eventos, não apenas para o mercado interno mas à escala internacional; a concepção de ofertas culturais integradas nas dinâmicas de desenvolvimento na Região de turismos alternativos e mais especializados; a produção de conteúdos para a sua divulgação nas mais diversas formas; a promoção da "educação para a cultura" fundamental à formação de públicos e à qualificação das práticas culturais; a promoção turística da oferta cultural da Região junto dos principais operadores turísticos e dos potenciais mercados emissores.

O estudo identifica ainda algumas qualificações necessárias/ perfis profissionais que de alguma forma se cruzam com a Animação:

- Gestor de Animação (qualificação de nível 5 - superior);
- Gestor de Animação Turística (qualificação de níveis 3, 4 e 5 - médio e superior);
- Consultor em Cultura, Lazer e Educação (qualificação de nível 5 - superior);
- Técnico de Informação e Animação (qualificação de níveis 3 e 4 - médio);
- Animadores (qualificação de níveis 3, 4 e 5 - médio e superior);
- Técnicos de serviços especializados em cultura e património (animador cultural entre outros perfis) - (qualificação de níveis 3, 4 e 5 - médio e superior);
- Animador Sociocultural (qualificação de níveis 3, 4 e 5 - médio e superior);

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Novo número - Animador Sociocultural: Revista Iberoamericana

Está on-line o número 1 (ano 2) - Outubro 2007/Abril 2008 da Animador Sociocultural: Revista Iberoamericana, a revista oficial da Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural (RIA).

O número actual conta com as participações de conhecidos investigadores, mormente, o Prof. Xavier Úcar (Universidade Autónoma de Barcelona) e o Prof. Héctor Pose (Universidade da Corunha).

Uma referência especial ao tema da Animação Sociocultural no âmbito hospitalar. Arrisco a "classificá-lo" como o tema central do presente número, com um artigo mais teórico e um relato de uma experiência nesse domínio de intervenção.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

BlogASCE - blog em Animação Sociocultural e Educativa

O Animador Mário Montez criou recentemente um novo projecto na blogesfera - BlogASCE - blog em Animação Sociocultural e Educativa.

"Uma visão positiva sobre a Animação Sociocultural e Educativa - uma força em expansão. Uma tentativa de construção de comunidade de práticas face aos novos desafios e oportunidades do milénio. Competitividade - inovação - tecnologia - criatividade - sustentabilidade são novos desafios e algumas das plataformas de suporte à prática da ASC. O BlogASCE espera opiniões sobre estas e outras novidades, no que concerne à ASC. Esperamos ideias, críticas e quaisquer outras coisas." (In BlogASCE - blog em Animação Sociocultural e Educativa).

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O Animador Cultural e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade

O Contrato Colectivo de Trabalho (CCT) entre a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública publicado no Boletim do Trabalho e Emprego, 1º série, n.º 17 de 08/05/2006; e entre a CNIS e a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) enquadra a figura do Animador Cultural no grupo dos trabalhadores sociais e define-o pelo seguinte conteúdo funcional:

Animador cultural - Organiza, coordena e ou desenvolve actividades de animação e desenvolvimento sócio-cultural junto dos utentes no âmbito dos objectivos da instituição; acompanha e procura desenvolver o espiríto de pertença, cooperação e solidariedade das pessoas, bem como proporcionar o desenvolvimento das suas capacidades de expressão e realização, utilizando para tal métodos pedagógicos e de animação.

Constituem condições de admissão para o exercício da profissão de Animador Cultural possuir 0 12º ano de escolaridade ou habilitações equivalentes e formação profissional específica.

Ainda de acordo com o CCT, a profissão de Animador Cultural está enquadrada no nível de qualificação 4 - Profissionais altamente qualificados: 4.1 - Administrativos, comércio e outros. Esta classificação vai de encontro à Classificação Nacional das Profissões que tivemos a oportunidade de explicitar no post "O lugar da Animação na Classificação Nacional das Profissões".

Em termos renumeratórios o Animador Cultural está no nível IX, auferindo em finais de Dezembro de 2004, cerca de 650,21 euros. A convenção entre a CNIS e a FNE prevê que esta base renumeratória seja actualizada em 2%, com arredondamento ao euro, por excesso, a partir de 1 de Janeiro de 2005.

Já a convenção assinada em 2006, entre a CNIS e a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública prevê a actualizam no mínimo em 2,3% a partir de 1 de Janeiro de 2006, de acordo com o índice de preços ao consumidor publicado pelo Instituto Nacional de Estatística, as primeiras com arredondamento ao euro, por excesso.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Dia Internacional das Bibliotecas Escolares

"Era uma vez em traço, sim um traço, mas não era um traço qualquer, era filho do ponto, da linha e neto do lápis. O traço gostava muito da sua família mas vivia infeliz porque não tinha amigos e não conhecia nenhum traço como ele. Um dia, de muitos outros, em que se encontrava sozinho decidiu: - Já chega, vou tentar descobrir se existem mais traços como eu (...)”

Esta é a história de um projecto de Animação da Leitura que marcou a comemoração do Dia Internacional das Bibliotecas Escolares em Sesimbra, este ano sob o tema "Aprender – Mais e melhor na biblioteca escolar". Nesta dinâmica cultural a biblioteca da EB1/JI de Sesimbra recebeu a iniciativa “As aventuras de um traço”, ideia original de Maria Carreira, estagiária de Animação Sociocultural.

Uma história contada aos mais pequenos, com recurso às novas tecnologias em que as crianças são convidadas a acompanhar, através do imaginário das cores, dos sons e das imagens, um pequeno traço e o seu tio lápis. Maria Carreira explicou que “a ideia surgiu no âmbito do Plano Nacional de Leitura em que cada vez mais se prentende dar importância não só ao livro como objecto mas toda a sua envolvência, que é, sem dúvida, a animação do livro e da própria leitura que se pode fazer. Dessa foram conseguimos ir ao encontro dos objectivos do Plano de Leitura. Esta história foi desenvolvida em conjunto com as técnicas da Biblioteca Municipal e foi pensada enquanto crianças, ou seja, procuramos perceber quais eram as motivações e o que poderia chamar a atenção”.

A Estagiária de Animação Sociocultural garante que “esta é das melhores formas de motivar as crianças a interagir com as novas tecnologias já que lhes é incutido o gosto não só pela leitura do livro em si mas, também, pela análise de elementos dos livros que possam encontrar num desenho animado na televisão e vice versa”.

A história do traço percorreu todas as bibliotecas escolares do concelho, até ao final do mês de Outubro, mas a vereadora Guilhermina Ruivo, com o pelouro das bibliotecas na autarquia, manifestou intenção de “levar o conto às outras escolas que não têm bibliotecas escolares para que todos os meninos possam usufruir do mesmo tipo de actividades”.

Fonte: Jornal de Sesimbra

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Novos temas de reflexão-acção que se cruzam com a Animação Sociocultural

Neste início de século há novos e velhos desafios que merecem ser discutidos na perspectiva da Animação Sociocultural. Sabemos que alguns deles são aboradados, mas, restritos ao âmbito académico. É enriquecdor o debate alargado que procure ser construído num diálogo interdisciplinar, não fosse a Animação Sociocultural uma metodologia que busca o seu corpus teórico no âmbito das várias disciplinas do quadro das ciências sociais e humanas.

Não podemos entender a Animação como uma prática de intervenção estática no tempo. Ela cruza-se com novos desafios sociais, novos âmbitos de intervenção que penso que poderão merecer uma outra perspectiva de debate - uma reflexão-acção a partir da Animação Sociocultural. Aqui fica o apontamento de alguns deles:

- Políticas culturais
- Conselhos Municipais de Cultura, Educação e Juventude
- Animação Hospitalar (saúde mental)
- Animação em Estabelecimentos Prisionais
- Associativismo
- Igualdade de Oportunidades para Todos
- Agenda 21 da Cultura (participação, diversidade cultural, desenvolvimento cultural, direitos humanos e culturais)
- Inclusão Social
- Economia Solidária/Social
- Animação Cibercultural
- Educação Artística
- Contexto Globalizado da Animação Sociocultural
- Animadores profissionais/ voluntários