quarta-feira, 31 de julho de 2013

A animação sociocultural na encruzilhada da realidade sociopolítica (I)

A animação sociocultural e os animadores enquanto fomentadores da participação comunitária são protagonistas de reflexões espontâneas, apaixonadas, e por vezes eloquentes. É preciso focar a reflexão e posterior ação nos tempos sociais que vivemos, eles são bafejados por ventos de mudança e de oportunidades que empelam os animadores, enquanto militantes da cidadania ativa comprometida com a democracia e o bem comum, a projetarem no presente aquilo que poderá ser novos âmbitos de intervenção sociocultural.

O que é a animação sociocultural? Quem são os animadores? São duas questões que se revelam de difícil resposta. A identidade socioprofissional é a matriz da ação que se desvaneceu no tempo.

Uma premissa nuclear para fundamentar a animação desde a perspetiva dos animadores é que conheçam o seu ADN profissional, ou serão incapazes de contribuir individual e coletivamente para descodificar os sinais sociais da sociedade atual e compreender as suas dinâmicas. Na verdade, quantificar e tentar definir as funções do animador sociocultural é um exercício académico que exige um conhecimento da realidade profissional. Neste domínio de estudo, têm que ser os próprios agentes da mudança social a construírem o discurso teórico da animação e consequentemente a definirem as suas funções, enquanto profissionais especializados na área.

Aos animadores socioculturais é exigido autenticidade, atitude ativa e crítica na intervenção face às realidades socioculturais, políticas e educativas no entorno dos territórios de intervenção. É esperado dos animadores um discurso técnico-científico com o objetivo de transmitir numa linguagem persuasiva através da sua ação o que é a animação sociocultural e os seus territórios de intervenção.  

O prof. Avelino Bento e muito bem, desafiou os animadores a refletirem sobre as suas práticas. Não posso estar mais de acordo. Há a ausência de uma reflexão alargada e comprometida por parte dos animadores sobre as suas práticas, um exercício que exige a conjugação de dois vetores estruturantes: a teoria e a ação. Não menos verdade é a falta de um sentido de responsabilidade pela dignificação da profissão materializada em grupos de pressão, com objetivos claros e com uma linha de orientação estratégica definida para o longo prazo. Falta a coesão grupal que nunca conseguiu vingar entre os animadores.

É total responsabilidade dos animadores a materialização do conceito de animação sociocultural, para isso, impõe-se que soltem as amarras do porto seguro e se aventurem, com a convicção de que poderão contribuir positivamente para a mudança do perceção social e política sobre o trabalho dos animadores socioculturais. Definir a animação sociocultural é uma condição para construir socialmente e identitária da profissão. 

Não é legítimo, digo mesmo, é confuso reivindicar um estatuto profissional quando os próprios interessados não refletem sobre as suas práticas com o objetivo de sintetizarem o conceito matricial da animação sociocultural à luz das nossas realidades sociais, educativas, económicas, políticas e culturais. É fundamental agir em função de uma atitude pró-ativa e de uma consciência crítica.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Recepção de artigos para a revista Práticas de Animação

A revista Práticas de Animação é um projeto editorial que tem privilegiado a reflexão sobre o corpus teórico e as práticas de animação sociocultural, numa perspetiva interdisciplinar e de reflexão plural partilhada por animadores, educadores, investigadores e outros atores sociais com experiências e vivências profissionais que permitem posicionarem-se no campo teórico-prático da animação e projetar as suas reflexões no seio de uma comunidade aberta e democrática como a dos animadores socioculturais que continua a dinamizar a discussão sobre a animação e as suas práticas.

É nosso desiderato reunir um conjunto diversificado de contributos que aclarem sobre as dinâmicas da animação e sejam achegas para a reflexão sobre o papel da animação sociocultural nos múltiplos contextos de intervenção. Os artigos poderão versar sobre a animação sociocultural, socioeducativa, turística, o ócio, o lazer e os tempos livres, as políticas culturais, a pedagogia social e a educação sociocomunitária, entre outros domínios de investigação e intervenção privilegiados para a ação dos animadores.

Neste quadro de realização convidamos todos os interessados a colaborar no próximo número da revista. Para tal poderão enviar os seus contributos até o próximo mês de setembro de 2013, para o e-mail: revistapraticasdeanimacao@gmail.com

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O reconhecimento europeu sobre a animação juvenil (III)

O Conselho e os Representantes dos Governos dos Estados-Membros convidam a Comissão e os Estados-Membros no quadro das suas competências a criarem condições mais favoráveis para o desenvolvimento, apoio e implementação da animação juvenil, bem como, reconhecer e fortalecer o seu papel na sociedade. Outra recomendação está associada com o apoio ao desenvolvimento de novas estratégias, ou melhoria das existentes para desenvolver as capacidades dos animadores e dirigentes juvenis, e apoiar a sociedade civil na implementação de modelos ajustados de formação de animadores /dirigentes.

O reconhecimento e o aumento qualitativo da animação juvenil poderão ser rentabilizados, caso haja, a identificação das competências e métodos partilhados pelos agentes da animação e as diversas formas de intervenção. A empregabilidade jovem é um desafio permanente e audaz, quando ele é meta para os animadores e dirigentes juvenis e a sua mobilidade através de um melhor (re)conhecimento das suas qualificações e capacidades adquiridas pelas práticas.  

A Resolução do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros também sugere a promoção e apoio à investigação no domínio da animação juvenil e da política de juventude, e a disponibilização de informação sobre a animação e torna-la acessível através de mecanismos de informação, aumentando as sinergias e a complementaridade entre iniciativas da União Europeia, do Conselho da Europa e de outros organismos europeus, nacionais, regionais e locais. Esta medida é reforçada com a promoção de oportunidades de intercâmbio, cooperação em rede de animadores/ dirigentes juvenis, decisores políticos e investigadores no domínio da juventude.

A sociedade civil com afetação direta ao trabalho socioeducativo é incentivada a aumentar a plataforma de acessibilidade da animação juvenil a todas as crianças e jovens, em especial, as que têm menos oportunidades, bem como, promover a formação de animadores e dirigentes que exercem a sua atividade no domínio da juventude, com o intuito de garantir a qualidade das práticas de intervenção. A avaliação das abordagens, dos métodos e práticas de animação juvenil é uma das recomendações dirigidas à sociedade civil, que é desafiada a continuar a investir no desenvolvimento inovador através de novas iniciativas sustentadas nas experiências reais das crianças e jovens, dos animadores e dirigentes.

É salientada a importância do reconhecimento do papel da animação juvenil como plataforma de oportunidades de aprendizagem não formal. A animação deverá estar integrada nas políticas e programas de juventude por forma a possibilitar a todos os jovens, a aquisição e desenvolvimento de capacidades e competências necessárias à sociedade e à economia de 2020 e mais além.