quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A propósito das recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania»

Algumas das recomendações veiculadas no estudo «Cultura, Formação e Cidadania» suscitam uma reflexão cuidada.

A nossa apreciação sustenta-se na recomendação que propõe a criação de medidas de estímulo ao desenvolvimento de projetos artístico-culturais de base formativa; o reforço das artes e da cultura no meio escolar; e o aumento das oportunidades de formação-ação direcionadas aos docentes e educadores nos domínios da criação artístico-cultural.

O Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura foi aprovado pelo Despacho conjunto n.º 834/2005, de 4 de novembro de 2005, entre os ministérios da Educação e da Cultura. Este Despacho possibilita que as entidades da área da educação (agrupamentos de escolas e/ou escolas não agrupadas) e da área da cultura (museus palácios, monumentos, sítios arqueológicos, equipamentos culturais, …) possam desenvolver projetos em espaços escolares e ou em espaços de cultura, pressupondo sempre uma articulação entre entidades das duas áreas. O Programa alavanca o envolvimento de docentes e alunos e a potencialização de pontes de cooperação entre a Escola e os espaços de cultura.

O Programa  de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura contempla a possibilidade de parceria com câmaras municipais, juntas de freguesia, associações de pais, ATL’s, associações locais de defesa do património, associações de amigos de museus e outras entidades com experiência no âmbito das atividades educativas ou culturais.

A análise, avaliação e aprovação das propostas de adesão ao Programa, e o acompanhamento da execução do mesmo, é responsabilidade das comissões regionais de operacionalização e acompanhamento do Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura (CROA).

As atividades das comissões regionais são acompanhadas pela comissão nacional de acompanhamento do Programa de Promoção de Projectos Educativos na Área da Cultura (CNA). É da competência desta comissão realizar o relatório nacional, propor medidas para a execução do Programa, bem como, avaliar o Programa.

Há recomendações que de alguma forma vão de encontro a programas de promoção de pontes entre a educação e a cultura validados pelo Governo. Parece-nos importante avaliar o que menos positivo há nesses programas (se há), fazer as correções e ajustes necessários, por forma, a que seja possível materializar as recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania».

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Algumas conclusões e recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania»

O estudo «Cultura, Formação e Cidadania» desenvolvido no âmbito do Plano Cultura 2020, pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e coordenado pelo professor Carlos Fortuna, apresenta um conjunto de conclusões e recomendações que nos parece, importantes para reflexão a posteriori.

É fundamental tomar nota de alguns itens (conclusões e recomendações) relevantes do ponto de vista das possíveis e futuras práticas de intervenção sociocultural com as comunidades. Na verdade, algumas conclusões e recomendações atestam o que defendemos sobre a participação cidadã na vida cultural da comunidade e do envolvimento ativo das instituições da sociedade civil na discussão e reflexão dos projetos estruturantes no âmbito de uma política cultural municipal.

Uma das conclusões revela a importância do envolvimento dos grupos sociais mais desfavorecidos em atividades culturais que, mobilizam o envolvimento comunitário, ou que proporcionam aprendizagens artísticas e participação cultural ativa. Os resultados do envolvimento ativo reflete-se ao nível do reforço da autoestima e da autoconfiança; do desenvolvimento de capacidades pessoais facilitadoras do acesso à informação e de interpretação do mundo atual; no acesso às oportunidades de formação e aprendizagem ao longo da vida; na formação de competências criativas e de adaptação ao mundo laboral, ao mercado de emprego e aos recursos da informação e da comunicação; no reforço do sentimento de identidade coletiva e de envolvimento na vida comunitária, no combate ao isolamento e à exclusão; no incremento das capacidades expressivas, relacionais e interpretativas.

O estudo revela que o capital cultural, o nível de escolaridade, a condição socioprofissional e os níveis de rendimento são fatores determinantes para a desigualdade no acesso à cultura. A idade também é um elemento diferenciador, com tendência de uma quebra da propensão para as práticas culturais, entre a população idosa e reformada.

As regiões Autónomas da Madeira e Açores, o Alentejo e o Algarve, são as regiões que registam a maior fatia da despesa dos municípios no apoio às associações culturais, em atividades socioculturais. Este dado revela o papel determinante das autarquias para a sustentabilidade da atividade associativa.

Uma outra conclusão do estudo «Cultura, Formação e Cidadania» destaca a relevância das atividades artísticas na escola. Argumento sustentado em diversas análises que indicam que as atividades de educação artística podem potenciar um clima saudável no espaço escolar, sendo um catalizador de práticas e interações sociais positivas, combatendo o insucesso e o abandono escolar precose. 

As atividades artísticas e culturais extraescolares são sinalizadas como de grande importância, porque constituírem uma oportunidade de saída para determinados segmentos da população escolar, como também, uma via de acesso direto aos equipamentos vocacionados para a fruição e experimentação cultural e artística.

Entre as recomendações do estudo «Cultura, Formação e Cidadania», enunciamos a constituição de uma plataforma tripartida que envolva os responsáveis políticos pela tutela da cultura, da educação e da ação social e agentes com intervenção nestes campos de ação. Outra recomendação é a criação de medidas de estímulo ao desenvolvimento de projetos culturais e artísticos que integrem componentes formativas e de combate ao isolamento e ao alheamento dos idosos, numa perspetiva de troca de saberes e experiências entre gerações.

O desenvolvimento da monitorização e avaliação das medidas e dos projetos artísticos e culturais direcionados para o envolvimento de grupos e comunidades social e cultural mais desfavorecidas e excluídas é outra recomendação, tal como, a produção de informação atualizada sobre os agentes culturais, e em particular a participação associativa (com exclusão do desporto). 

Entre as propostas avançadas nas recomendações, sublinhamos o reforço das artes e da cultura no meio escolar, através do contacto sistemático dos alunos e docentes com diferentes linguagens artísticas e estéticas, e com os agentes artísticos e culturais mediante o recurso a visitas de estudo a diversos equipamentos artístico-culturais, fomento de residências artísticas de grupos e companhias, ou outras estruturas culturais no espaço escolar. 

Uma outra recomendação que mereceu o nosso acolhimento, é a defesa do aumento das oportunidades de formação-ação destinadas a professores e educadores nos domínios da criação artística e cultural.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Turismo e desenvolvimento comunitário


«Turismo e desenvolvimento comunitário» é o tema do Dia Mundial do Turismo 2014, celebrado a 27 de setembro. O tema realça o potencial do turismo para promover novas oportunidades para as comunidades, com destaque para a importância da participação comunitária na promoção do desenvolvimento do turismo sustentável.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) com a escolha deste tema pretende fomentar o debate sobre o contributo do turismo para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), projeto das Nações Unidas, a partir de 2015, que prioriza a participação local.

O Dia Mundial do Turismo 2014, direciona o foco de atenção para a equação de que o turismo pode propiciar e potenciar o desenvolvimento comunitário sustentável. O turismo com enfoque na comunidade, possibilita que esta se envolva no processo de tomada de decisões em função das prioridades de cada território, tornando-se uma comunidade participativa, que intervém ativamente no processo de desenvolvimento.

O turismo pode ser um catalisador de coesão social e (des)envolvimento comunitário através da criação de emprego, com consequências económicas positivas para a comunidade anfitriã. 

O secretário-geral da OMT, Taleb Rifai, na mensagem alusiva ao Dia Mundial do Turismo 2014, afirma que,
El turismo es una actividad económica sustentada en las personas, construída sobre la interacción social, y en este sentido, solo puede prosperar si integra a la población local incentivando valores sociales como la participación, la educación y la mejora de la gobernanza local. Al mismo tiempo, no puede haber un verdadero desarrollo del turismo si esse desarrollo obra de algún modo en detrimento de los valores y la cultura de las comunidades receptoras o si los benefícios socioeconómicos que genera no llegan a percibirse directamente en las comunidades.

A propósito dos Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas, e na preparação para o assumir do compromisso face aos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Taleb Rifai afirma que «Empoderar a los indivíduos y a las comunidades de todo el mundo a todos los niveles a través del turismo puede ser un paso fundamental para avanzar hacia estos objetivos». 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Programa de Estágios de Jovens Animadores do Museu da Electricidade

O Programa de Estágios de Jovens Animadores do Museu da Electricidade (PEJAME) promovido pela Fundação da Juventude, tem como objetivo proporcionar aos estudantes um aprofundamento dos conhecimentos técnico-científicos, através do contexto real de funcionamento do Museu da Electricidade, em Lisboa.

Esta experiência formativa possibilitará que os jovens desenvolvam capacidades pessoais de liderança, gestão de grupos, espírito de iniciativa e de equipa, compromisso e disciplina.

Os candidatos ao PEJAME deverão ter idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, e que sejam estudantes do ensino superior universitário (licenciatura, mestrado ou pós-graduação), em cursos com componentes em ciências (ambiente, eletricidade, eletrónica, energia, física e química), ou artes (arte multimédia, artes plásticas, ciências da arte e do património, comunicação cultural, estudos artísticos, história da arte, museologia produção e gestão cultural).

As candidaturas ao PEJAME decorrem até 19 de setembro de 2014. A realização do estágio de 6 meses tem início a 3 de novembro de 2014 e fim a 4 de maio de 2015.