quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Em retrospectiva

Estamos na recta final de mais um ano que na minha singela opinião foi positivo em vários campos da acção sociocultural. Foram concretizadas iniciativas que assinalam a presença incontornável da nossa existência, enquanto, Animadores Socioculturais mas com maior pujança a nossa militância pela cidadania activa e comprometida com o colectivo.

Não é menos verdade que muito ficou por realizar, engana-se quem pensar que foi pela ausência de engenharia humana, por falta de motivação do colectivo ou até por desinteresse e desnorte. Pelo contrário, foi necessário construir os alicerçes que sustentarão a nossa acção futura. Muitas vezes, é forçoso "reorganizar" as linhas de acção há muito programadas para que o futuro ambicionado seja uma realidade efectiva.

Na despedida do "ano velho" não posso deixar de assinalar o fortalecimento dos sentimentos de amizade, estima, respeito e consideração que nutro por pessoas que hoje tenho a certeza que estão no meu restrito circulo de amizades. É estimulante a partilha de conhecimentos, de opiniões convergentes e divergentes, de formas de estar na vida e não apenas de passar por ela. A distância não nos impede de partilhar o melhor da vida - a amizade e o respeito mútuo -, nem enfraquece a nossa capacidade crítica de reflectir sobre as questões da Animação Sociocultural, da cidadania e consequentemente da democracia.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Natal


É costume trocarmos votos festivos com aqueles que nos são próximos: familiares, amigos, vizinhos e colegas. Estabelecemos uma relação de proximidade harmoniosa com os outros.

O Natal tem o poder de transformar os Homens e o seu quotidiano. Ele é como um tempo mágico, um tempo de tréguas nas batalhas que travamos quotidianamente numa tentativa de afirmação da nossa existência e na conquista de um lugar no pódio da vida social.

Vejo e procuro fazer da época natalícia um tempo contínuo de esperança, de alimento para as utopias que fortalecem os espíritos inquietos com os flagelos sociais sobre os quais temos responsabilidades enquanto cidadãos. Para mim, o Natal continua a ser sinónimo de valores caros à Humanidade: a paz, o humanismo, a solidariedade, a fraternidade; valores que se traduzem num compromisso pelo bem comum.

Votos sinceros de um Feliz e Santo Natal. Que a natividade do Menino Jesus seja para todos nós o (re)acender do humanismo e do compromisso de dádiva por causas transformadoras do mundo em que vivemos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Plano Gerontológico da Região Autónoma da Madeira

O Plano Gerontológico da RAM "Viver mais, Viver melhor" 2009 – 2013 é de acordo com a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais um "... documento de orientação estratégica que, num quadro de referência, ensaia a definição de objectivos estratégicos e horizontes temporais, bem como define medidas que vão influenciar a adequação de um conjunto de respostas às necessidades das pessoas idosas para ainda enunciar metas e indicadores numa visão prospectiva de desenvolvimento táctico de maneira a construirmos modelos organizativos capazes de responder às novas realidades sociais que emergem."

Após uma leitura do Plano Gerontológico, entendo que o trabalho apresentado merece leituras interdisciplinares e de discussão dos possíveis contributos práticos que os diferentes profissionais oriundos das Ciências da Saúde, das Ciências Sociais e das Ciências da Educação poderão trazer para a gestão e concretização efectiva do Plano. As respostas sociais para com as pessoas idosas serão mais eficazes se envolverem os muitos profissionais do social, contrariando uma possível sobrevalorização de alguns em detrimento de outros técnicos com formação específica que também podem ser parte das respostas sociais e culturais das instituições públicas e privadas ao envelhecimento activo.

O Plano estabelece três grandes estratégias de intervenção: envelhecimento activo, dependências e segurança, capacitação e formação específica.

O envelhecimento activo implica uma participação contínua do idoso nas questões sociais, económicas, culturais, espirituais, cívicas e políticas da vida da e em comunidade. Ele (o envelhecimento) ... "é entendido como um processo de optimização de oportunidades nos domínios da saúde, da participação e da segurança, com o objectivo de prolongar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem".

Em matéria de capacitação e formação específica a envolvência activa dos idosos em actividades socioculturais ou através da formação contínua são um antídoto para a manutenção da vida activa, combatendo e retardando o aparecimento de doenças e incapacidades.

Das diversas medidas apresentadas no eixo de intervenção para o envelhecimento activo, destaque para o "apoio aos projectos e acções intergeracionais que incentivem a parceria, o intercâmbio e a valorização da pessoa idosa". A meta é envolver em projectos intergeracionais uma escola por concelho. Em resultado de um Estudo sobre os Idosos da RAM (1980) foi implementado um programa que entre outras medidas promoveu o ensino de adultos a idosos, tendo também sido desenvolvidas actividades de animação, de terapia ocupacional, entre outras medidas de carácter preventivo.

Já nos anos 90, da parceria entre o Centro Social e Paroquial da Encarnação, da Escola Básica e Secundária do Estreito de Câmara de Lobos e da Secretaria Regional de Educação foram criados pela primeira vez projectos intergeracionais na área escola e nos Clubes Intergerações nas Escolas Básicas e Secundárias do Estreito de Câmara de Lobos, no Galeão e no Funchal.

Outra medida estratégica daquele eixo, fundamenta-se no fomento/divulgação do turismo sénior, actividades culturais e de lazer e intercâmbios entre idosos. A medida proposta do turismo sénior vai de encontro ao defendido no Estudo Prospectivo dos Perfis Profissionais para o Reforço da Competitividade e Produtividade da Economia Regional (2007-2013) que aponta como oportunidades de futuro para a Região em matéria de saúde e bem-estar, maior exploração do potencial do turismo sénior associado a um conjunto de serviços de saúde, desportivos e de apoio pessoal à exigência de infra-estruturas, serviços e recursos humanos especializados.

O eixo de intervenção para as dependências e segurança aponta entre várias medidas, o reforço da rede de equipamentos sociais (Lares, Centros de Dia e Centros de Convívio) vocacionados para a pessoa idosa. Nestes equipamentos na RAM são desenvolvidas actividades sócio-recreativas, desportivas e culturais, manifestando-se já a consolidação de um trabalho intergeracional. Em matéria de equipamentos sociais colectivos, o Estudo Prospectivo defende a construção/reabilitação de equipamentos de convívio e de actividades lúdicas, culturais e recreativas, mas também a criação de empregos de proximidade com o intuito de uma gestão de actividades e de equipamentos colectivos privilegiados para a integração de grupos sociais desfavorecidos e marginalizados.

Uma outra medida é o desenvolvimento de um programa de formação para profissionais. Esta última medida é também apontada no eixo de intervenção para a capacitação e formação específica.

E porque vai de encontro às ideias apresentadas no Plano Gerontológico, sublinho duas intervenções estratégicas apontadas no Plano de Saúde 2004 - 2010 da Região Autónoma da Madeira: a "promoção da articulação interpessoal e intergeracional" e "dinamização de iniciativas de índole cultural que preparem o adulto para uma vida social satisfatória após o fim da actividade profissional".

Parece-me pertinente referir ainda que o Estudo Prospectivo dos Perfis Profissionais coloca a figura do Animador Sociocultural enquadrada em outras dinâmicas sectoriais, nomeadamente, no sector da Saúde e Serviços Sociais com competências em matéria de Animação e entretenimento para a saúde e bem-estar (serviços especializados, cuidados pessoais e de apoio à vida pessoal e familiar (serviços, processos e tecnologias).

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Experiência de Teatro Legislativo em Portugal

"A Ana acabou de entrar para o Ensino Superior. Precisa de bolsa para conseguir estudar, mas vai ser mais difícil do que pensava. Vendo a bolsa rejeitada, tenta fazer alguma coisa. Mas nem todos os colegas acham que valha a pena protestar, porque fica sempre tudo na mesma. Há professores que lhe fazem avisos sobre a sua impertinência. E a Reitoria apresenta-lhe soluções que não a convencem. Será que a única solução é contrair um empréstimo? Ou as coisas poderiam ser diferentes? Que obstáculos é que a Ana encontra? Que comportamentos e que leis ajudariam a que esta história tivesse um outro final? Se fosse possível mudar alguma coisa nesta história, o que mudarias?" (Sinopse da peça Estudantes por Empréstimo).

Esta é a história que fundamenta a primeira iniciativa de Teatro Legislativo em Portugal de acordo com José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda à Assembleia da República e mentor do projecto teatral Estudantes por Empréstimo. Esta é uma peça de teatro-fórum criada por um grupo de estudantes do Ensino Superior cujo desafio principal mais do que a participação de quem quiser aderir ao projecto é mudar o rumo à história, propor outras formas de agir a partir da história representada. É democratizar a política através do teatro.

De acordo com a informação disponibilizada sobre o projecto, os responsáveis pelo Estudantes por Empréstimo pretendem calendarizar um conjunto de apresentações e sessões de Teatro Legislativo em várias localidades. A etapa final deste projecto pioneiro em Portugal materializar-se-á com algumas das sugestões dos espectadores-actores transformadas em iniciativas legislativas (perguntas ao Governo, projectos de resolução, requerimentos ou projectos de lei) e com uma audição na Assembleia da República.

O Teatro Legislativo é a utilização da metodologia do Teatro do Oprimido com o intuito de mudar a Lei, porque o problema esta numa Lei ou num conjunto de Leis. As histórias concretas do quotidiano colectivo dos cidadãos é a sustentabilidade para a discussão e de provocação para o encontro de soluções que levem às alterações necessárias e justas da Lei; é um teste às formas de organização colectiva com a força necessária para provocar a mudança legislativa em função do bem comum.

O Teatro Legislativo humaniza a política, despoletando o debate a partir de uma história concreta. É um contributo muito válido que merece ser estimulado no sentido de proporcionar espaços descentralizados de discussão da política, dos problemas reais das pessoas e de promover o envolvimento activo dos seus protagonistas que são os cidadãos. É na promoção desta ideia que no fim de cada sessão de teatro-fórum, os espectadores-actores são convidados a apresentar sugestões, a tomarem parte activa na mudança que encontrará feedback nas iniciativas legislativas.

"O teatro político não é aquele que impinge soluções determinadas por outros, mas o que dá às pessoas o protagonismo de ensaiar e escolher as soluções que fazem sentido para a sua vida." (José Soeiro)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ciclo de Debates "Profissão e Profissionalização dos Animadores Socioculturais"

"Profissão e Profissionalização dos/as Animadores/as Socioculturais" é o tema que estará em discussão no ciclo de debates que a Delegação Regional da Madeira da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) promoverá em 2010. Esta iniciativa está integrada no ciclo de debates que acontecerá em território nacional promovido pela APDASC.

A Delegação Regional da Madeira da APDASC elegeu a FNAC Madeira como palco para a realização do ciclo de debates. A 13 de Março realizar-se-á o primeiro debate subordinado ao tema "Estatuto dos Animadores Socioculturais"; a 4 de Maio o tema em discussão será a "Formação em Animação Sociocultural em Portugal" e a 12 de Junho "Ética e Deontologia em Animação Sociocultural", tema que encerrará o ciclo de debates proposto para 2010.

Fazemos um apelo para uma participação activa dos Animadores da Madeira numa iniciativa que desejamos que se traduza num contributo válido para a discussão e concretização de acções futuras.