Há uma linha muito ténue que separa a leviandade da escrita da
realidade factual. Isto a propósito de um anúncio on-line de oferta de emprego
para «Animador SocioCultural com experiência», referência # 1934568, divulgado
no portal net-emprego, no dia 26 de
fevereiro de 2014.
Uma instituição social pretende contratar uma animadora
sociocultural com experiência para exercer funções na valência de centro de dia
com idosos. O insólito desta oferta de emprego, e sublinho insólito, entre os
vários requisitos é a exigência a que a(s) candidata(s) ao posto de trabalho
tenha(m) «conhecimentos em cozinha».
É de capital importância para a salvaguarda do bom nome da
instituição e da sua direção técnica, que haja o bom senso nesta matéria, no
sentido, de esclarecer cabalmente, sobre a oferta de emprego. É pretendido
recrutar um ajudante de cozinha ou um animador sociocultural? Estamos a falar
de duas profissões muito distintas: o ajudante de cozinha trabalha numa cozinha
em redor de tachos; e o animador sociocultural trabalha numa relação social e
educativa com pessoas.
Repudio a forma grosseira com que os agentes sociais, em
concreto, os animadores socioculturais são considerados por algumas
instituições, quando a legislação em vigor define os parâmetros técnicos e os
recursos humanos necessários ao bom funcionamento das instituições sociais,
nomeadamente, os centros de dia.
É lamentável que a direção técnica da instituição tenha
cometido um erro grosseiro e de uma atrocidade social e de classe para com os
agentes sociais, digna de um atestado de incompetência. É lamentável que a
direção do centro social desconheça o trabalho que o animador sociocultural
desenvolve com a população sénior.
Assumo a minha ignorância sobre um dos requisitos para
exercer funções de animador sociocultural numa instituição de acolhimento de
seniores: o domínio da arte da culinária. Talvez seja exigível, apenas em
alguns cérebros mais acutilantes.