domingo, 24 de outubro de 2010

A responsabilidade do contributo pessoal para o bem comum dos Animadores

Não é minha intenção construir cenários que de alguma forma possam sugerir outras leituras, ou que possam orientar quem ler os meus escritos para uma realidade paralela, que alguns de nós, certamente, já se apercebeu estar emergente e dificilmente, terá retorno ao ponto inicial. Por agora, olhemos para os factos.

Brevemente, realiza-se o almejado congresso nacional sobre a profissão e profissionalização dos Animadores Socioculturais organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC), um espaço de debate que desejo que seja profícuo na reflexão colectiva, mas, mais importante, que sai do congresso propostas concretas e credíveis sobre os temas centrais que têm alimentado os últimos debates sobre a Animação e os Animadores em Portugal. Presumo ser um desejo comum que deste congresso nasçam dinâmicas autênticas e comprometidas com o interesse da maioria, dinâmicas que valorizem as acções colectivas construídas nos últimos tempos.

É com apreensão que assistimos a um vazio que tem reflexos expressivos no debate sobre as questões da profissão que, pessoalmente, acreditava que fosse motivador e crescente na participação dos Animadores através das reflexões pessoais e colectivas expressas em fóruns, blogs, entre outros meios de comunicação e de ciberanimação. Enquanto dirigente da Delegação Regional da Madeira da APDASC manifesto a minha satisfação pela adesão e participação activa dos Animadores insulares nos debates realizados na Madeira ao abrigo do ciclo de debates preparatório do congresso nacional.

A democracia reserva um conjunto de direitos expressos no uso da liberdade pelos cidadãos; liberdade essa que no exercício de determinadas acções é pouco abonatório para a consolidação de um projecto nacional. Penso que devemos repensar seria e ponderadamente sobre o que desejamos para o futuro da profissão de Animador Sociocultural em Portugal. Apelo para que os Animadores que partilham destas preocupações manifestem as suas posições, as suas preocupações, expectativas, enfim, dêem o seu contributo para o debate que urge dinamizar numa perspectiva construtivista, acrescida de valor humano e sobretudo de seriedade para que a Animação e os Animadores em Portugal possam olhar o futuro com esperança e partilharem da co-responsabilidade com os dirigentes associativos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Declaração dos Participantes no Seminário Nacional República e a Juventude

No âmbito das comemorações do Centenário da República, o Conselho Nacional de Juventude promoveu o Seminário Nacional República e a Juventude que decorreu em Almada, entre os dias 2 e 4 de Outubro, do qual saiu uma Declaração subscrita pelos participantes. Os jovens subscritores, conscientes da responsabilidade representativa da juventude portuguesa vêem os valores republicanos como princípio basilar para uma reflexão crítica conjunta sobre a participação activa e o papel de protagonistas para o qual são convidados a assumir na transformação social.

A declaração dos participantes enuncia âmbitos de intervenção perante os quais os jovens devem assumir um pensamento crítico, interventivo e transformador. O associativismo e a participação juvenil são premissas base para uma acção activa dos jovens na vida comunitária e, consequentemente, factor de reforço dos espaços que promovem essa participação. As associações continuam a ser escolas de democracia, de formação cidadã e promotoras de igualdade de oportunidades no acesso aos palcos da discussão colectiva sobre temáticas que de outra forma a juventude dificilmente teria acesso ao debate.

A educação é vector estratégico do desenvolvimento social, cultural e económico do país. É necessário e urgente assegurar e promover o acesso de todos, incluindo as minorias que continuam a crescer e a ser minorias à Escola Pública reivindicada pelo Governo e sustentada nos ideais republicanos. É responsabilidade das instituições públicas, entre ela a escola, a garantia efectiva da aprendizagem ao longo da vida. Uma aprendizagem que encontra eco na educação não formal, prática educativa que pode e deve contribuir significativamente para a formação de cidadãos activos e críticos perante as realidades sociais.

A cidadania constrói-se através de processos contínuos de aprendizagens pelo exercício consciente e educador da participação individual e colectiva em favor de mudanças sociais; tarefa permanente que exige abordagens multidisciplinares e de envolvência da sociedade no seu próprio processo de desenvolvimento e transformação comunitária. O diálogo cooperante e institucional entre os diferentes organismos públicos e o sector privado é instrumento fecundo de renovadas políticas de inclusão que premeie a inserção dos jovens no mercado de trabalho.

A promoção da diversidade cultural é um princípio de uma sociedade democrática. Este princípio deve ser trabalhado com os jovens em vários âmbitos da educação formal e não formal, promovendo sempre um diálogo cooperante e respeitador das diferenças e orientações de cada indivíduo. Os valores republicanos devem integrar as acções previstas nas políticas de juventude premiando a participação, a envolvência democrática e consciente dos jovens nos mais variados sectores de decisão da vida juvenil comunitária.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

II Escola de Desenvolvimento Juvenil

A II Escola de Desenvolvimento Juvenil é uma iniciativa organizada pelo Conselho Nacional de Juventude, cujo objectivo visa a criação de um espaço global de "aprendizagem, diálogo e cooperação entre jovens e respectivas organizações juvenis, activos/as no desenvolvimento de actividades educativas sobre temáticas de interesse para a juventude".

No âmbito da realização da Escola de Desenvolvimento está planificado a realização de dois cursos de formação - Educação Não Formal e Educação para os Direitos Humanos -, espaços de aprendizagem que pretende congregar participantes das organizações juvenis de todos o país, docentes e técnicos do Instituto Português da Juventude com o intuito e à semelhança de edições anteriores, criar sinergias entre os participantes e consequentemente, a valorização da educação não formal em Portugal.

A prioridade de candidaturas será para os associados das organizações filiadas e parceiras do Conselho Nacional de Juventude, sem descurar, as candidaturas de jovens oriundos de organizações juvenis ou organismos cuja acção é desenvolvida com a juventude, instituições públicas, professores e demais educadores que desenvolvem projectos com jovens.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Animador Sociocultural, um facilitador de acções e dinâmicas comunitárias

As técnicas de intervenção, os conhecimentos multidisciplinares e aprendizagens teórico-práticas experienciadas na formação académica dos agentes socioculturais, atribui-lhes, um património intelectual simbólico que no mercado de trabalho é expectável, que haja a exigência organizacional para a rentabilidade contínua e crescente desse património no desenvolvimento e facilitação de acções e processos dinâmicos de intervenção comunitária com e dos diferentes grupos sociais.

A minha ténue experiência profissional, vivência quotidiana com diferentes agentes culturais e educativos com colectivos heterogéneos que exigem um trabalho contínuo, persistente, partilha e comunhão permanente de objectivos comuns para que os projectos e demais actividades de intervenção sociocultural possam singrar, exigem das minhas acções dinâmicas criativas e facilitadoras de processos de participação activa protagonizados pelos colectivos.

Os Animadores Socioculturais são facilitadores por excelência da cidadania, dos protagonismos dos colectivos, da promoção das culturas locais. Eles têm que desenvolver continuamente um trabalho de interligação e reforço dos laços sociais das forças vivas da comunidade em favor do bem comum. Facilitar não é dispor e utilizar de forma “abrupta” os recursos comunitários, os equipamentos culturais, o orçamento das instituições públicas. É antes, proporcionar meios e instrumentos que conduzam há construção de dinâmicas permanentes alicerçadas na participação entusiasta e responsável das pessoas.

É expectável, na minha modesta opinião, que os agentes da Animação – os Animadores – sejam educadores para a cidadania democrática e para a cultura. A educação não é tarefa exclusiva dos docentes. Ela é um labor de todos nós, agentes da mudança social, pois, a facilitação também é uma ramificação das dinâmicas socioeducativas no agrupamento das comunidades.

sábado, 2 de outubro de 2010

Por uma necessária autonomia da acção cultural

Fiquei um pouco preocupado quando tomei conhecimento através de um órgão de comunicação social sobre a "brilhante" ideia de um autarca, felizmente, sem pelouro, que defende uma concertação alargada de calendário com as autarquias limítrofes em matéria de promoção da actividade cultural. Ou seja, o senhor autarca defende uma acção cultural no município condicionada pela política cultural de outras autarquias, certamente com realidades socioculturais e educativas diferentes. Tudo isto, para que não haja coincidência de datas na realização das iniciativas culturais que acontecem autonomamente nos diferentes municípios.

Parece-me que aqui a preocupação política não está centrada na formação cultural das pessoas, na valorização da cultura enquanto bem colectivo, pelo contrário, a preocupação manifestada é consumada nos números que ajudam a materializar e a definir as estatísticas dos públicos da cultura.

Entre muitos problemas estruturais e de mentalidades há um resquício que não desaparecerá nos próximos tempos - o plágio das ideias no exercício da acção cultural municipal. O território insular pelas suas características geográficas condiciona toda a actividade social, económica e cultural. Esta realidade é incontornável, ela é um desafio permanente para os técnicos do pelouro da cultura das autarquias, leia-se, para os Animadores Socioculturais no sentido de estes agentes desenharem soluções criativas capazes de responder às necessidades socioculturais da população local. É necessário que os políticos com responsabilidades em matéria de políticas cultural e educativa tenham uma visão global e real do papel que a cultura assume como motor de desenvolvimento local.

É necessário a promoção da autonomia da acção cultural. Não podemos continuar a olhar para a cultura como números, mas sim, como um investimento nas pessoas através de projectos culturais e artísticos promotores de uma pedagogia cultural ou de educação para a cultura. A formação de públicos é um trabalho contínuo e diversificado nas suas diversas modalidades. As plateias repletas de pessoas nem sempre é sinónimo de um público educado, interessado, fruto de um trabalho de democracia cultural, arrisco a afirmar que é qualquer coisa de efémero. Os agentes socioculturais não podem centralizar a sua acção nos números, devem sempre premiar a autonomia da acção sociocultural e educativa com as pessoas.