sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A educação para a cultura: o papel da animação sociocultural

A educação para a cultura deverá acentar nas premissas da educação comunitária e da animação sociocultural.

A educação comunitária é um processo educativo permanente que, segundo Moacir Carneiro (1987), deriva de uma clara opção política, cujo objetivo é a organização comunitária  da vida associativa como processo de aprendizagem, de pedagogia do quotidiano visando a transformação social, os processos de mudança individual e coletiva pela educação não formal.

A primeira etapa da educação comunitária é a formação de uma consciência política no indivíduo e na comunidade. A educação comunitária é a educação para a comunidade, pela comunidade e com a comunidade. Esta trilogia do processo aplicada à educação comunitária, também o é, na animação sociocultural, ou seja, acenta na premissa de envolver para desenvolver nos indivíduos e nos grupos uma consciência cidadã crítica e transformadora. As associações locais são agentes privilegiados da educação comunitária.

Consideramos que o social fundamenta-se no capital humano. É na cultura enquanto matriz identitária individual e coletiva dos grupos e comunidades que os indivíduos projetam as suas histórias de vida, alicerçam as suas ações coletivas e constroem plataformas de participação ativa na vida comunitária. O educativo é a alavanca de processos informais não formais não formal de aprendizagens em múltiplos contextos comunitários.

Estamos crentes na necessária formação dos públicos para a cultura, em especial, para as artes. A familiaridade do animador sociocultural com as expressões e as práticas artísticas contribuirá para uma maior e real aproximação e formação de públicos. Os projetos de educação artística fundamentados nas metodologias da animação sociocultural deverão estar orientados para um processo de pedagogia cultural, para a literacia artística criando espaços de contextualização, de envolvimento, de descoberta, de experimentação e de participação dos sujeitos no processo e, não somente, um papel de fruição e de consumo culturais.

A proximidade do animador sociocultural com as expressões artísticas, quer pela sua formação inicial e contínua, quer pelas suas práticas através do trabalho desenvolvido com as comunidades e numa lógica de relação com os demais agentes (artísticos, educativos e outros agregados ao campo das artes) poderá ser um sério contributo para a formação dos públicos.

O animador sociocultural deve legitimamente contribuir de forma autónoma e pedagógica para a fruição cultural dos cidadãos, com recurso as mais variadas manifestações artísticas e culturais com ligação à comunidade. Os animadores socioculturais desempenham um papel de relevo na formação cultural comunitária com recurso aos processos de mediação e literacia artísticas através das aprendizagens não formais enquanto dinâmicas de inclusão social e cultural.