quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um excelente exemplo de trabalho em rede de instituições sociais

Dia dos Avós: Bragança está a preparar manual da animação sénior

Os responsáveis por instituições de várias aldeias do concelho de Bragança querem tornar os dias dos idosos nos lares mais ativos e animados, com um projeto que contempla a publicação de um guia para motivar a atividade sénior.
A ideia nasceu de uma lacuna detetada pelos centros paroquiais de Santa Comba de Rossas, Santo Estêvão, Pinela, São Roque e Salsas, que concluíram existirem poucas atividades destinadas a idosos, ao contrário do que acontece com outras faixas etárias, como jovens e crianças.
Segundo explicou hoje à Lusa João Carlos Estevinho, o responsável pelas instituições em causa, no âmbito do trabalho em rede que têm desenvolvido decidiram avançar com um estudo/projeto de animação sénior à procura de formas de "motivar a atividade, conhecendo o envelhecimento".
O projeto, de acordo com o responsável, procura "ir ao encontro do gosto dos idosos" e descobriu que os jogos tradicionais assumem-se como uma motivação comum aos cerca de 20 idosos que estão a participar na fase de estudo.
"Os lares, às vezes, são uma pasmaceira, porque há pouca coisa adaptada à nossa realidade e a ideia é criar motivação a partir de algo muito conhecido dos nossos idosos, que são os jogos tradicionais, como a malha, o fito ou de mesa", afirmou.
Com estas atividades pretendem contribuir "para o bem-estar, a recuperação dos idosos e ajudar a retardar o processo de envelhecimento e de patologias limitadoras".
Desde o início do ano que uma equipa composta por seis técnicos superiores e o presidente das instituições efetuaram estudos sobre motivação e conhecimento do processo de envelhecimento e jogos tradicionais e outros, associado ao trabalho que realizam em lares de idosos e serviços de apoio domiciliário.
Os promotores comemoram hoje o Dia dos Avós com atividades integradas no projeto, que, durante os meses de julho e agosto, têm em curso os jogos em oficinas de animação, "para verificação da adequabilidade destes ao bem-estar e progresso individual e coletivo, bem como ao retardar do processo degenerativo, proveniente de algumas patologias associadas à idade".
João Carlos Estevinho garantiu à Lusa que os "resultados são animadores".
O estudo deve estar concluído em setembro e até ao final do ano esperam reunir num livro as conclusões.
O propósito é disponibilizar a outras instituições congéneres "um contributo, um instrumento", para motivarem a atividade e animação sénior.
As receitas deste novo manual para o envelhecimento ativo servirão para ajudar a financiar as atividades destas instituições dedicadas aos seniores.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Revista Quaderns d’ Animació i Educació Social

Está disponível o número 16, da Quaderns d’ Animació i Educació Social. Esta publicação semestral tem como principal público os agentes da animação sociocultural, da educação popular e da educação social, bem como, o mundo universitário.

O número agora publicado conta com uma colaboração portuguesa. A prof. Sónia Alexandre Galinha assina o artigo «Los Factores de Sostenibilidad Social en la Educación – La Dinámica Intersubjetiva de la Era de la Globalización».

«LA ANIMACIÓN SOCIOCULTURAL. DE LA MILITANCIA TRANSFORMADORA A LA ACCIÓN SOLIDARIA Y LIBERADORA» é o ensaio editorial da responsabilidade do editor da revista, o prof. Mario Viché. «Las acciones de Educación para el Desarrollo como manifestaciones de Animación Sociocultural» é outro trabalho que destaco é assinado por Mª Dolores Atienza Ibáñez.

domingo, 8 de julho de 2012

A função social e cívica da animação cultural de Fernando Namora

O capítulo «Cultura e animação cultural» da obra a nave de pedra cadernos de um escritor originou em mim, uma deambulação por realidades comunitárias reais e atuais, que à luz da escrita de Fernando Namora são um retrato político, social e cultural, resultado de um projeto político-partidário, mas que carecem de sustentabilidade em matéria de participação da comunidade e de um projeto cultural capaz de ser agregador de uma agitação intelectual e artística, ou seja, construi-se os equipamentos mas falta-nos o essencial, a comunhão comunitária do projeto. É urgente educar para a cultura, é preciso que as pessoas voltem a sentir o pulsar do ser comunidade.

É com preocupação que observo o mapa geográfico do sociocultural e perceciono que nós, talvez, enquanto comunidade, não somos capazes de gerar na nossa espontaneidade individual e coletiva mecanismos de revitalização de dinâmicas de festividade, de socialização capazes de produzir na agitação do pensamento e da ação, produtos culturais, ou revitalizar alguns que pela incúria dos homens ou na sua finita inteligência julgaram ser «coisas» do primitivo «homo sapiens». Porque não, projetar com e para a comunidade um programa de salvaguarda da cultura popular, porque é neste universo de símbolos e de rituais que estão as nossas raízes identitárias e o nosso simbólico cosmos. Houve um plano de realizações de espaços para a cultura, mas esquecemo-nos de provocar um processo de educação comunitária para um quadro sociocultural e político que privilegie as diversas expressões e manifestações da cultura, ou talvez, deixamos que outros se encarregassem desse empreendimento,

A cultura é a bússola que orienta o espírito humano. O homem deve ser educado para o que é a cultura, respeitando a sua diversidade e salvaguardando as muitas expressões peculiares e identitárias da matriz cultural de um povo. Em que sentido pode a animação cultural contribuir para a consciencialização dos indivíduos em matéria de promoção da cultura, em especial da cultura popular? Que lugar tem a cultura no projeto político de um município ou de uma região? Celebrar a festa, a cultura de um povo não é só promover espetáculos e festivais. É valorizar as memórias na celebração da cultura local, é privilegiar o que demarca um povo dos outros, é projetar para o exterior a riqueza cultural e patrimonial, promovendo um destino de turismo cultural.  

A gestão administrativa do território não pode ser oposição à manutenção de rituais comunitários, como fonte de produção da cultura popular. A animação cultural tem um papel tão necessário como urgente na salvaguarda e na manutenção das redes de sociabilidade comunitária. As casas da cultura e outros equipamentos comunitários são recursos que precisam de um projeto de dinamização sociocultural mas é fundamental que a comunidade local seja parte integrante e ativa da dinâmica. As palavras escritas por Fernando Namora continuam atuais e são de uma inteligência social e cívica sobre a qual, devemos refletir e depois agir, cabalmente.