terça-feira, 24 de novembro de 2009

Massa Crítica

As minhas vivências quotidianas estão intimamente ligadas a um contínuo processo de socialização cada vez mais experienciado nas práticas profissionais que pessoalmente, defendo que devem ser progressivas em domínios de intervenção diversificados, mas, complementares entre si. É na experimentação das ideias, no confronto do debate que é possível descobrir novos âmbitos de investigação/intervenção e descontruir discursos que carecem de modernidade conceptual. Este objectivo que deve ser central à acção dos agentes da sociocultura exige o que as minhas suspeitas têm vindo a confirmar: ausência de uma massa crítica capaz de exercitar a cidadania com vigor de carácter, criatividade de pensamento e de acção face às realidades socioculturais da sociedade em que vivemos.

Infelizmente, muitos de nós vive para o imediato, centrado no seu mundo, vivendo como ilhas, sem a determinação necessária de contribuir para a desconstrução de paradigmas que precisam de renovação experiencial e de vivência comunitária em favor do bem comum. Uma atitude que passa pela fermentação de massa crítica capaz de trazer inovação e renovação aos grupos de pertença, especialmente, aos grupos socioprofissionais.

É urgente que se transforme a passividade fomentada na descrença dos valores, do humanismo, do espírito implusionador de acções fortalecedoras da sociedade civil em mecanismos capazes de gerar dinâmicas sociais e culturais comunitárias empreendedoras de uma nova política de convivência colectiva. Cada um de nós tem a obrigação de contribuir positivamente para o bem-estar colectivo, para os processos criativos de Animação Comunitária; até de reinventar a cidadania activa no grupo de pertença. É esta ideia de cidadania que precisa de massa crítica que incomode os interesses de alguns e contribua de forma civilizada para a afirmação identitária de muitos.

Entendo que os Animadores têm a obrigação ética de implusionar a formação de massa crítica através da concretização de programas e projectos de Animação Sociocultural. Não aceito que a passividade e a resignação perante as contradições da vida sejam palavras de ordem, pelo contrário... Para mim, a utopia continua a ser palavra de ordem.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Curso de Formação "Organização e Animação dos Campos e Colónias de Férias"

A Associação UPAJE em parceria com a Escola Superior de Educação de Coimbra promoverão o Curso de Formação de Animadores/as de Campos de Férias, a iniciativa que está integrada na cadeira de Organização e Animação de Campos e Colónias de Férias do Curso de Animação Socioeducativa daquela Escola Superior de Educação, decorrerá entre os dias 3 e 8 de Dezembro de 2009, com um dia de reunião de preparação em Alfragide, a 28 de Novembro. A formação terá lugar no Centro de Férias e Actividades da UPAJE, em Vila Nova do Ceira, Góis (Coimbra).

O curso tem como objectivos: perceber o potencial dos campos de férias como potencial recurso pedagógico, enquanto parte de uma actividade educativa permanente; aperceber-se do percurso histórico e do lugar que as actividades de tempos livres e lazer ocupam na sociedade; associar aos campos e colónias de férias, uma dinâmica própria de funcionamento; perceber a relação existente entre projecto de trabalho e programa de actividades; analisar sob os seus diversos aspectos, a relação da equipa com a colónia/ campo de férias como um todo; entre outros objectivos.

A Coordenação do curso estará à responsabilidade dos docentes do Curso de Animação Socioeducativa da Escola Superior de Educação de Coimbra que leccionarão os conteúdos programáticos de acordo com a seguinte estrutura curricular:

1. O Enquadramento social e histórico das colónias e campos de férias;
2. Os campos e colónias de férias como importantes contextos socioeducativos;
3. Tipologias de actividades;
4. Técnicas e recursos educativos;
5. Elaboração de programas educativos;
6. A vida quotidiana do animador no Campo de Férias – papel e funções;
7. Dinâmica de Grupos;
8. A preparação, organização, dinamização e orientação do grupo;
9. Dispositivos pedagógicos geradores da co-responsabilização, autonomia e autogestão.
10. Prevenção e segurança nas actividades

Para mais informações e inscrições, clique aqui.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Novo número da Revista Práticas de Animação

Está on-line o número 3 da Revista Práticas de Animação, uma edição da Delegação Regional da Madeira da APDASC e que conta com o apoio da Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural (RIA).

O número actual, o mais participado, é um sinal inequívoco da sedimentação de um projecto editorial no campo da Animação Sociocultural nascido em território insular. Destaque para a diversidade de contributos (Portugal, Espanha, Brasil, Venezuela, Uruguai e República Dominicana) que fundamentam os conceitos e as práticas da Animação.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um novo ciclo de políticas para a cultura?

As políticas autárquicas estão indissociavelmente conectadas a um ciclo político que marca a agenda das políticas culturais locais. Estas políticas precisam de novos estímulos que devem continuar a estar sustentados no envolvimento da comunidade associativa, dos agentes culturais e educativos. É com estes actores do desenvolvimento que será possível construir um programa municipal que reúna um conjunto de sensibilidades e competências científicas e técnicas no domínio da acção cultural.

O novo ciclo autárquico que agora começa é um tempo primordial para a discussão e concretização efectiva do enquadramento da participação activa da comunidade. Há acções no domínio da cultura que são fundamentais para a sustentabilidade de uma acção política que precisa de vigor e sustentabilidade para a prossecução dos objectivos do desenvolvimento cultural. Há sinais claros de mudança nas orientações de algumas das políticas locais, sinal da leitura das realidades sociais, do empenho do elenco político municipal para a mudança necessária.

As políticas da cultura não podem ser desenhadas somente por políticos teoricamente iluminados pelo espírito da verdade absoluta, engavetados em gabinetes, pelo contrário, as políticas têm que nascer do quotidiano vivido pelos grupos, pelas comunidades rural e urbana, pelas práticas profissionais dos agentes socioculturais que actuam no território cultural, num diálogo permanente e construtor de "pontes" entre a administração municipal e os actores do desenvolvimento comunitário. Os agentes socioculturais podem e devem ser essas "pontes" de transição das vivências colectivas nos espaços de socialização, de criação e descentralização culturais com os eleitos locais. Os políticos e os técnicos têm de se empenhar num trabalho sério que perspective a definição de orientações da acção cultural duradouras no tempo, e não de políticas a curto prazo mediadas por um ciclo político.

A administração autárquica deve exigir uma participação activa aos actores da cultura, envolvê-los no processo político de sedimentação de caminhos para o desenvolvimento sociocultural das gentes locais. Este é um processo democrático que exige abertura de espírito e de cooperação entre todos. Só assim, um dia os agentes socioculturais poderão dizer que contribuirão para a definição de uma política cultural no âmbito municipal. Uma política aberta à mudança e alicerçada na multiplicidade dos contributos da comunidade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

As minhas experiências como Animador Sociocultural

É sempre um acto intimista quando o exercício a que nos propomos implica a reflexão sobre o nosso percurso de vida, mesmo que seja, o percurso profissional. Não posso deixar de associar à construção das minhas práticas de Animação Sociocultural na Região Autónoma da Madeira, porque é neste território concreto que trabalho e a partir do qual, tenho vindo a reflectir sobre a Animação Sociocultural e os Animadores. Este é um percurso de homem livre carregado de utopias, de vontades e acima de tudo, de construir a mudança com aqueles que acreditam em valores que estão para além da nossa curta existência e que norteam as práticas de intervenção sociocultural.

Abordar as experiências profissionais desde as práticas da Animação Sociocultural é falar de um desafio permanente na consolidação de um espaço profissional que se apresenta como um "mundo novo" a ser conquistado quotidianamente. Felizmente, quando ingressei no mercado de trabalho tive a oportunidade de exercer funções de Animador Sociocultural numa autarquia, não que a instituição me "transforma-se" em Animador ou que me sinta superior a alguém, mas sim, pelas possibilidades que se abriram para colocar em prática um conjunto de saberes. Continuo a trabalhar numa autarquia exercendo as funções de Animador Sociocultural, sem nunca ter perdido o sentido do que é a Animação Sociocultural; pelo contrário, foi ganhando o sentido de oportunidade e descobrindo os muitos e possíveis contextos de exercício da Animação Sociocultural com os grupos e comunidades no âmbito local.

Sempre me defini como Animador Sociocultural e continuo a fazê-lo, porque acredito que é o meu trabalho quotidiano fundamentado num conjunto de ensinamentos teórico-práticos adquiridos em contexto formativo que permite-me analisar as realidades socioculturais locais, regionais e, até nacional. Conjugo esses saberes com as práticas que se vão transformando em certezas daquilo que sou profissionalmente, que ajudam-me a reflectir sobre o que é a Animação Sociocultural, ou melhor, a acrescentar alguma coisa às reflexões que são produzidas pelos académicos que foram e continuam a ser para mim, referências incontornáveis da Animação.

Nos meus escritos tenho procurado sempre partir das realidades que me são familiares profissionalmente, das leituras que procuro fazer, das minhas práticas como Animador Sociocultural remunerado e voluntário no movimento associativo, sempre sustentado num exercício de reflexão crítica. Acredito que este é um trabalho necessário para que possa evoluir, para acrescentar valor ao meu património intelectual, mas preferencialmente, para gerar espaços de discussão com outros Animadores que acreditam nos mesmos valores e defendem que é possível discutir os contextos de intervenção numa outra perspectiva da Animação Sociocultural.

A Região Autónoma da Madeira, especialmente a partir dos anos 90, sofreu uma evolução positiva no que se refere aos equipamentos colectivos, sociais e culturais. Classifico como uma referência para o exercício das práticas da Animação Sociocultural, ou de Gestão Cultural para outros. Independentemente das diferentes posições sobre esta matéria, os equipamentos socioculturais, nomeadamente, os Centros Cívicos são uma escola prática para o exercício da Animação Sociocultural no território insular. Pela minha relação de proximidade com estes equipamentos, nomeadamente, por razões laborais tenho adquirido um conjunto de ferramentas e desenvolvido competências que contrariamente ao que se possa dizer e escrever, não são incompatíveis com as funções de Animador, antes, complementares.

Este é o testemunho telegráfico das minhas experiências por terras de Tristão Vaz e Gonçalves Zarco. Muito mais há a dizer sobre elas. O que importa são as nossas experiências e com elas, a definição do nosso percurso de vida como Animadores Socioculturais. A história é construída por Homens e factos que se vão consolidando e ficam registados para memória futura.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

As práticas de Animação Sociocultural

O Prof. Avelino Bento no post Que Animação Sociocultural? Sei que não vou por aí, coloca em foco a necessidade de se discutir as práticas de Animação Sociocultural e respectivas funções do Animador, com enfoque, naquelas protagonizadas pelos muitos Animadores no exercício decorrente da actividade profissional, grupo de agentes onde revejo-me como Animador. Uma reflexão urgente, creio eu, que precisa de ser estimulada e compreendida à luz das diferentes realidades sociopolíticas, geográficas, culturais e sociais.

Reconheço que as nossas preocupações têm passado pelo debate de outros temas que preocupam os Animadores, talvez, pelo mediatismo do tema entre os Animadores, ou porque determinada matéria continua a ser alvo de múltiplas leituras e de diferentes tomadas de posição. Reflectir as práticas de Animação é o assumir das debilidades e potencialidades dos Animadores Socioculturais no seu quotidiano profissional; é colocar em evidência o trabalho protagonizado por cada um de nós. Estou em crer que as possíveis reflexões trazidas à luz do dia por muitos de nós será um contributo positivo para todos: docentes dos cursos de Animação, estudantes, investigadores e Animadores Socioculturais.

Cada um de nós tem um papel activo a desempenhar na discussão das práticas de Animação Sociocultural. Uma discussão que passará pela experiência profissional, por um conhecimento adquirido pelo "casamento" entre a teoria interiorizada decorrente dos ensinamentos do curso e a prática experienciada nos terrenos da Animação. Aceito o desafio, brevemente, vou relatar neste espaço a minha vivência como Animador Sociocultural no território insular.