segunda-feira, 28 de outubro de 2013

XVII Congresso Internacional de Animação Sociocultural


A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) organiza o XVII Congresso Internacional de Animação Sociocultural que realiza-se nos dias 15 e 16 de novembro próximo, no Cineteatro de Mértola. A temática em debate será «Animação Sociocultural, Cidadania e Política Europeia».

Há semelhança de congressos anteriores organizados pela APDASC, a temática do XVII congresso está associada à efeméride «Ano Europeu dos Cidadãos» 2013. A APDASC afirma que o congresso assume-se «(…) em estreita consonância com os núcleos decisores europeus e que discutirá as problemáticas em torno dessa cidadania europeia». Os objetivos do congresso estão alocados à problematização sobre a relação e do contributo da animação sociocultural com a economia social e o desenvolvimento sustentável; o impacto das políticas sociais europeias na sociedade e nas instituições, que são os contextos de intervenção dos animadores. A interculturalidade e as minorias sociais na europa e as questões agregadas à formação e ao futuro da profissão do animador no espaço europeu são objetivos que estarão na mesa do debate durante o congresso.

Os dois dias de trabalhos do XVII Congresso Internacional de Animação Sociocultural dividem-se pelos seguintes painéis: economia social e desenvolvimento sustentável, multiculturalidade/interculturalidade – o animador face à diversidade cultural, políticas sociais/agentes comunitários, a formação e futuro da profissão no espaço europeu, práticas de animação em contextos religiosos, a animação sociocultural e a promoção dos cidadãos com deficiência.


 Mais informações em www.congressoapdasc.com



sábado, 19 de outubro de 2013

«PAIDEIA – Animação Artística nas Escolas Secundárias»

A escola enquanto espaço aberto à formação integral dos jovens, também é espaço para a sua participação em projetos culturais no domínio do «extra-escolar». A escola tem um papel fundamental de intervenção nos processos de educação para a cultura e as artes, em particular. É importante congregar energias com base na cooperação das organizações educativas e culturais da sociedade civil, isto porque, a escola deverá ser uma instituição aberta à participação da comunidade, mas mais importante, é estar aberta à participação juvenil.

A escola à semelhança do movimento associativo também pode ser um espaço para a aprendizagem social pela participação, um estádio de desenvolvimento que poderá acontecer com a participação dos jovens em projetos no seio escolar que sustentem a dimensão da criatividade, da liberdade e autonomia dos jovens. Falamos de projetos que sejam complementares aos currículos, onde o processo educativo assente em metodologias de aprendizagem pela educação não formal, valorizadoras da implicação dos jovens no processo.  

O programa «PAIDEIA – Animação Artística nas Escolas Secundárias» é um ótimo exemplo de um projeto de animação sociocultural em meio escolar, apoiado na metodologia e princípios da educação não formal. O «PAIDEIA» foi criado pela Portaria n.º 58/97, mas implementado anteriormente, em 1993 pelo Clube Português de Artes e Ideias, responsável pela produção do projeto. A referida Portaria atribuiu a gestão do programa ao Instituto Português da Juventude que previa a possibilidade da participação de associações juvenis e outros organismos na gestão do programa.

Jorge Barreto Xavier (1993:4) referindo-se ao projeto «PAIDEIA» diz acreditar 

(…) na sua utilidade na área específica das Artes, do estímulo à criatividade, ao espírito crítico, à facilitação do acesso a certos universos reais e imaginários. 
Não é só na Indústria os nos mercados financeiros que se decide Portugal. Decide-se, lado a lado, com a Educação e a Cultura. (...)
De que nos servirão as tecnologias se não tivermos homens imaginativos e críticos para as manobrar?


O projeto é uma proposta de atividades culturais para o público estudantil do ensino secundário, proporcionando espaços de fruição cultural aos jovens e atividades no domínio das artes plásticas, banda desenhada, ilustração, literatura, teatro, fotografia, música e dança. Parece-nos ser um excelente contributo para a aproximação da via educativa da cultural, uma forma concreta de educar para as artes e de formação de públicos esclarecidos e críticos, capaz de «(…) despertar novos interesses dentro e fora da escola» (id., 12). 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Declaração da Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens

A compreensão do trabalho com os jovens carece de uma aturada reflexão e discussão sobre as questões políticas e os desafios que se colocam no exercício do trabalho com os jovens, compreendendo esta prática como animação de jovens.  Apresentamos como síntese, o que consideramos as linhas força da Declaração da Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens, realizada na Bélgica, em Ghent, entre os dias 7 e 10 de julho de 2010.

O trabalho com jovens (animação de jovens) é definido na Resolução do Conselho relativa a um quadro renovado de cooperação europeia no domínio da juventude (2010-2018) como,

(…) uma grande diversidade de actividades sociais, culturais, de natureza educativa ou política efectuadas simultaneamente por jovens, com jovens e para os jovens. Nestas actividades incluem-se ainda, cada vez mais, o desporto e os serviços aos jovens. A animação de jovens pertence ao domínio da educação «extra-escolar» e das actividades específicas de lazer geridas por animadores e dirigentes juvenis (profissionais ou voluntários), e assenta em processos de aprendizagem não formal e na participação voluntária.

A Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens pretendeu «(…) ligar o passado, o presente e o futuro do pensamento e da prática do trabalho juvenil ». O trabalho com os jovens proporciona espaço para a associação, a atividade, o diálogo e a ação; e onde é dado apoio, oportunidades e experiências para os jovens serem atores da mudança. O trabalho juvenil é orientado em função de princípios de participação e empoderamento dos jovens e por valores humanos e democráticos. Este modelo de ação comunitária exercida com e para jovens e as suas comunidades é fomentado por um conjunto de políticas e conhecimentos académicos/científicos.

O trabalho com jovens definido no decorrer da Convenção é definido como a prestação «de espaço e oportunidade para os/as jovens moldarem o seu próprio futuro». Esta prática social é flexível e evolutiva no tempo e no espaço em consequência dos grupos, dos métodos, dos temas e contextos de intervenção. Há desafios agregados à formação, à qualidade e às qualificações de quem trabalha com os jovens.

Na Declaração da Convenção é focado a necessidade de uma aproximação dos decisores políticos com vista ao conhecimento mais profícuo do trabalho juvenil, o mesmo acontece em relação aos trabalhadores com jovens, no sentido de estes compreenderem melhor de como a política é feita e como se faz. É destacada a necessidade do envolvimento dos trabalhadores juvenis na definição das políticas de juventude e na discussão do foro político sobre os temas relacionados com a vida dos jovens. É importante que os jovens através das organizações associativas e outros jovens não organizados, sejam envolvidos no desenvolvimento das políticas de juventude, o que constitui a superação do «(…) desafio da sua identidade e o medo da instrumentalização».

No trabalho com os jovens há desafios que deverão ser concretizados, nomeadamente, a inclusão dos jovens e das suas organizações como parceiras no ativismo para a promoção da diversidade em sociedade, com base nas novas realidades interculturais e inter-religiosas na Europa do século XXI. O desenvolvimento comunitário ou a ação comunitária como formas de trabalho com os jovens dever-se-ão adaptar e refletir aos novos tempos.

A qualidade da prática do trabalho com os jovens é considerada uma «prática atípica profissional» desenvolvida por trabalhadores voluntários e remunerados. A divisão de trabalho e dos papéis assumidos por ambos os trabalhadores é inexistente, com a ressalva de que devido às suas diferenças, os desafios centram-se nas questões da qualidade, competência e conhecimento. Dá-se ênfase à possibilidade da criação a nível europeu e aplicado através de estruturas nacionais de roteiros para a validação individual que defina os padrões de qualidade e da identificação de competências genéricas, através da acreditação da aprendizagem prévia e auto-regulados por um código de ética profissional que conduziria o comportamento dos trabalhadores juvenis no contacto com a juventude.

É defendido que a formação dos trabalhadores com jovens deve ser flexível, adequada e incremental e a sua dimensão europeia deverá ser intercultural, transnacional e ligada metodologicamente a um programa europeu. Não só os recursos deverão ser alocados a tais necessidades, mas também, o reconhecimento do trabalho com os jovens interna e externamente às estruturas políticas de juventude.

A Convenção reconhece a responsabilidade dos trabalhadores juvenis para contribuírem dentro das suas possibilidade nas agendas e objetivos definidos na Declaração da Convenção Europeia de Trabalho com Jovens, apesar da necessidade de se emanciparem política e financeiramente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Declaração de Braga sobre Políticas Autárquicas de Juventude


As políticas municipais de juventude constituem um desafio para os decisores políticos. A planificação destas políticas têm sustentar-se na democracia participativa, pelo exercício da cidadania ativa dos jovens e das suas organizações, bem como, na transversalidade com outros domínios sectoriais das políticas locais: cultura, educação, desporto, ação social, habitação, associativismo, emprego, ambiente, inclusão social e cidadania.

A «Declaração de Braga sobre Políticas Autárquicas de Juventude» é assumida pela Federação Nacional das Associações Juvenis (FNAJ) como um referencial estratégico para a governação municipal em matéria de políticas de juventude, que não poderá resumir-se à simples promoção de atividades de entretenimento dos jovens, tem que alicerçar-se na cidadania participativa da juventude, têm que responder cabalmente aos desafios e às necessidades dos jovens.

Os conselhos municipais de juventude são excelentes plataformas para a promoção do diálogo estruturado entre os jovens e os decisores políticos, espaços de participação ativa das organizações juvenis, de promoção e de educação para os valores da democracia.

É proposto que a orientação política de juventude do município esteja alicerçada num conjunto arquitetado de vetores, nomeadamente, na democracia participativa, na territorialização, na transversalidade, na diversidade, na permeabilidade, na coresponsabilização e cogestão.

A «Declaração de Braga» identifica-se na enunciação de princípios democráticos elencados na participação, na cidadania ativa, no voluntariado jovem, no envolvimento dos vários agentes educativos formais e não formais, os líderes juvenis como atores das políticas articuladas ao nível do planos regional, nacional e europeu.

Recomendo aos animadores socioculturais, em especial, aos que trabalham com jovens, aos autarcas, às associações juvenis, aos jovens, às organizações da sociedade civil e demais agentes com intervenção no domínio da juventude a a leitura atenta do documento e a exercerem ativamente os princípios enunciados na «Declaração de Braga sobre Políticas Autárquicas de Juventude» e talvez, sejamos capazes de iniciar um processo de diálogo estruturado e intersectorial, promotor do verdadeiro referencial da ação política coletiva em matéria de políticas municipais de juventude.

sábado, 5 de outubro de 2013

Definir prioridades com responsabilidade social

A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) é a promotora de uma petição cujo o objeto é a implementação do Estatuto do Animador Sociocultural. Uma iniciativa louvável após quase três anos de silêncio sobre esta matéria, de ausência de reflexão e de debate entre pares sobre uma proposta de estatutos, sobre a qual tenho sérias reservas. 

No blog «Animação Sociocultural e Insularidade» escrevi por várias vezes sobre esta matéria, onde apresentei alguns tópicos que poderiam servir de base de igualdade entre animadores (socioculturais, comunitários, socioeducativos, culturais, sociais) e consequentemente, de inclusão de todos. As práticas são comuns em função do exercício da profissão, mas a identidade associada à nomenclatura profissional que tem origem na formação académica é particular a cada animador.

Não estou contra o estatuto, pelo contrário, sou um defensor. A minha discordância prende-se com a redação do texto da proposta de Estatuto do Animador Sociocultural votada em Assembleia-geral da APDASC, durante o I Congresso Nacional de Animação Sociocultural realizado na cidade de Aveiro, nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2010. O documento continua a ser uma proposta que carece de revisão de conteúdos e de discussão entre pares, por forma a que seja fortalecido perante o coletivo de animadores. É espectável que a entidade promotora da petição esclareça os animadores socioculturais sobre a importância capital do documento que será remetido à Assembleia da República. Qual a argumentação de suporte à petição?

A título de lembrete referir que as carreiras na Administração Pública  agregadas à animação foram extintas pelo Decreto-Lei 121/2008, de 11 de julho de 2008. Refiro-me às extintas carreiras de técnico-profissional e técnico superior de animação cultural, técnico profissional animador juvenil, técnico profissional de animação cultural e desporto, entre outras carreias agremiadas à animação. Considero uma urgência social e de coesão dos animadores o reconhecimento político da carreira do animador sociocultural. Este sim, é o primeiro passo de um longo caminho. 

Este é o momento de refletirmos sobre o papel da animação sociocultural e dos seus agentes em vários domínios da vida pública no quadro político, educativo, socioeconómico, cultural e social. É tempo de ação coletiva, e isso exige uma séria reflexão sobre quem somos, que direção queremos tomar e que ações coletivas ambicionamos concretizar a médio e longo prazo

Gostaria que os dirigentes associativos  se pronunciassem sobre o encerramento das licenciaturas em animação devido à falta de candidatos aos respetivos cursos, ou talvez pelo défice qualitativo do plano de estudos, o que também poderá contribuir para o diminuto número de candidatos. Uma tomada de posição sobre a empregabilidade dos animadores em Portugal. Há estudos sobre esta realidade social? Há medidas que possam contribuir para o reconhecimento da figura do animador? Talvez se começarmos por discutir a empregabilidade possamos encontra respostas para algumas questões que muitos animadores fazem a si mesmos, sabem as respostas mas preferem continuar a ignorá-las. 

O Estatuto do Animador é importante, mas o reconhecimento da carreira é prioritário.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Pedagogia de Intervenção social e Animação na Europa

O Clube Intercultural Europeu, o Teatro Ibisco – Teatro Inter-Bairros para a Inclusão Social e Cultura do Optimismo e a Escola Superior de Educação de Lisboa são as entidades organizadoras do projeto formativo «Pedagogia de Intervenção Social e Animação na Europa». O projeto terá três fases, com a primeira a realizar-se em Lisboa, entre os dias 19 e 26 de outubro de 2013, seguindo-se, Berlim e Bordéus.

Este projeto europeu que envolve Portugal, França, Alemanha e Espanha permitirá a reunião de profissionais e dirigentes associativos nos campos da educação, da intervenção social e da animação sociocultural que trabalham com e em favor da juventude, com o intuito de partilharem experiências, reflexões, conhecimentos e técnicas pedagógicas nas áreas da intervenção social e da animação. A formação permitirá o intercâmbio de práticas intra-europeias, com pedagogias ativas e métodos de «educação nova».  


A formação possibilitará aos participantes conhecer, aprender e desenvolver competências pedagógicas e de partilha com outras culturas profissionais; refletir, debater e capacitar os envolvidos na formação em temas relacionados diretamente com as problemáticas que assolam a juventude, bem como, trabalhar em projetos com recurso a visitas a instituições, cafés pedagógicos e ateliers. A formação permitirá aos participantes a inserção numa rede europeia de cooperação podendo facilitar projetos de intercâmbio de jovens e profissionais.



Os conteúdos que serão abordados na formação focará a animação linguística, realização de visitas de estruturas com práticas pedagógicas de intervenção social e de mediação sociocultural, cafés pedagógicos com profissionais, conferência sobre as potencialidades e os desafios da animação com especialistas, role plays e aprendizagem de técnicas diretas de intervenção com diferentes públicos e descoberta cultural.