terça-feira, 30 de outubro de 2012

APDASC organiza o XV Congresso Internacional de Animação Sociocultural


A APDASC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural organiza o XV Congresso Internacional de Animação Sociocultural - «Envelhecimento Ativo e Solidariedade entre Gerações». O evento realiza-se na Escola Superior de Educação de Lisboa, nos dias 15 e 16 de novembro de 2012.

A comissão executiva definiu como objetivos a alcançar no decurso do congresso:

- Celebrar 2012 como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações;
- Sensibilizar para o valor e impacto do envelhecimento ativo e das suas diversas dimensões, destacando o contributo útil das pessoas mais velhas para a sociedade e a economia;
- Promover o envelhecimento ativo, a solidariedade entre as gerações e a dignidade e vitalidade de todos;
- Explorar o potencial das pessoas mais velhas, independentemente da sua origem, permitindo que tenham uma vida independente e socialmente integrada;
- Estimular o debate, o intercâmbio de informações e a aprendizagem no que concerne ao envelhecimento ativo;
- Identificar e divulgar boas práticas de animação sociocultural no campo do envelhecimento ativo;
- Promover programas de animação sociocultural que contribuam para lutar contra a discriminação em razão da idade, para superar os estereótipos relacionados com a idade e para eliminar obstáculos.

A conferência inaugural do congresso intitulada «Por uma animação intergeracional: uma forma de manter os que envelhecem inseridos na sociedade» pelo professor doutor Edmundo de Drummond Alves Júnior. Os painéis temáticos versarão sobre «Experiências e Práticas de Animação Sociocultural, envelhecimento Ativo e Intergeracionalidade», «O Papel dos Seniores na Sociedade e Economia: Qual o contributo útil?» e «Envelhecimento Ativo versus Discriminação em razão da Idade». 

Para mais informações e inscrições, aceda em www.congressoapdasc.com


terça-feira, 23 de outubro de 2012

2013 «Ano Europeu dos Cidadãos»


A Comissão Europeia propões que 2013 seja o «Ano Europeu dos Cidadãos», efeméride que acontece, com a celebração do vigésimo aniversário da introdução da cidadania da União pelo Tratado de Maasticht, a 1 de novembro de 1993. A cidadania da União e os respetivos direitos que lhe são inerentes constituem um dos principais ativos da União Europeia.

O «Ano Europeu dos Cidadãos» visa facilitar aos cidadãos o pleno exercício do direito de livre circulação e residência no território da União Europeia. Neste quadro de intenção e, mais especificamente, o objetivo do Ano Europeu consiste em «aumentar a sensibilização dos cidadãos para o seu direito de residir livremente na União Europeia», «aumentar a sensibilização para a forma como os cidadãos podem beneficiar dos direitos e políticas da UE e estimular a sua participação activa no processo de elaboração das políticas da União» e «estimular o debate sobre o impacto e o potencial do direito de livre circulação, em especial em termos de reforço da coesão e de compreensão mútua».

A cidadania da União Europeia não substitui a cidadania nacional, pelo contrário, complementa-a. É neste contexto que os cidadãos da União têm acesso a uma diversidade de direitos em todos os Estados-membros: direitos enquanto consumidores, no livre acesso a bens e serviços noutros países da União Europeia, à educação e à obtenção do reconhecimento das suas qualificações profissionais, aos cuidados de saúde, direitos em matéria de segurança social, direito ao voto e a ser candidato nas eleições para o Parlamento Europeu e nas eleições autárquicas no Estado-membro de residência.  

A efeméride será assinalada no território europeu, através da organização de uma série de eventos, conferências e seminários, a nível nacional, regional e local.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Por uma pedagogia cultural comprometida com os cidadãos (II)

Rafael Sanchéz Sanchéz refere que a pedagogia cultural é um saber pedagógico e define-a, como um ramo da pedagogia especial, cujo objeto como ciência é a educação cultural. A pedagogia cultural estuda e trabalha o desenvolvimento cultural em todos os âmbitos sociais onde se desenvolve.  O fim da pedagogia em foco, é o desenvolvimento cultural como processo de humanização no âmbito pessoal e coletivo. Sanchéz Sanchéz considera três pilares básicos que poderão ajudar a entender o papel da pedagogia cultural:

- Conexão da pedagogia cultural com a realidade cultural;
- Integração da pedagogia no mundo da cultura;
- Trabalhar a pedagogia no desenvolvimento da vida cultural popular.

Os animadores socioculturais têm que assumir um papel de pedagogos para a cultura. Esta tarefa não é ensinada pelos conteúdos programáticos de uma disciplina, ela é apreendida no labor quotidiano, na necessária tarefa de educar os homens como fazedores de cultura, se a entendermos como um conjunto de manifestações artístico-culturais, de saberes e aprendizagens que os indivíduos continuam a preservar e transmitir às gerações futuras, são as relações sociais que humanizam e sustentam a identidade cultural de uma comunidade.

A educação e a cultura são dois mundos que interagem reciprocamente, provocando reações em cadeia, gerando confrontos diários que exigem dos agentes socioculturais e educativos ações planificadas que contribuam para o desenvolvimento cultural local, que suscite nos indivíduos uma aproximação aos bens culturais, que desperte consciências críticas e atuantes sobre a realidade cultural, na maioria das vezes, é um cenário paralelo à realidade vivida.

O conhecimento real e análise crítica dos processos de desenvolvimento cultural serão verdadeiros quando as populações forem efetivamente envolvidas, e refiro-me concretamente, a um processo educativo para a participação ativa na cultura, porque ela não se transmite apenas, são as pessoas que fazem a cultura. A educação para a cultura não é tarefa única dos educadores, é antes de todos os atores sociais. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Por uma pedagogia cultural comprometida com os cidadãos (I)

O exercício da prática profissional no quadro da atividade sociocultural é percecionada por alguns agentes políticos, como um recurso para a promoção do entretenimento dos cidadãos, em detrimento da educação para as artes, do contributo para a formação de uma sensibilidade humana para as diferenças culturais e instrumento tempo de reconstrução do tecido sociocultural das comunidades.

A assunção de uma ideia abstrata e sem fundamento teórico sobre o papel da cultura, por um lado, é fruto de uma inconsistência técnica e sem um método de trabalho percetível para o desenvolvimento sustentável e transversal aos vários setores da ação política na gestão da res pública, por outro, é marcado pela ausência do conhecimento vital sobre o papel dos vários agentes culturais e das instituições que animam quotidianamente as dinâmicas sociais nos territórios culturais.

A defesa da promoção sustentada das práticas de consumo cultural a partir dos princípios metodológicos da pedagogia cultural é um desafio permanente que se coloca aos atores sociais, mas, de uma forma incisiva e profícua aos agentes socioculturais. É fundamental educar as pessoas para os processos de democratização e promoção culturais. Este é um processo de aprendizagem que exige cooperação entre as instituições educativas, o movimento educativo e as autarquias. É uma dinâmica de aprendizagem não formal que deve alicerçar-se num programa de intervenção socioeducativa de longo prazo, capaz de responder aos desafios das sociedades pós-modernas.

A educação para a cultura é um processo contínuo e recíproco entre quem «educa» e o «educando», é um espaço e um tempo de novas aprendizagens para os agentes culturais, é um ato comunicativo e de desenvolvimento de uma consciência cultural crítica. Os agentes culturais, a classe política e demais atores sociais não podem ambicionar sobre a desejável participação cidadã de excelência nas dinâmicas dos territórios culturais, quando o processo socioeducativo não formal é deficitário, ou até, inexistente. É preciso investir com determinação e autonomia nas redes de comunicação ao nível local, nos projetos transversais entre a cultura e a educação, entre os agentes da educação formal e os da educação não formal, enquanto, atores da cultura.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Democracia, participação e animação sociocultural

A realidade económica, social, política, cultural e educativa carece de políticas congregadoras de ideias responsáveis que reúnam um consenso político alargado; necessita de políticas que premeiem ações sustentadas de combate ao défice cultural e educativo da população, exige uma luta sem tréguas no combate cívico a um clima de paz social agreste, que acredito, não estar longe de transformar-se num quadro de rutura social. Enfim, nada vai bem no nosso país.

Portugal atravessa um período negro da história contemporânea. Nós culpabilizamos o Governo, e esquecemo-nos de procurar oportunidades efetivas para a mudança social a partir do âmago da crise, sim, porque acredito que a crise também poderá ser uma fonte de oportunidades para o fortalecimento da democracia, para a consolidação de uma massa crítica que deverá ser mais interventiva, que estude e apresente propostas para a consolidação de um processo de desenvolvimento comunitário integral.

A vivência da democracia pressupõe uma participação ativa nos processos de conhecimento sociocultural sobre as realidades local e regional. O conhecimento e a compreensão das dinâmicas sociais do território regional é um fator que contribui para a emancipação do pensamento crítico dos cidadãos, para um olhar acutilante e o assumir uma posição de debate democrático sobre as decisões governativas que afetam a vida de cada pessoa. Este é o momento para a reação, face à institucionalização de diretrizes que ferem a democracia e roubam a cidadania.

A animação sociocultural deve fomentar a participação dos indivíduos nos processos de intervenção e gerar espaços de diálogo social, de questionamento sobre o mundo e o percurso da vida coletiva.


Quo Vadis? É a questão do momento. As respostas são um enigma que o exercício da participação consciente e responsável na pluralidade da vida em comunidade e mesclada nos âmbitos da animação sociocultural (social, cultural e educativo), poderão abrir caminhos alternativos para um processo de harmonização social. O processo de intervenção social e política desde a animação sociocultural exige envolvência e participação consciente das populações, mas também, requere uma dinâmica pedagógica para o exercício da cidadania ativa pelo bem comum, em detrimento do cooperativismo e do individualismo das sociedades do século XXI.