segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Feliz Natal



O Natal é tempo de paz, de harmonia social e de encontro de familiares e amigos. É tempo de renovação das esperanças perdidas, de fortalecimento da amizade e de acreditar que somos comunidade, capaz de construir outras vias de desenvolvimento social e cultural. Façamos do Natal, a verdadeira Festa. 

Votos de um feliz e santo Natal. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Práticas de Animação

Está disponível o novo número da revista Práticas de Animação. Este é um projeto partilhado por muitos e participado por investigadores, docentes e animadores portugueses, espanhóis e brasileiros que, com o seu contributo técnico-científico e de militância acrescentam valor com o propósito de contribuírem para a dinâmica da discussão, das práticas e dos domínios de intervenção da animação sociocultural. É de salientar a narrativa construída em alguns escritos agora publicados, resultado da visão crítica e das práticas de animação com os grupos.

A identidade editorial da revista é um processo consolidado, graças, ao acreditar dos colaboradores num projeto cuja identidade tem o signo da insularidade, mas que conquistou o seu próprio espaço no quadro (in)formativo no contexto da animação sociocultural. O presente número da Práticas de Animação reúne um conjunto de contributos passíveis de complementar os saberes e as aprendizagens no campo da animação sociocultural, do lazer, da ação social, da educação e do tempo livre. Estes são domínios de investigação e intervenção privilegiados para o trabalho dos animadores na ação transformadora com as comunidades. 

Creio que este este projeto editorial, com seis números editados, é um contributo e um recurso importante para os agentes da sociocultura. Estamos convictos do longo percurso que há a fazer para a dignificação estatutária do projeto, mas certos dos passos firmados pela afirmação da animação sociocultural e dos animadores no território insular.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mensagem alusiva ao Dia Internacional do Voluntariado

O Dia Internacional do Voluntariado foi proclamado a 5 de dezembro de 1985, pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Confederação Portuguesa do Voluntariado divulgou uma mensagem alusiva à efeméride. 

«Nestes últimos  anos a crise económica e financeira tornou-se o centro das preocupações de toda a sociedade portuguesa. De uma maneira ou de outra, todos fomos afetados e, de certo modo, despertámos a nossa consciência para muitos cidadãos e cidadãs que vivem numa situação reveladora de empobrecimento.

Para muitos a presença dos voluntários e voluntárias é sinónimo de estima, amizade, conforto, atenção. Os voluntários e voluntárias oferecem, com o seu compromisso e criatividade, uma resposta às necessidades da nossa sociedade quotidiana. Por muito pequeno que pareça o contributo, a verdade é que ele faz toda a diferença. Depois de, no ano de 2011, termos vivido intensamente a temática do voluntariado parece que só faz sentido falarmos agora de cidadania. Como se depois de um grande impulso de participação cívica na organização desta grande "casa" que habitamos, pudéssemos agora arrumá-la e cimentar ideias, projetos e iniciativas.

Hoje celebra-se esta dádiva, a da entrega gratuita ao outro. Celebra-se a disponibilidade, o serviço e a solidariedade como valores de cidadania essenciais à sociedade para a construção do bem comum.

Parece claro a toda a sociedade e às estruturas de poder que o voluntariado é uma forma única de estar em comunidade. Faltará, por certo, muito caminho a fazer para todos nós. Voluntários, organizações, empresas, comunidades escolares, governos. Todos temos de perceber que o voluntariado ultrapassa as barreiras do envolvimento temporário. Ser voluntário é colocar ao serviço do bem comum o tempo, as capacidades, os recursos e isto também deve ser reconhecido por todos e exige um envolvimento comprometido de todas as partes que beneficiam deste trabalho, muitas vezes, silencioso. 

Saudamos todos os voluntários e voluntárias que, nas mais diversas áreas da nossa sociedade e com as mais diversas inspirações ideológicas ou crenças, generosamente se entregam, se gastam e se envolvem, diariamente, num trabalho que serve de exemplo a todos. Bem hajam.» 

(Eugénio José da Cruz Fonseca)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O problema da falta de consumo e de participação culturais

Os dados divulgados no relatório do Eurobarómetro coloca Portugal na cauda da Europa, no que respeita à participação cultural dos cidadãos. Talvez, um dos sintomas da «patologia cultural» que mais contribui para o decréscimo do consumo cultural esteja relacionado com a crise económico-financeira, sintoma que alavanca um conjunto de fatores que explique o desinteresse luso pela cultura e traga à luz do dia, outros elementos expositivos.

É necessário balizar dois conceitos fundamentais: o consumo participação culturais. O consumo está diretamente ligado ao poder de compra dos cidadãos, aos hábitos culturais adquiridos pelos processos de socialização e educativo, pelo meio envolvente, e sem dúvida pelas dinâmicas que as entidades públicas e associativas são capazes de potenciar nos territórios culturais. A participação pressupõe um envolvimento ativo das pessoas em processos de fruição e criação culturais que estão, diretamente, associados à promoção de projetos artísticos, alguns deles de elevado valor cultural desenvolvidos por coletividades locais.

A participação na vida cultural é um problema social transversal às políticas públicas de cultura e educação. A educação deve ser entendida e percecionada pelos agentes culturais e pelos políticos como um eixo central e transversal da ação cultural. Há a ausência de uma pedagogia cultural palpável em algumas instituições educativas nos territórios municipais, também o mesmo, acontece em relação à educação em alguns organismos com um papel importante na descentralização e democratização culturais. A perceção sociopolítica do papel da cultura para a formação integral dos indivíduos é inexistente. Este é o ponto de partida para um trabalho contínuo e de envolvimento de um conjunto de atores da cultura e da educação, é uma tarefa de todos.

O investimento cultural é manifestamente pobre, muitas das as instituições de vocação cultural e artística continuam a depender dos subsídios dos organismos públicos para manter uma atividade regular. Não sou totalmente contra a revisão da forma de atribuição dos apoios públicos, sou pela exigência de maior rigor, ou seja, há que encontrar formas alternativas e mais ativas das instituições culturais contribuírem para o enriquecimento da comunidade através de implementação de dinâmicas que, em alguns casos, possam revitalizar os processos de educação para a cultura, noutros, desenvolverem a vocação de pedagogas culturais. Estou convicto que a realidade poderá ser transformada no território municipal, ou seja, é responsabilidade da sociedade civil contribuir para a transformação sociocultural.

É preciso pensar a cultura a longo prazo, desenhar um programa de educação para a cultura que envolva ativamente as associações e centros culturais, as galerias de arte, as bibliotecas municipais, a escola, as autarquias, os centros cívicos e os muitos agentes culturais e educativos. Este é um desafio que precisa de ser replicado na escala local, um processo que implica uma união de facto, da educação e da cultura com a realidade concreta da comunidade. É urgente reforçar o papel da educação artística, trazer para a rua os artistas, os agentes culturais, povoar os espaços públicos, formar e educar os públicos desde a idade escolar, envolvendo-os em projetos culturais através de parcerias com as instituições culturais e artísticas, provocar uma mudança de paradigma de desenvolvimento. 

Haverá verdadeiro desenvolvimento sustentável quando houver uma consciência coletiva real do papel da cultura. A dimensão cultural comunitária não pode ser entendida como algo abstrato, pelo contrário, é o «fermento» da identidade de cada pessoa.

Precisamos urgentemente de parar, escutar e transformar.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O reconhecimento do valor das aprendizagens não formal e informal

O reconhecimento das aprendizagens não formal e informal é um marco político e complementar a favor da argumentação sobre o valor educativo das práticas de educação não formal e informal. É consensual o reconhecimento dos contextos educativos e socioculturais em que este modelo educativo se desenvolve, talvez não seja pacífica, a lista nominal dos agentes da educação não formal, na qual figura os animadores socioeducativos, designação da Comissão Europeia relativa aos agentes que trabalham com jovens. É importante o reconhecimento político da «educação fora da escola», mas também, é fundamental o reconhecimento do papel que os agentes do não formal desenvolvem em prol dos grupos.

A Resolução do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros, reunidos no Conselho, sobre o reconhecimento do valor da aprendizagem não formal e informal no domínio da juventude europeia refere que as atividades de aprendizagens não formal e informal no domínio da juventude são complementares do sistema de ensino e de formação formais, estão centradas nas necessidades dos jovens e desenvolvem-se numa base voluntária e participada. O Conselho e os Representantes dos Governos reconhecem que as aprendizagens não formal e informal são fundamentais no processo de aprendizagem, desenvolvem a apetência para a formação ao longo da vida e a integração social dos jovens.

O Conselho da União Europeia na Recomendação do Conselho de 20 de dezembro de 2012, sobre a validação da aprendizagem não formal e informal considera que as organizações de juventude, os organismos de ensino e formação, os animadores de juventude e as organizações da sociedade civil são intervenientes com um papel importante no processo de aprendizagens não formal e informal, nomeadamente, na oferta de oportunidades de formação.

A educação não formal possibilita que as pessoas e os grupos desenvolvam a sua autonomia pela participação, afirmando-se como uma competência essencial da cidadania ativa. Morand-Aymon (2007) advoga que a filosofia da educação não formal fundamenta-se na formação do espírito crítico, defendendo que um cidadão informado será mais responsável e autónomo nas suas escolhas e associa o modelo educativo não formal aos primeiros ideais da educação popular e da educação permanente. 

A educação não formal é um modelo educativo de proximidade porque desenvolve-se a partir das necessidades de cada pessoa, das suas práticas e experiências; é uma educação permanente participativa porque reforça as competências sociais e gera processos de aprendizagem participados por todos, onde é privilegiado a autoformação. A via não formal da educação facilita a tomada de consciência para a mudança social.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

XVII Congresso Internacional de Animação Sociocultural


A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) organiza o XVII Congresso Internacional de Animação Sociocultural que realiza-se nos dias 15 e 16 de novembro próximo, no Cineteatro de Mértola. A temática em debate será «Animação Sociocultural, Cidadania e Política Europeia».

Há semelhança de congressos anteriores organizados pela APDASC, a temática do XVII congresso está associada à efeméride «Ano Europeu dos Cidadãos» 2013. A APDASC afirma que o congresso assume-se «(…) em estreita consonância com os núcleos decisores europeus e que discutirá as problemáticas em torno dessa cidadania europeia». Os objetivos do congresso estão alocados à problematização sobre a relação e do contributo da animação sociocultural com a economia social e o desenvolvimento sustentável; o impacto das políticas sociais europeias na sociedade e nas instituições, que são os contextos de intervenção dos animadores. A interculturalidade e as minorias sociais na europa e as questões agregadas à formação e ao futuro da profissão do animador no espaço europeu são objetivos que estarão na mesa do debate durante o congresso.

Os dois dias de trabalhos do XVII Congresso Internacional de Animação Sociocultural dividem-se pelos seguintes painéis: economia social e desenvolvimento sustentável, multiculturalidade/interculturalidade – o animador face à diversidade cultural, políticas sociais/agentes comunitários, a formação e futuro da profissão no espaço europeu, práticas de animação em contextos religiosos, a animação sociocultural e a promoção dos cidadãos com deficiência.


 Mais informações em www.congressoapdasc.com



sábado, 19 de outubro de 2013

«PAIDEIA – Animação Artística nas Escolas Secundárias»

A escola enquanto espaço aberto à formação integral dos jovens, também é espaço para a sua participação em projetos culturais no domínio do «extra-escolar». A escola tem um papel fundamental de intervenção nos processos de educação para a cultura e as artes, em particular. É importante congregar energias com base na cooperação das organizações educativas e culturais da sociedade civil, isto porque, a escola deverá ser uma instituição aberta à participação da comunidade, mas mais importante, é estar aberta à participação juvenil.

A escola à semelhança do movimento associativo também pode ser um espaço para a aprendizagem social pela participação, um estádio de desenvolvimento que poderá acontecer com a participação dos jovens em projetos no seio escolar que sustentem a dimensão da criatividade, da liberdade e autonomia dos jovens. Falamos de projetos que sejam complementares aos currículos, onde o processo educativo assente em metodologias de aprendizagem pela educação não formal, valorizadoras da implicação dos jovens no processo.  

O programa «PAIDEIA – Animação Artística nas Escolas Secundárias» é um ótimo exemplo de um projeto de animação sociocultural em meio escolar, apoiado na metodologia e princípios da educação não formal. O «PAIDEIA» foi criado pela Portaria n.º 58/97, mas implementado anteriormente, em 1993 pelo Clube Português de Artes e Ideias, responsável pela produção do projeto. A referida Portaria atribuiu a gestão do programa ao Instituto Português da Juventude que previa a possibilidade da participação de associações juvenis e outros organismos na gestão do programa.

Jorge Barreto Xavier (1993:4) referindo-se ao projeto «PAIDEIA» diz acreditar 

(…) na sua utilidade na área específica das Artes, do estímulo à criatividade, ao espírito crítico, à facilitação do acesso a certos universos reais e imaginários. 
Não é só na Indústria os nos mercados financeiros que se decide Portugal. Decide-se, lado a lado, com a Educação e a Cultura. (...)
De que nos servirão as tecnologias se não tivermos homens imaginativos e críticos para as manobrar?


O projeto é uma proposta de atividades culturais para o público estudantil do ensino secundário, proporcionando espaços de fruição cultural aos jovens e atividades no domínio das artes plásticas, banda desenhada, ilustração, literatura, teatro, fotografia, música e dança. Parece-nos ser um excelente contributo para a aproximação da via educativa da cultural, uma forma concreta de educar para as artes e de formação de públicos esclarecidos e críticos, capaz de «(…) despertar novos interesses dentro e fora da escola» (id., 12). 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Declaração da Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens

A compreensão do trabalho com os jovens carece de uma aturada reflexão e discussão sobre as questões políticas e os desafios que se colocam no exercício do trabalho com os jovens, compreendendo esta prática como animação de jovens.  Apresentamos como síntese, o que consideramos as linhas força da Declaração da Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens, realizada na Bélgica, em Ghent, entre os dias 7 e 10 de julho de 2010.

O trabalho com jovens (animação de jovens) é definido na Resolução do Conselho relativa a um quadro renovado de cooperação europeia no domínio da juventude (2010-2018) como,

(…) uma grande diversidade de actividades sociais, culturais, de natureza educativa ou política efectuadas simultaneamente por jovens, com jovens e para os jovens. Nestas actividades incluem-se ainda, cada vez mais, o desporto e os serviços aos jovens. A animação de jovens pertence ao domínio da educação «extra-escolar» e das actividades específicas de lazer geridas por animadores e dirigentes juvenis (profissionais ou voluntários), e assenta em processos de aprendizagem não formal e na participação voluntária.

A Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens pretendeu «(…) ligar o passado, o presente e o futuro do pensamento e da prática do trabalho juvenil ». O trabalho com os jovens proporciona espaço para a associação, a atividade, o diálogo e a ação; e onde é dado apoio, oportunidades e experiências para os jovens serem atores da mudança. O trabalho juvenil é orientado em função de princípios de participação e empoderamento dos jovens e por valores humanos e democráticos. Este modelo de ação comunitária exercida com e para jovens e as suas comunidades é fomentado por um conjunto de políticas e conhecimentos académicos/científicos.

O trabalho com jovens definido no decorrer da Convenção é definido como a prestação «de espaço e oportunidade para os/as jovens moldarem o seu próprio futuro». Esta prática social é flexível e evolutiva no tempo e no espaço em consequência dos grupos, dos métodos, dos temas e contextos de intervenção. Há desafios agregados à formação, à qualidade e às qualificações de quem trabalha com os jovens.

Na Declaração da Convenção é focado a necessidade de uma aproximação dos decisores políticos com vista ao conhecimento mais profícuo do trabalho juvenil, o mesmo acontece em relação aos trabalhadores com jovens, no sentido de estes compreenderem melhor de como a política é feita e como se faz. É destacada a necessidade do envolvimento dos trabalhadores juvenis na definição das políticas de juventude e na discussão do foro político sobre os temas relacionados com a vida dos jovens. É importante que os jovens através das organizações associativas e outros jovens não organizados, sejam envolvidos no desenvolvimento das políticas de juventude, o que constitui a superação do «(…) desafio da sua identidade e o medo da instrumentalização».

No trabalho com os jovens há desafios que deverão ser concretizados, nomeadamente, a inclusão dos jovens e das suas organizações como parceiras no ativismo para a promoção da diversidade em sociedade, com base nas novas realidades interculturais e inter-religiosas na Europa do século XXI. O desenvolvimento comunitário ou a ação comunitária como formas de trabalho com os jovens dever-se-ão adaptar e refletir aos novos tempos.

A qualidade da prática do trabalho com os jovens é considerada uma «prática atípica profissional» desenvolvida por trabalhadores voluntários e remunerados. A divisão de trabalho e dos papéis assumidos por ambos os trabalhadores é inexistente, com a ressalva de que devido às suas diferenças, os desafios centram-se nas questões da qualidade, competência e conhecimento. Dá-se ênfase à possibilidade da criação a nível europeu e aplicado através de estruturas nacionais de roteiros para a validação individual que defina os padrões de qualidade e da identificação de competências genéricas, através da acreditação da aprendizagem prévia e auto-regulados por um código de ética profissional que conduziria o comportamento dos trabalhadores juvenis no contacto com a juventude.

É defendido que a formação dos trabalhadores com jovens deve ser flexível, adequada e incremental e a sua dimensão europeia deverá ser intercultural, transnacional e ligada metodologicamente a um programa europeu. Não só os recursos deverão ser alocados a tais necessidades, mas também, o reconhecimento do trabalho com os jovens interna e externamente às estruturas políticas de juventude.

A Convenção reconhece a responsabilidade dos trabalhadores juvenis para contribuírem dentro das suas possibilidade nas agendas e objetivos definidos na Declaração da Convenção Europeia de Trabalho com Jovens, apesar da necessidade de se emanciparem política e financeiramente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Declaração de Braga sobre Políticas Autárquicas de Juventude


As políticas municipais de juventude constituem um desafio para os decisores políticos. A planificação destas políticas têm sustentar-se na democracia participativa, pelo exercício da cidadania ativa dos jovens e das suas organizações, bem como, na transversalidade com outros domínios sectoriais das políticas locais: cultura, educação, desporto, ação social, habitação, associativismo, emprego, ambiente, inclusão social e cidadania.

A «Declaração de Braga sobre Políticas Autárquicas de Juventude» é assumida pela Federação Nacional das Associações Juvenis (FNAJ) como um referencial estratégico para a governação municipal em matéria de políticas de juventude, que não poderá resumir-se à simples promoção de atividades de entretenimento dos jovens, tem que alicerçar-se na cidadania participativa da juventude, têm que responder cabalmente aos desafios e às necessidades dos jovens.

Os conselhos municipais de juventude são excelentes plataformas para a promoção do diálogo estruturado entre os jovens e os decisores políticos, espaços de participação ativa das organizações juvenis, de promoção e de educação para os valores da democracia.

É proposto que a orientação política de juventude do município esteja alicerçada num conjunto arquitetado de vetores, nomeadamente, na democracia participativa, na territorialização, na transversalidade, na diversidade, na permeabilidade, na coresponsabilização e cogestão.

A «Declaração de Braga» identifica-se na enunciação de princípios democráticos elencados na participação, na cidadania ativa, no voluntariado jovem, no envolvimento dos vários agentes educativos formais e não formais, os líderes juvenis como atores das políticas articuladas ao nível do planos regional, nacional e europeu.

Recomendo aos animadores socioculturais, em especial, aos que trabalham com jovens, aos autarcas, às associações juvenis, aos jovens, às organizações da sociedade civil e demais agentes com intervenção no domínio da juventude a a leitura atenta do documento e a exercerem ativamente os princípios enunciados na «Declaração de Braga sobre Políticas Autárquicas de Juventude» e talvez, sejamos capazes de iniciar um processo de diálogo estruturado e intersectorial, promotor do verdadeiro referencial da ação política coletiva em matéria de políticas municipais de juventude.

sábado, 5 de outubro de 2013

Definir prioridades com responsabilidade social

A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) é a promotora de uma petição cujo o objeto é a implementação do Estatuto do Animador Sociocultural. Uma iniciativa louvável após quase três anos de silêncio sobre esta matéria, de ausência de reflexão e de debate entre pares sobre uma proposta de estatutos, sobre a qual tenho sérias reservas. 

No blog «Animação Sociocultural e Insularidade» escrevi por várias vezes sobre esta matéria, onde apresentei alguns tópicos que poderiam servir de base de igualdade entre animadores (socioculturais, comunitários, socioeducativos, culturais, sociais) e consequentemente, de inclusão de todos. As práticas são comuns em função do exercício da profissão, mas a identidade associada à nomenclatura profissional que tem origem na formação académica é particular a cada animador.

Não estou contra o estatuto, pelo contrário, sou um defensor. A minha discordância prende-se com a redação do texto da proposta de Estatuto do Animador Sociocultural votada em Assembleia-geral da APDASC, durante o I Congresso Nacional de Animação Sociocultural realizado na cidade de Aveiro, nos dias 18, 19 e 20 de novembro de 2010. O documento continua a ser uma proposta que carece de revisão de conteúdos e de discussão entre pares, por forma a que seja fortalecido perante o coletivo de animadores. É espectável que a entidade promotora da petição esclareça os animadores socioculturais sobre a importância capital do documento que será remetido à Assembleia da República. Qual a argumentação de suporte à petição?

A título de lembrete referir que as carreiras na Administração Pública  agregadas à animação foram extintas pelo Decreto-Lei 121/2008, de 11 de julho de 2008. Refiro-me às extintas carreiras de técnico-profissional e técnico superior de animação cultural, técnico profissional animador juvenil, técnico profissional de animação cultural e desporto, entre outras carreias agremiadas à animação. Considero uma urgência social e de coesão dos animadores o reconhecimento político da carreira do animador sociocultural. Este sim, é o primeiro passo de um longo caminho. 

Este é o momento de refletirmos sobre o papel da animação sociocultural e dos seus agentes em vários domínios da vida pública no quadro político, educativo, socioeconómico, cultural e social. É tempo de ação coletiva, e isso exige uma séria reflexão sobre quem somos, que direção queremos tomar e que ações coletivas ambicionamos concretizar a médio e longo prazo

Gostaria que os dirigentes associativos  se pronunciassem sobre o encerramento das licenciaturas em animação devido à falta de candidatos aos respetivos cursos, ou talvez pelo défice qualitativo do plano de estudos, o que também poderá contribuir para o diminuto número de candidatos. Uma tomada de posição sobre a empregabilidade dos animadores em Portugal. Há estudos sobre esta realidade social? Há medidas que possam contribuir para o reconhecimento da figura do animador? Talvez se começarmos por discutir a empregabilidade possamos encontra respostas para algumas questões que muitos animadores fazem a si mesmos, sabem as respostas mas preferem continuar a ignorá-las. 

O Estatuto do Animador é importante, mas o reconhecimento da carreira é prioritário.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Pedagogia de Intervenção social e Animação na Europa

O Clube Intercultural Europeu, o Teatro Ibisco – Teatro Inter-Bairros para a Inclusão Social e Cultura do Optimismo e a Escola Superior de Educação de Lisboa são as entidades organizadoras do projeto formativo «Pedagogia de Intervenção Social e Animação na Europa». O projeto terá três fases, com a primeira a realizar-se em Lisboa, entre os dias 19 e 26 de outubro de 2013, seguindo-se, Berlim e Bordéus.

Este projeto europeu que envolve Portugal, França, Alemanha e Espanha permitirá a reunião de profissionais e dirigentes associativos nos campos da educação, da intervenção social e da animação sociocultural que trabalham com e em favor da juventude, com o intuito de partilharem experiências, reflexões, conhecimentos e técnicas pedagógicas nas áreas da intervenção social e da animação. A formação permitirá o intercâmbio de práticas intra-europeias, com pedagogias ativas e métodos de «educação nova».  


A formação possibilitará aos participantes conhecer, aprender e desenvolver competências pedagógicas e de partilha com outras culturas profissionais; refletir, debater e capacitar os envolvidos na formação em temas relacionados diretamente com as problemáticas que assolam a juventude, bem como, trabalhar em projetos com recurso a visitas a instituições, cafés pedagógicos e ateliers. A formação permitirá aos participantes a inserção numa rede europeia de cooperação podendo facilitar projetos de intercâmbio de jovens e profissionais.



Os conteúdos que serão abordados na formação focará a animação linguística, realização de visitas de estruturas com práticas pedagógicas de intervenção social e de mediação sociocultural, cafés pedagógicos com profissionais, conferência sobre as potencialidades e os desafios da animação com especialistas, role plays e aprendizagem de técnicas diretas de intervenção com diferentes públicos e descoberta cultural.





terça-feira, 17 de setembro de 2013

Animation Lab

Animation Lab é um projeto de estágios internacionais na área da animação sociocultural, enquadrado no programa de formação profissional da União Europeia Leonardo da Vinci.

O objetivo do projeto Animation lab é dar a oportunidade aos animadores socioculturais de colocarem em prática a sua experiência num contexto profissional internacional durante um período de 5 meses, em países como Espanha, Itália, Reino Unido e Húngria.

A Associação Rota Jovem, organização coordenadora da iniciativa ocupa-se da medida de mobilidade que está relacionada com a colocação de jovens em empresas e organizações noutros países para realização de estágios profissionais.

Podem candidatar-se ao projeto Animation Lab, animadores com idade superior a 18 anos e inferior a 35 anos. Outro dos requisitos é serem licenciados em animação sociocultural ou na área das ciências sociais e humanas, técnicas ou educação social. Os candidatos que não reúnam as condições elegíveis anteriores, devem possuir o curso técnico-profissional na  área, ou ter no mínimo um ano de experiência profissional nesta área. As candidaturas estão abertas até o dia 15 de outubro de 2013.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Congresso Internacional «Teatro do Oprimido»

A intervenção - Associação para a Promoção e Divulgação Cultural organiza o I Congresso Internacional «Teatro do Oprimido - teorias, técnicas e metodologias para a intervenção social, cultural e educativa no século XXI. 



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mensagem da UNESCO para o Dia Internacional da Juventude 2013


O Dia Internacional da Juventude é celebrado no dia 12 de agosto. Apesar de volvidos alguns dias, parece-nos importante e atual divulgar a mensagem da diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, a assinalar a efeméride.

«Os jovens representam hoje quase um terço dos migrantes internacionais. Essas migrações redirecionam o mapa do mundo e a face da sociedade moderna. Elas representam um imenso potencial de reaproximação dos povos, do diálogo intercultural e de desenvolvimento. No entanto, elas também provocam um imenso desafio em termos de exclusão, de pobreza, de exploração ou de discriminações.
É vital conhecer melhor as realidades complexas dessas migrações, conceber as políticas públicas para que sejam mais adequadas e mais eficazes. A pesquisa em ciências sociais são de importância decisiva. Elas mostram as evoluções surpreendentes de fluxos migratórios ao longo dos últimos 20 anos: mais numerosos, mais femininos e mais jovens. O Dia Internacional da Juventude dedicado aos migrantes jovens coincide justamente com o lançamento do Relatório mundial da juventude sobre este tema, que traz um esclarecimento original sobre o impacto dos jovens migrantes no futuro das nações.
Para liberar o potencial dos jovens, devemos considera-los como parceiros de primeiro plano na concepção e na implementação de políticas que lhes concernem. Novas ferramentas aumentaram nossos métodos de consulta, de participação e de diálogo: vamos usá-las, então! A Conferência Nacional sobre a Migração de Jovens e o Desenvolvimento, em Chennai (Índia), em cooperação com a UNESCO, é um exemplo de evento sobre mudanças que permite aos jovens e aos pesquisadores de compartilhar suas experiências, como outros eventos similares que aconteceram este ano em Samoa sobre emprego para jovens, na Rússia sobre o diálogo intercultural, no Quirguistão sobre jovens mulheres migrantes… No mesmo espírito, e tenho o prazer de anunciar que o 8° Fórum de Juventude da UNESCO acontecerá na sede da Organização, em Paris, de 29 a 31 de outubro de 2013. Para que todos os jovens de mobilizem para defender seus direitos: a jovem Malala Yousafzai, que lutou pela educação de meninas é um exemplo. Vamos dar-lhes meios de se fazerem compreendidos!
A intensidade dos movimentos migratórios em um mundo globalizado e conectado clama por uma cooperação mais forte e solidária entre os Estados. Exige também, no interior das sociedades, que haja mais acesso à educação de qualidade, à participação democrática e a competências interculturais, que ajudam a viver juntos, especialmente nas cidades, onde vive mais da metade da população mundial.
Quer pela rejeição à pobreza, pelos perigos de aquecimento climático, pela aspiração a uma vida digna ou pelo respeito de seus direitos, milhões de jovens desejam construir um futuro melhor além de suas fronteiras. Eu peço neste dia aos parceiros da UNESCO e a todos os Estados-membros a unirem seus esforços para fazer dessa energia considerável uma força e um ativo para a paz, o desenvolvimento e o respeito aos direitos do indivíduo.»

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A animação sociocultural na encruzilhada da realidade sociopolítica (II)

É preocupante o encerramento abrupto dos cursos superiores de animação, considero um revés na afirmação social da profissão e na formação académica dos animadores. Esta medida origina diferentes sentimentos e leituras sobre o processo e contribui para alimentar a descrença coletiva de transformação social da realidade atual. Outra leitura, talvez reúna menos apoio, mas com maior fundamento à luz da realidade social, política e educativa do país, é o ajustamento da oferta formativa à procura por parte dos candidatos ao ensino superior. Não quero descurar a possibilidade de um ajustamento da procura às reais necessidades do mercado de trabalho.

Qual o número de animadores licenciados em Portugal? Porque não há uma uniformização dos planos de estudos das licenciaturas em animação sociocultural? Porquê as muitas nomenclaturas para designar os cursos de animação quando têm em comum a matriz axiológica? Estas são questões que devem servir de base para compreendermos o processo em marcha. Continuo a defender uma única nomenclatura em animação, com um plano de estudos comum e uma aposta inequívoca em áreas de especialização que sejam uma resposta aos paradigmas de desenvolvimento dos territórios e das comunidades.

A animação sociocultural não é panaceia para os males sociais e os animadores não são «bombeiros» de serviço para socorrer as instituições. É preciso balizar a profissão, é fundamental definir competências técnicas e sociais, mas acima de tudo é urgente fomentar uma plataforma de pressão que desperte nas instituições a necessidade das dinâmicas da animação no seio organizacional. A aproximação progressiva entre as organizações de ensino e o mercado laboral é um desafio permanente e, é por excelência uma porta aberta a um intercâmbio de experiências que possibilitam um real conhecimento do que é ser animador sociocultural.

Os animadores reivindicam espaços de intervenção e reclamam para o exercício da profissão a presença de agentes socioculturais em inúmeras organizações da administração pública e da sociedade civil. Este é um exercício de cidadania, um direito que lhes assiste e um propósito sério e digno de registo. Não considero que a animação sociocultural esteja moribunda, ela continua dinâmica, talvez a pujança dos animadores esteja orientada para labores exclusivamente individuais em detrimento do coletivo. Os novos movimentos sociais são expressão de dinâmicas de animação sociocultural, de força coletiva que irrompe do anonimato cidadão e conquista identidade de grupo impelindo para um novo paradigma de cidadania na era global.

Os contextos educativos e sociopolíticos alteraram-se e com eles, nós, cidadãos e animadores, somos forçados a nos reposicionar no mundo, a ler e reinterpretar a realidade, a mediar conflitos e implementar soluções à luz dos novos paradigmas. A animação sociocultural enquanto metodologia de intervenção comunitária e padrão estratégico de fomento da participação ativa dos indivíduos nos processos de mudança, encontra nos grupos e nas instituições os recursos endógenos ao desenvolvimento local sustentável.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A animação sociocultural na encruzilhada da realidade sociopolítica (I)

A animação sociocultural e os animadores enquanto fomentadores da participação comunitária são protagonistas de reflexões espontâneas, apaixonadas, e por vezes eloquentes. É preciso focar a reflexão e posterior ação nos tempos sociais que vivemos, eles são bafejados por ventos de mudança e de oportunidades que empelam os animadores, enquanto militantes da cidadania ativa comprometida com a democracia e o bem comum, a projetarem no presente aquilo que poderá ser novos âmbitos de intervenção sociocultural.

O que é a animação sociocultural? Quem são os animadores? São duas questões que se revelam de difícil resposta. A identidade socioprofissional é a matriz da ação que se desvaneceu no tempo.

Uma premissa nuclear para fundamentar a animação desde a perspetiva dos animadores é que conheçam o seu ADN profissional, ou serão incapazes de contribuir individual e coletivamente para descodificar os sinais sociais da sociedade atual e compreender as suas dinâmicas. Na verdade, quantificar e tentar definir as funções do animador sociocultural é um exercício académico que exige um conhecimento da realidade profissional. Neste domínio de estudo, têm que ser os próprios agentes da mudança social a construírem o discurso teórico da animação e consequentemente a definirem as suas funções, enquanto profissionais especializados na área.

Aos animadores socioculturais é exigido autenticidade, atitude ativa e crítica na intervenção face às realidades socioculturais, políticas e educativas no entorno dos territórios de intervenção. É esperado dos animadores um discurso técnico-científico com o objetivo de transmitir numa linguagem persuasiva através da sua ação o que é a animação sociocultural e os seus territórios de intervenção.  

O prof. Avelino Bento e muito bem, desafiou os animadores a refletirem sobre as suas práticas. Não posso estar mais de acordo. Há a ausência de uma reflexão alargada e comprometida por parte dos animadores sobre as suas práticas, um exercício que exige a conjugação de dois vetores estruturantes: a teoria e a ação. Não menos verdade é a falta de um sentido de responsabilidade pela dignificação da profissão materializada em grupos de pressão, com objetivos claros e com uma linha de orientação estratégica definida para o longo prazo. Falta a coesão grupal que nunca conseguiu vingar entre os animadores.

É total responsabilidade dos animadores a materialização do conceito de animação sociocultural, para isso, impõe-se que soltem as amarras do porto seguro e se aventurem, com a convicção de que poderão contribuir positivamente para a mudança do perceção social e política sobre o trabalho dos animadores socioculturais. Definir a animação sociocultural é uma condição para construir socialmente e identitária da profissão. 

Não é legítimo, digo mesmo, é confuso reivindicar um estatuto profissional quando os próprios interessados não refletem sobre as suas práticas com o objetivo de sintetizarem o conceito matricial da animação sociocultural à luz das nossas realidades sociais, educativas, económicas, políticas e culturais. É fundamental agir em função de uma atitude pró-ativa e de uma consciência crítica.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Recepção de artigos para a revista Práticas de Animação

A revista Práticas de Animação é um projeto editorial que tem privilegiado a reflexão sobre o corpus teórico e as práticas de animação sociocultural, numa perspetiva interdisciplinar e de reflexão plural partilhada por animadores, educadores, investigadores e outros atores sociais com experiências e vivências profissionais que permitem posicionarem-se no campo teórico-prático da animação e projetar as suas reflexões no seio de uma comunidade aberta e democrática como a dos animadores socioculturais que continua a dinamizar a discussão sobre a animação e as suas práticas.

É nosso desiderato reunir um conjunto diversificado de contributos que aclarem sobre as dinâmicas da animação e sejam achegas para a reflexão sobre o papel da animação sociocultural nos múltiplos contextos de intervenção. Os artigos poderão versar sobre a animação sociocultural, socioeducativa, turística, o ócio, o lazer e os tempos livres, as políticas culturais, a pedagogia social e a educação sociocomunitária, entre outros domínios de investigação e intervenção privilegiados para a ação dos animadores.

Neste quadro de realização convidamos todos os interessados a colaborar no próximo número da revista. Para tal poderão enviar os seus contributos até o próximo mês de setembro de 2013, para o e-mail: revistapraticasdeanimacao@gmail.com

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O reconhecimento europeu sobre a animação juvenil (III)

O Conselho e os Representantes dos Governos dos Estados-Membros convidam a Comissão e os Estados-Membros no quadro das suas competências a criarem condições mais favoráveis para o desenvolvimento, apoio e implementação da animação juvenil, bem como, reconhecer e fortalecer o seu papel na sociedade. Outra recomendação está associada com o apoio ao desenvolvimento de novas estratégias, ou melhoria das existentes para desenvolver as capacidades dos animadores e dirigentes juvenis, e apoiar a sociedade civil na implementação de modelos ajustados de formação de animadores /dirigentes.

O reconhecimento e o aumento qualitativo da animação juvenil poderão ser rentabilizados, caso haja, a identificação das competências e métodos partilhados pelos agentes da animação e as diversas formas de intervenção. A empregabilidade jovem é um desafio permanente e audaz, quando ele é meta para os animadores e dirigentes juvenis e a sua mobilidade através de um melhor (re)conhecimento das suas qualificações e capacidades adquiridas pelas práticas.  

A Resolução do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros também sugere a promoção e apoio à investigação no domínio da animação juvenil e da política de juventude, e a disponibilização de informação sobre a animação e torna-la acessível através de mecanismos de informação, aumentando as sinergias e a complementaridade entre iniciativas da União Europeia, do Conselho da Europa e de outros organismos europeus, nacionais, regionais e locais. Esta medida é reforçada com a promoção de oportunidades de intercâmbio, cooperação em rede de animadores/ dirigentes juvenis, decisores políticos e investigadores no domínio da juventude.

A sociedade civil com afetação direta ao trabalho socioeducativo é incentivada a aumentar a plataforma de acessibilidade da animação juvenil a todas as crianças e jovens, em especial, as que têm menos oportunidades, bem como, promover a formação de animadores e dirigentes que exercem a sua atividade no domínio da juventude, com o intuito de garantir a qualidade das práticas de intervenção. A avaliação das abordagens, dos métodos e práticas de animação juvenil é uma das recomendações dirigidas à sociedade civil, que é desafiada a continuar a investir no desenvolvimento inovador através de novas iniciativas sustentadas nas experiências reais das crianças e jovens, dos animadores e dirigentes.

É salientada a importância do reconhecimento do papel da animação juvenil como plataforma de oportunidades de aprendizagem não formal. A animação deverá estar integrada nas políticas e programas de juventude por forma a possibilitar a todos os jovens, a aquisição e desenvolvimento de capacidades e competências necessárias à sociedade e à economia de 2020 e mais além.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O reconhecimento europeu sobre a animação juvenil (II)

É consensual que a animação contribui para a definição e concretização de políticas de juventude em áreas como a aprendizagem ao longo da vida, a inclusão social e a criação de emprego através da capacitação social e empreendedora dos jovens. Estas valias deverão ser ratificadas formalmente pelos governos locais, regionais e nacionais, através do reconhecimento formal e da validação das competências adquiridas pelos processos de educação não formal.

A Resolução do Conselho e dos Representantes dos Estados-Membros reforçam a necessária complementaridade de implicar em matéria de animação juvenil os decisores políticos, os dirigentes e animadores juvenis, investigadores e outros atores sociais associados de alguma forma à juventude. Esta pretensão das organizações europeias poderá materializar-se através dos Conselhos Municipais de Juventude enquanto órgãos consultivos dos decisores políticos e plataformas de democracia representativa e participativa.

Os conselhos municipais são ferramentas privilegiadas para o exercício da cidadania ativa, teoricamente, é a partir do diálogo estruturado que emergirá contributos válidos sustentados na realidade concreta vivida pela juventude, ser a voz irreverente que denúncia as necessidades e alerta para os desafios que os jovens enfrentam como grupo social, desafios como a exclusão social e o desemprego jovem. O Conselho Municipal de Juventude é um ator social personificado pelo coletivo, a quem é-lhe incumbida a responsabilidade, quando não instrumentalizado partidariamente, de contribuir para a definição de políticas locais de animação juvenil.

É recomendado aos Estados-Membros que promovam estratégias de apoio e remoção dos obstáculos à animação juvenil. Os apoios poderão ser financeiros, de recursos ou infra estruturas. Outras formas de apoio poderão passar pelo envolvimento das organizações governamentais e não governamentais locais e regionais na assunção de um papel mais ativo no desenvolvimento, no apoio e na implementação da animação juvenil. Os Estados-Membros também poderão contribuir no apoio e desenvolvimento da animação juvenil na implementação do quadro renovado, extensível na concretização dos objetivos dos diversos campos de intervenção.

O Conselho e os Representantes dos Estados-Membros convidam a Comissão a desenvolver estudos para mapear a diversidade, a abrangência e o impacto que a animação juvenil assume na União Europeia. Outro desafio está associado ao desenvolvimento de capacidades e competências dos animadores e dirigentes juvenis, bem como, o reconhecimento da aprendizagem não formal via animação juvenil proporcionando experiências de aprendizagem com a mobilidade aos animadores e dirigentes. Desenvolver instrumentos que atestem as competências dos animadores e dirigentes juvenis que ajudem a reconhecer e a avaliar a qualidade da animação juvenil na Europa. 

Estas recomendações devem ter acolhimento por parte dos decisores políticos que em parceria com as organizações da sociedade civil apoiem o desenvolvimento de estratégias para a sustentabilidade de dinâmicas locais de animação juvenil. Os paradigmas de desenvolvimento social e de bem-estar comunitário podem ser trabalhados na perspetiva da animação. O protagonismo tem de estar do lado dos jovens cidadãos, são eles que no exercício da sua cidadania e na rebeldia das suas ideias que contribuirão para uma política de juventude responsável e de inclusão social.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O reconhecimento europeu sobre a animação juvenil (I)

As políticas setoriais para a juventude produzidas no seio da União Europeia constituem os antecedentes da «Resolução do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros, reunidos no Conselho, sobre animação juvenil». Pode ler-se no documento que os antecedentes políticos de tal Resolução estão associados à ação da União Europeia que deve ter por objetivo o incentivo ao «… desenvolvimento de programas de intercâmbio para jovens e animadores socioeducativos ( …) e a participação dos jovens na vida democrática» (2010: 1). Outros propósitos são o programa «Juventude em acção» e a resolução sobre um quadro renovado para a cooperação europeia no domínio da juventude (2010-2018).

Para o Conselho a animação juvenil «(…) é uma expressão lata que abrange uma grande diversidade de actividades de natureza social, cultural, educativa ou política, efectuadas por jovens, com e para os jovens. Nestas actividades incluem-se ainda, cada vez mais, o desporto e os serviços aos jovens.» (2010: 1). O Conselho e os representantes dos Governos dos Estados-Membros reconhecem que a animação juvenil pertence ao domínio da educação extraescolar e está sustentada em dinâmicas de aprendizagem informal e não formal e na participação voluntária. As atividades são geridas autonomamente e/ou conjuntamente sob a orientação educativa ou pedagógica de animadores e dirigentes juvenis.

De acordo com a Resolução do Conselho e dos Representantes dos Governos dos Estados-Membros a animação juvenil é organizada e exercida por organizações dirigidas por e para jovens, grupos informais ou entidades públicas, aos níveis local, regional, nacional e europeu conforme o contexto comunitário, histórico, social e político de realização da animação juvenil; mediante o objetivo de envolver e empoderar todas as crianças e jovens, principalmente, os com menos oportunidades; o empenho de animadores e dirigentes juvenis; as organizações, serviços ou prestadores governamentais ou não, independentemente de serem ou não, dirigidos por jovens. Saliente-se que as autoridades locais e regionais também desempenham um papel fundamental no apoio e desenvolvimento local e regional da animação juvenil.

A animação juvenil complementa o âmbito da educação não formal, possibilitando aos jovens as mais variadas aprendizagens informais e não formais, de assunção de responsabilidades na execução de ações individuais e no coletivo, e conferindo-lhes o papel de protagonistas no seu próprio processo de desenvolvimento, dotando-os de autonomia, de espírito empreendor e de emancipação social. A animação juvenil contribui para o fortalecimento das relações grupais, para a capacitação pessoal e profissional e na tomada de decisões.

O valor social que a animação juvenil acresce na vida dos jovens pode ser mensurável ao nível da sua participação autónoma nos processos de desenvolvimento grupal, na responsabilização social através do voluntariado, e consequentemente, da cidadania ativa através do exercício dum um diálogo estruturado, intergeracional e intercultural como elo de reforço da coesão social comunitária. A aludida Resolução sobre a animação juvenil no contexto europeu aponta para o contributo que a animação poderá assumir no desenvolvimento da criatividade, da sensibilização sociocultural, do empreendedorismo e da inovação dos jovens. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A animação sociocultural e o território educativo

Os territórios educativos enquanto espaços de educação formal, informal e não formal são lugares de dinâmicas sociais e culturais de crianças e jovens, são espaços de criação de identidade e de cultura, capazes de proporcionarem experiências partilhadas. A escola como território privilegiado da educação formal tem de ser observada como agente de mudança social e, consequentemente, também cenário de políticas de animação sociocultural, ou seja, a animação enquanto pedagogia transformadora implícita aos processos geradores de participação cidadã e de desenvolvimento comunitário tem que ser potencializada através das dinâmicas educativas.

Neste quadro de realização é pertinente focar o projeto de enriquecimento curricular «Mercado Quinhentista» dinamizado numa primeira edição apenas pela comunidade educativa da Escola Básica e Secundária de Machico. Nos passados dias 07, 08 e 09 de junho, realizou-se a 8ª edição do projeto cuja temática foi «Machiquo Villa Manuelina», numa organização da Câmara Municipal de Machico e da Escola Básica e Secundária de Machico. Uma organização que conta com a participação ativa de escolas, organizações educativas e culturais locais e regionais, partilhando dos objetivos e acrescentando valores culturais. À luz da matriz conceptual da animação sociocultural penso ser correto considerar o «Mercado Quinhentista» um projeto de animação, porque ele é fortemente envolvente e redesenhado pela participação comunitária a cada edição.

O projeto de recriação histórica extravasou o território da educação formal, mas mantêm-se fiel aos objetivos traçados pelos docentes responsáveis pela paternidade do «Mercado Quinhentista» e a uma metodologia de pedagogia participativa, de envolvência e coresponsabilidade de todos os atores que corporizam o projeto. O envolvimento comunitário através da participação ativa das organizações educativas, culturais e sociais, do comércio local e a emergência de novas dinâmicas turístico-culturais associadas ao «Mercado Quinhentista» revelam práticas transformadoras de uma cidadania alheia à vida cultural, com o emergir de uma pedagogia da participação cidadã voluntária, da promoção da cultura e da história, como ativos culturais decisivos para o alavancar da economia local mediadas por processos educativos nos contextos da educação formal e da não formal.  

Este é um exemplo da necessária e urgente complementaridade de políticas de animação sociocultural que precisam de germinar nos territórios educativos. É preciso construir uma cidadania ativa alicerçada na democracia da cultura e da responsabilidade socioeducativa partilhada por todos os atores sociais. Envolver é um verbo de ação, e deverá sê-lo na construção de políticas educativas e culturais, numa relação de proximidade e de compromisso. A animação sociocultural enquanto pedagogia participativa e transformadora através da ação humanizadora de homens e mulheres conscientes do seu papel cidadão só será efetiva, dinâmica e construtora de um tecido socialmente equilibrado, se houver processos mobilizadores da participação de crianças e jovens em projetos que garantam equidade no acesso à cultura e à educação.

A escola de hoje tem que proporcionar experiências de cidadania cultural, de transmissão de valores democráticos e de construção de um diálogo estruturado. A animação sociocultural e a educação deverão ser o suporte de políticas sustentáveis que visem o desenvolvimento comunitário pela participação de todos os atores sociais. É necessário reforçar o diálogo e a cooperação entre a escola e a comunidade envolvente, uma dinâmica que não pode ser entendida como perda da autonomia, mas como a dinamização do território educativo não formal. Este é um espaço privilegiado para a pedagogia dos valores e da cidadania.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Colóquio «Animação Sociocultural com População Sem-abrigo: Contextos e Práticas»


A Associação Integrar promove nos dias 29 e 30 de maio de 2013, na Casa da Cultura de Coimbra, o III Colóquio subordinado ao tema «Animação Sociocultural com população Sem-abrigo: Contextos e Práticas» e workshops.

O colóquio pretende ser a plataforma de discussão relativa à contextualização da animação, ao enquadramento da problemática e à apresentação de projetos desenvolvidos em diferentes zonas geográficas do país, que através da animação promovem a inclusão de grupos desfavorecidos. Os painéis sobre os quais estará centrada a dinâmica do colóquio serão a «A Animação Sociocultural», «Animação e Situação de Sem-abrigo», «Animação Sociocultural naInclusão de Grupos Desfavorecidos» e «Boas Práticas: Projectos Promotores de Inclusão».

Os workshops que serão dinamizados no âmbito do colóquio são: «Experienciar o Real: Jogos de Interacção», «Expressões Artísticas», «Projecto de Integração Cultural» e «Estratégias de Planeamento e desenvolvimento de Iniciativas de Animação com Pessoas em Situação de Sem-abrigo». Para mais informação consulte a página oficial da Associação Integrar.





segunda-feira, 6 de maio de 2013

A animação sociocultural em tempos de incerteza

O tempo sociopolítico em que estamos envolvidos parece-me ideal para refletir a animação sociocultural como pedagogia comunitária e de alavancagem das consciências individuais e coletivas. É verdade que a conjugação do presente e do futuro são de grandes e anestesiantes incertezas, mas também é verdade, que a esperança e a capacidade transformadora da ação coletiva perante as desigualdades que minam a coesão social são focos de resistência e de alento numa jornada de resiliência social.

Os animadores socioculturais têm a nobre missão de contribuir para a mudança social, para o alentar da esperança das pessoas nas instituições. É tempo das organizações contribuírem para uma cidadania inclusiva e participativa, fomentarem processos de (des)envolvimento comunitário e capacitarem os cidadãos para que assumam um protagonismo responsável e uma ação sustentada na procura do bem-estar da comunidade. Este tem que ser um projeto político e social, este é talvez, um exercício crítico e de responsabilidade acrescida para todos.

A discussão sobre a animação sociocultural e os seus âmbitos de intervenção têm que superar as reflexões clássicas restritas aos fóruns académicos. É desejável que sejamos capazes de alavancar novos espaços e tempos para a intervenção da animação. As realidades sociopolítica, cultural e económica presentes são laboratórios para o advento de possíveis novos âmbitos de intervenção em animação sociocultural. Estou em crer em não estar a forçar novos espaços de ação, pelo contrário, o contexto social está a favorecê-lo. É preciso construir respostas a partir do tecido vivo da comunidade. As respostas têm que nascer das pessoas e para as pessoas.

Que contributos podem os animadores socioculturais dar num contexto de intervenção para mitigar a crise atual? Esta é a questão de partida, aparentemente simples, mas complexa do ponto de vista dos recursos comunitários. É inteligente e perspicaz introduzir o tema no debate académico, ou então podemos continuar a nos questionar sobre a pertinência dos processos de intervenção na perspetiva metodológica e pedagógica da animação sociocultural e as respostas serão as clássicas.

Os direitos laborais e as respostas insipientes do mercado de trabalho, o papel da educação no mundo de hoje e a formação para a cidadania ativa, as desigualdades sociais, a cultura como plataforma das identidades e de coesão social e territorial, o regresso ao mundo rural e as perspetivas de futuro, a austeridade como resposta política e a aniquilação do ser pessoa e do ser comunidade, a promoção do bem comum como desafio e responsabilidade de todos, estes são alguns temas pertinentes para uma reflexão à luz dos princípios da animação sociocultural.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A argumentação do Conselho Nacional de Juventude a propósito do reconhecimento da educação não formal (II)

Equacionar o reconhecimento político e social da educação não formal contribuirá seriamente para a definição e construção social da figura do educador e/ou do animador dos processos educativos não formais. Esta matéria mais do que o reconhecimento, exige a validação política das práticas educativas desenvolvidas com e pelos jovens nos seus espaços de sociabilidade. Acreditamos que o reconhecimento político é um dos pressupostos válidos e necessários para o elencar de ações  das organizações da sociedade civil comprometidas com a cidadania transformadora dos jovens, mas a filiação da profissão do educador em educação não formal não pode restringir-se apenas aos processos educativos dinamizados no quadro do associativismo jovem.

A animação sociocultural também é uma estratégia educativa no contexto não formal, que carece de reconhecimento político. As metodologias de intervenção em educação não formal e em animação são ferramentas de transformação e de participação comunitária. Entendemos que o desafio também passa pela consolidação das práticas.

O grupo de trabalho do Conselho Nacional de Juventude faz algumas recomendações com vista ao reconhecimento da educação não formal no plano das políticas europeias, onde seja definida uma estratégia de reconhecimento da educação não formal em todas as suas dimensões, a criação de estruturas e a disponibilização de recursos próprios. Os processos de reconhecimento formal e político no território europeu «…devem ser inclusivos e participados, envolvendo os/as principais agentes da ENF [educação não formal]» (2013: 7).

O desiderato do reconhecimento e visibilidade social das metodologias educativas da educação não formal também deverá conceber-se ao nível das políticas nacionais, regionais e locais, nos pressupostos definidos para as políticas europeias.

A educação não formal tem que ser reconhecida como um processo que multiplica as oportunidades criadas para os beneficiários desenvolverem competências complementárias às adquiridas através da educação formal. É recomendado ainda o reconhecimento formal dos promotores de atividades de educação não formal por apoiarem e capacitarem grupos desfavorecidos, bem como pela promoção da cidadania ativa no desenvolvimento comunitário. A aprendizagem ao longo da vida é plataforma de desenvolvimento da educação não formal, o que pressupõe um diálogo estruturado com os outros domínios da educação.

No plano de ação há um enfoque para o reconhecimento da educação não formal, nomeadamente, «Iniciar o trabalho político de redação e adoção de um texto legal pelo Governo …» (2013: 9), no sentido de serem adotadas medidas concretas que visem o reconhecimento formal e sociopolítico aos níveis nacional, regional e local. Outro objetivo está centrado no apoio ao desenvolvimento de políticas no quadro das administrações central, regional e local que visem o reconhecimento da educação não formal.

O trabalho de parceria é vital para o prosseguimento do reconhecimento social e político da educação não formal. A colaboração entre investigadores, políticos, técnicos e dirigentes associativos e outros agentes deverá ser estimulada através de atividades conjuntas. O trabalho cooperativo com vista ao reconhecimento da educação não formal deverá entre outras medidas, envolver todos os stakeholders e «Promover o desenvolvimento de mecanismos de cooperação local com autarquias e entidades locais» (2013: 11).

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A argumentação do Conselho Nacional de Juventude a propósito do reconhecimento da educação não formal (I)

A educação não formal enquanto sistema educativo proporciona aos aprendentes um conjunto de aprendizagens não formais e de capacitação dos jovens com competências sociais, profissionais e de desenvolvimento pessoal. Esta abordagem educativa realiza-se fora da escola, paralelamente ao sistema de educação formal, sem a obrigatoriedade do sistema formal e não termina, obrigatoriamente, em certificação. A educação não formal possibilita aos jovens a aquisição de valores democráticos e o desenvolvimento de processos de transformação pessoal e de construção da própria cidadania.

O Grupo de Trabalho de Educação Não Formal do Conselho Nacional de Juventude publicou o documento Tomada de Posição Reconhecimento da Educação Não Formal, um suporte teórico necessário e pertinente para a discussão alargada sobre o que é a educação não formal; os desafios associados; recomendações e um leque de propostas de ação, no quadro do reconhecimento daquele processo educativo.

Um dos desafios da educação não formal é a compreensão do conceito enquanto processo educativo e a diferenciação da educação formal; informal e da aprendizagem ao longo da vida. O grupo de trabalho do Conselho Nacional de Juventude refere que a educação não formal tem possibilitado o desenvolvimento de valores e competências técnicas e cognitivas fomentadoras de um processo real de transformação pessoal, onde os participantes são atores ativos no processo de aprendizagem. O reconhecimento da educação não formal tem quatro dimensões: reconhecimento social, político, autorreconhecimento e o reconhecimento formal.

O desafio de desenvolver parcerias, de valorizar e reconhecer a importância do educador em educação não formal são propósitos enunciados no documento. A educação não formal exige o desenvolvimento de parcerias com os diferentes atores sociais: organizações governamentais e não governamentais, educadores, sindicatos, professores, entre outras organizações e agentes. O desafio exige uma forte ligação a outros domínios políticos, nomeadamente, ao desporto, à cultura, à educação e à saúde (2013: 4).

«Apesar de existirem diferentes atores/atrizes a desenvolverem o papel de promotores de processos de aprendizagem não formal, existe um entendimento alargado sobre um conceito aglutinador que é o/a do/a educador/a, e que compreende: formadores/as, facilitadores/as, animadores/as, monitores/as, e trabalhadores/as socioeducativos em prol dos jovens (youth workers). Este entendimento resulta do facto de os diferentes atores/atrizes identificados integrarem em si o domínio das metodologias, abordagens e princípios próprios da ENF [educação não formal].» (2013: 5).

O Grupo de Trabalho de Educação Não Formal argumenta que o reconhecimento do papel dos educadores em educação não formal exige a compreensão da importância da responsabilidade educativa que têm sobre os jovens; do efeito multiplicador que associado aos valores da democracia, tolerância e interculturalidade; na facilitação dos processos de transformação pessoal e social; na capacitação dos jovens em geral e daqueles que integram as associações juvenis, em particular; na adaptação às necessidades e objetivos do grupo, e na humanização e proximidade dos processos educativos. Estes são alguns desígnios que no nosso entender têm correspondência com as práticas profissionais e voluntárias dos animadores socioculturais no trabalho quotidiano. A educação não formal é um processo educativo que desenvolve-se paralelamente às práticas de animação. O processo educativo em educação não formal e a animação sociocultural são cânones de práticas de cidadania ativa que deverá implicar os diferentes atores políticos e sociais. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Um passo para reconhecimento político e social da educação não formal

A educação não formal como processo educativo privilegiado no trabalho associativo voluntário com jovens é um paradigma legítimo, cujo reconhecimento político-administrativo deverá sustentar-se numa dinâmica mobilizadora das organizações políticas, cívicas e agentes socioeducativos e culturais com o objetivo comum de debater e reunir argumentos que corroborem o papel da educação não formal na promoção da participação ativa da juventude na vida comunitária.

A educação não formal é hoje um compromisso político outorgado pela Assembleia da República através das resoluções n.º 32/2013 e n.º 34/2013.

A resolução n.º 32/2013, recomenda ao Governo que diligencie um conjunto de estudos com o intuito de haver um conhecimento sobre o impacto do voluntariado e do associativismo no perfil de competências dos jovens. Ainda sobre estas duas dimensões da educação não formal é recomendado que o Executivo promova uma maior sensibilização acerca das experiências adquiridas pelos jovens em organizações associativas ao nível das competências, valorização do perfil e do envolvimento social, bem como, a criação de uma estratégia nacional de valorização e reconhecimento formal das competências adquiridas no âmbito da educação não formal. A resolução recomenda também a criação de ferramentas de suporte à ação das organizações de voluntariado, ao associativismo e à educação não formal que facilitem a identificação dos conhecimentos e competências desenvolvidas no âmbito de intervenção.

A resolução n.º 34/2013, recomenda ao Executivo a valorização e o reconhecimento efetivo da educação não formal e da aprendizagem ao longo da vida, com a possibilidade de certificação das competências adquiridas através da participação ativa nas organizações associativas voluntárias. Outra recomendação é o reconhecimento formal das associações juvenis como agentes educativos, com o objetivo do trabalho associativo seja integrado na valorização curricular. A conciliação do trabalho associativo com a vida escolar e profissional é um desiderato imputado a uma estratégia nacional de promoção da cidadania, do associativismo e do voluntariado.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2013 - 27 de março


«Já faz muito tempo que a forma de resolver o problema da intolerância para com os comediantes era expulsá-los do país.


Hoje, os atores e as companhias de teatro têm dificuldades em encontrar teatros, praças públicas e espectadores, tudo por causa da crise. Os Governantes, portanto, não estão mais preocupados com os problemas de controle sobre aqueles que se expressam com ironia e sarcasmo, já que não há lugar para atores, nem existe um público para assistir. 

Ao contrário, durante o período do Renascimento, na Itália, os que estavam no poder tinham que fazer um esforço significativo para manter em seus territórios, os Commedianti, uma vez que estes desfrutavam de um grande público.

É sabido que o grande êxodo de artistas da Commedia dell'Arte aconteceu no século da Contra-Reforma, que decretou o desmantelamento de todos os espaços do teatro, especialmente em Roma, onde foram acusados de ofender a cidade santa. Em 1697, o Papa Inocêncio XII, sob a pressão de insistentes pedidos do lado mais conservador da burguesia e dos expoentes do clero, ordenou a demolição do Teatro Tordinona, em cujo palco, segundo os moralistas, tinha encenado o maior número de performances obscenas.

Na época da Contra-Reforma, o cardeal Carlo Borromeo, que era ativo no Norte de Itália, havia se comprometido com o resgate dos "filhos de Milão", estabelecendo uma clara distinção entre a arte - como a mais alta forma de educação espiritual, e o teatro - a manifestação de palavrões e de vaidade. Em uma carta dirigida aos seus colaboradores, que eu cito de improviso, ele se expressa mais ou menos da seguinte forma: "(...) em relação à erradicação da erva do mal, fizemos o nosso melhor para queimar textos que continham discursos infames, para erradicá-los da memória dos homens, e, ao mesmo tempo, a processar também aqueles que divulgaram tais textos impressos. Evidentemente, no entanto, enquanto estávamos dormindo, o diabo trabalhou com astúcia renovada. Como penetra na alma mais do que o que os olhos vêem, o que você pode ler nos livros desse tipo! Assim como a palavra falada e o gesto apropriado são muito mais devastadores para as mentes dos adolescentes e jovens do que uma palavra morta impressas em livros. É, portanto, urgente livrar nossas cidades de fabricantes de teatro, como fazemos com as almas indesejadas.".

Então, a única solução para a crise está na esperança de que uma grande "expulsão" seja organizada contra nós e, especialmente, contra os jovens que desejam aprender a arte do teatro: a diáspora nova de comediantes, de fabricantes de teatro, que, certamente, a partir de tal imposição, terão benefícios inimagináveis para uma nova representação.»

Dario Fo


terça-feira, 5 de março de 2013

A Animação Sociocultural, Gerontologia e Geriatria - A Intervenção Social, Cultural e Educativa na Terceira Idade

A animação sociocultural e a geriatria numa tripla perspetiva de intervenção - social, cultural e educativa, será o tema em foco do congresso internacional que se realizará em Boticas, nos dias 23, 24 e 25 de maio de 2013.

A organização do congresso definiu como objetivos, entre outros:

- «Fomentar o debate e a reflexão à volta da Animação Sociocultural no contexto da terceira idade;
- Estimular a articulação entre a Animação Sociocultural, a Gerontologia, a Educação Intergeracional numa perspetiva de cidadania ativa;
- Analisar a participação das pessoas Idosas em torno de projetos de desenvolvimento local, regional, nacional e internacional;
- Refletir sobre o papel da Animação Sociocultural na Terceira Idade nos campos da Intervenção Social, Cultural e Educativo;»

Nos painéis e mesas redondas do congresso estará em discussão:

- As Artes no contexto da Animação Sociocultural na Terceira Idade
- Animação Sociocultural e Educação Intergeracional
- Animação Sociocultural Ócio e tempo livre na Terceira Idade
- Animação Sociocultural na Terceira Idade participação, cidadania, valores...
- Animação Sociocultural na Terceira Idade: Educação para a Vida e Educação Para a Morte
- A Animação Sociocultural e Gerontologia Social, Cultural e Educativa
- Animação Sociocultural na Terceira Idade, Geriatria, Saúde, Bem-Estar e envelhecimento ativo
- Animação Sociocultural, Gerontologia, Geriatria, Voluntariado e Empreendedorismo Social.
- Perfil de Animador Sociocultural na Terceira Idade: Animador Sociocultural Gerontologo social, cultural e educativo/ Animador Socioeducativo promotor de práticas intergeracionais e de educação intergeracional / Animador assistencialista.....
- Relatos de Experiências de Animação Sociocultural no âmbito da intervenção social, Cultural e Educativa

Para mais informações, clique aqui.