sexta-feira, 12 de abril de 2013

A argumentação do Conselho Nacional de Juventude a propósito do reconhecimento da educação não formal (II)

Equacionar o reconhecimento político e social da educação não formal contribuirá seriamente para a definição e construção social da figura do educador e/ou do animador dos processos educativos não formais. Esta matéria mais do que o reconhecimento, exige a validação política das práticas educativas desenvolvidas com e pelos jovens nos seus espaços de sociabilidade. Acreditamos que o reconhecimento político é um dos pressupostos válidos e necessários para o elencar de ações  das organizações da sociedade civil comprometidas com a cidadania transformadora dos jovens, mas a filiação da profissão do educador em educação não formal não pode restringir-se apenas aos processos educativos dinamizados no quadro do associativismo jovem.

A animação sociocultural também é uma estratégia educativa no contexto não formal, que carece de reconhecimento político. As metodologias de intervenção em educação não formal e em animação são ferramentas de transformação e de participação comunitária. Entendemos que o desafio também passa pela consolidação das práticas.

O grupo de trabalho do Conselho Nacional de Juventude faz algumas recomendações com vista ao reconhecimento da educação não formal no plano das políticas europeias, onde seja definida uma estratégia de reconhecimento da educação não formal em todas as suas dimensões, a criação de estruturas e a disponibilização de recursos próprios. Os processos de reconhecimento formal e político no território europeu «…devem ser inclusivos e participados, envolvendo os/as principais agentes da ENF [educação não formal]» (2013: 7).

O desiderato do reconhecimento e visibilidade social das metodologias educativas da educação não formal também deverá conceber-se ao nível das políticas nacionais, regionais e locais, nos pressupostos definidos para as políticas europeias.

A educação não formal tem que ser reconhecida como um processo que multiplica as oportunidades criadas para os beneficiários desenvolverem competências complementárias às adquiridas através da educação formal. É recomendado ainda o reconhecimento formal dos promotores de atividades de educação não formal por apoiarem e capacitarem grupos desfavorecidos, bem como pela promoção da cidadania ativa no desenvolvimento comunitário. A aprendizagem ao longo da vida é plataforma de desenvolvimento da educação não formal, o que pressupõe um diálogo estruturado com os outros domínios da educação.

No plano de ação há um enfoque para o reconhecimento da educação não formal, nomeadamente, «Iniciar o trabalho político de redação e adoção de um texto legal pelo Governo …» (2013: 9), no sentido de serem adotadas medidas concretas que visem o reconhecimento formal e sociopolítico aos níveis nacional, regional e local. Outro objetivo está centrado no apoio ao desenvolvimento de políticas no quadro das administrações central, regional e local que visem o reconhecimento da educação não formal.

O trabalho de parceria é vital para o prosseguimento do reconhecimento social e político da educação não formal. A colaboração entre investigadores, políticos, técnicos e dirigentes associativos e outros agentes deverá ser estimulada através de atividades conjuntas. O trabalho cooperativo com vista ao reconhecimento da educação não formal deverá entre outras medidas, envolver todos os stakeholders e «Promover o desenvolvimento de mecanismos de cooperação local com autarquias e entidades locais» (2013: 11).

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