segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Em defesa de uma pedagogia do diálogo e da cooperação

Os grupos orientam a sua acção colectiva por um conjunto de padrões e condutas sociais, de valores democráticos e pertença (identidades cultural e profissional), razões fundamentais para a construção de um projecto de cidadania. Uma cidadania que exige uma acção pró-activa, em detrimento de uma cultura do vazio.

É alimentado pela ideia de uma cidadania pró-activa que defendo uma pedagogia do diálogo e da cooperação entre grupos profissionais diferenciados, cujas funções exigem o aprofundamento de conceitos, métodos e metodologias de natureza técnico-científicas de distintas áreas do conhecimento; referência à Animação Sociocultural. É essa pedagogia do diálogo cooperativo arquitectada em práticas inovadoras e criativas de base educativa, provocadoras de mudanças sociais que importa discutir na quadro de intervenção das instituições com responsabilidades em matéria cultural e socioeducativa, sem descurar o alargamento do debate ao modelo de Animador desejado.

O acto de educar não é exclusivo dos agentes educativos clássicos. Ele é um acto livre, transversal ao serviço de um conjunto de agentes sociais, com destaque para os Animadores Socioculturais. Concebo o acto de educar como um processo facilitador de construção da cidadania, de transformação da pessoa num agente da mudança, crítico, capaz de fazer uma leitura socio-antropológica e política do mundo.

O campo de intervenção da Animação Sociocultural não pode ser transformado numa "coutada particular" de um grupo que por inerência de funções e por razões de ordem contratual se restrigem a um dos múltiplos campos de intervenção da Animação, no domínio educativo. Há um conjunto de saberes e competências que são exclusivas dos Animadores Socioculturais, facto que se deve à sua formação académica. Neste quadro de reflexão, parece-me fazer sentido, falar no exercício de uma pedagogia cooperativa entre instituições e agentes socioculturais, em detrimento de uma visão deturpada, redutora e asfixiante da Animação Sociocultural e do papel activo dos seus agentes.

É urgente que aconteça um debate cujo tema central em discussão seja o papel do Animador Sociocultural com formação específica (leia-se técnico-profissional e licenciatura em Animação) nas organizações comunitárias (bibliotecas, museus, ATL'S, movimento associativo, teatros e galerias, autarquias, casas de saúde, centros cívicos e comunitários, etc.). Certamente este espaço de discussão e de diálogo, base de uma possível cooperação estratégica entre os núcleos associativos dos Animadores e as organizações enquanto espaços formais e não formais privilegiados para o desenvolvimento de projectos de Animação Sociocultural. Será um espaço para aclarar dúvidas e contribuir para o "abrandamento" de protagonismos sombrios que insistem perturbar dinâmicas que se vão desenvolvendo de uma forma organizada e sustenda numa rede de compromissos que desejamos para os Animadores e para a Animação Sociocultural.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Boas Festas e Feliz Ano Novo

A Lapinha (Presépio Tradicional Madeirense)


Desejo a todos os leitores do Animação Sociocultural e Insularidade um feliz e santo Natal. Um tempo da mais profícua solidariedade e fraternidade entre os homens. Uma quadra de especial relevância para o mundo ocidental, expressa em momentos de doação quase irrepetíveis que traduzem o apelo colectivo e quase anónimo à construção de um mundo mais igualitário. Este é um tempo de convocar a multidão extasiada para o fabrico de respostas sociais que emergem do voluntariado como resposta à necessidade da dignificação da pessoa humana e dos valores que ela personifica.

Votos de um próspero ano 2009, rico na construção de uma sociedade mais justa, tolerante e receptiva à multiculturalidade.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Autarquia prevê contratação de Animadores Socioculturais

A Autarquia de Gaia anunciou através do seu Vice-Presidente, Marco António Costa a contratação de agentes do social - Animadores Socioculturais e assistentes sociais - uma medida positiva e justificativa da aposta da edilidade no reforço das verbas para empresas municipais GaiaSocial e Gaianima, para execução dos respectivos programas de intervenção. Uma medida que é expressa no documento orçamental que define como grandes apostas as áreas da Educação, do Desporto e da Acção Social.

Fonte: Gaia Global

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

60º Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos

A 10 de Dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptadou em Paris - a Declaração Universal do Direitos Humanos - um documento colossal para o reconhecimento da dignidade da pessoa humana, da igualdade dos seus direitos, a afirmação da liberdade, da justiça e da paz no mundo (tal como é referido no Preâmbulo da Declaração).

Para assinalar esta data incontornável na vida social e política da Europa, a União Europeia presta homenagem a todos os Homens defensores dos direitos humanos, cidadãos que lutam quotidianamente por uma causa maior; que por acreditarem na justiça e na fraternidade entre povos desafiam regimes políticos e denunciam ao mundo as atrocidades que violam em larga escala os Direitos Humanos.

Foi a pensar nesses Animadores dos Direitos Humanos que a ONU em 1998, adoptou a Declaração sobre os Defensores dos Direitos Humanos. Um documento que proporciona aos activistas dos Direitos Humanos o reconhecimento da importância da sua acção, bem como a necessidade de terem maior protecção. Curiosamente, a União Europeia seguiu o exemplo, e em 2004, publicou um conjunto de medidas que incentiva os Estados-membros a fazerem mais para apoiar os activistas em risco.

Acredito na utopia que alimenta a vontade e a esperança de homens e mulheres que lutam por causas nobres; causas maiores que os seus/nossos pequenos nadas. A vivência democrática da cidadania também se constrói na defesa dos Direitos humanos à escala de intervenção de cada Homem. Que papel deve a Animação Sociocultural exercer no sentido da promoção dos Direitos Humanos?

A conscientização para o valor ético, social, religioso, cultural e político da pessoa humana é o ponto de partida para um trabalho comunitário de base; um exercício de cidadania que busca a concreterização efectiva da Declaração dos Direitos do Homem. Este documento deve acompanhar os Animadores no seu trabalho de intervenção com os grupos, ele deve ser trabalhado desde os movimentos cívicos e também, nas práticas de intervenção socioculturais; na mobilização dos colectivos para causas maiores, enfim, no concreterizar de utopias que se cruzam com os direitos fundamentais do Homem.

Cada Animador deve alimentar um pouco a utopia que move centenas de cidadãos anónimos pela defesa e dignidade integral do Homem.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A necessidade do trabalho em rede

As instituições vivem momentos conturbados; uma situação factual que merece um olhar mais atento e a manifestação de sérias reservas no desenvolvimento de projectos socioculturais. Este domínio de acção é o mais penalizado no orçamento público, razão que exige soluções alternativas, concretas e eficazes na continuidade do trabalho cultural com os colectivos.

O trabalho de pareceria não é a solução milagrosa para os males financeiros, mas, é certamente a solução para a concreterização de projectos que resultem na fabricação de uma cidadania activa e comprometida com o local. O trabalho de Animação Sociocultural exige um compromisso com - entidades público-privadas, com o movimento associativo de base e com agentes culturais que no quotidiano contribuem para a consolidadação da democracia cultural - uma panóplia de actores sociais capazes de provocar uma rede de sinergias que alimentarão uma ideia, que construirá um caminho e será um contributo valioso na concreterização de um projecto.

O protagonismo no domínio da intervenção sociocultural é uma conquista dos actores sociais anónimos, um status que se dilui com o trabalho em rede, uma perda que muitos Animadores Socioculturais e as instituições que patrocinam o seu trabalho não desejam perder para o "Outro".

Continuo a defender a necessidade de construirmos uma rede de parceiros no desenvolvimento de projectos de Animação Sociocultural. São inúmeros os potenciais âmbitos de intervenção da Animação Sociocultural no século XXI, e perante esta realidade, os Animadores têm que desenvolver uma rede de trabalho sustentada em parceiros de áreas multidisciplinares, no sentido de uma maior e melhor coordenação de esforços no processo criativo de intervenção.

Esta ideia é extensível à prática associativa. Não concebo um projecto associativo sustentável que esteja alicerçado somente em ideais, é fundamental que a concreterização de projectos seja uma presença efectiva e transversal na acção dos dirigentes. Hoje a realidade do movimento associativo sofreu profundas mutações sociais. A necessidade do trabalho em rede é extensível ao associativismo de classe profissional, cultural e recreativo. Os dirigentes só alcançarão os intentos definidos nos seus programas de acção, quando houver um trabalho de base sustentável nas parcerias com os seus congéneres.

O trabalho em Animação Sociocultural será mais completo se ganhar efectivamente o trabalho em rede com os demais parceiros socioculturais e educativos. O protagonismo será sempre dos actores sociais anónimos.