segunda-feira, 25 de abril de 2016

O que faz falta

O que faz falta é animar a cidadania. Vivemos tempos sombrios onde não há espaço para a democracia participativa, um tempo de desresponsabilização face às grandes linhas estratégicas de ação coletiva. Falta uma pedagogia da militância política não partidária e democrática. É chocante a falta de (des)envolvimento dos sujeitos nas questões coletivas de interesse comum à vida comunitária.

O que faz falta é desenvolver uma pedagogia de e para a cultura com todos. O poder político no exercício das funções que lhe são confiadas, não pode ignorar a história social e cultural da comunidade. É preciso conhecer, dignificar e partilhar um passado comum para desenhar um programa político no quadro da realização da cultura.

A ação cultural é um processo contínuo de valorização dos saberes-fazeres dos sujeitos, de enobrecimento das identidades e da cultura. O que faz falta é exercitar quotidianamente uma pedagogia para a cultura, fomentar a cidadania cultural dos sujeitos, potenciar as organizações de base para que contribuam ativamente para o desenho de uma política cultural de continuidade e não ações avulsas, capricho de um ou outro político.

O que faz falta é a solidariedade humana em tempos de incertezas sociais, culturais e económicas. É urgente educar para uma cultura de paz, de solidariedade humana, fomentar o sentido do bem comum. Faz falta, cada um ser cidadão comprometidos com os seus grupos de pertença, com a comunidade que contribuiu para a afirmação da sua identidade e comummente dos valores socioculturais.

O que faz falta é educar os homens e as mulheres do futuro. A cidadania começa na escola mas não se esgota dentro dos seus muros. A educação não pode ser, apenas, a transmissão unilateral de conhecimento, antes, e cada vez mais, deverá caracterizar-se por ser um processo de aprendizagens não formais e informais, onde os jovens sejam o centro das dinâmicas educativas. É desejável um processo educativo profusamente ligado à comunidade.