domingo, 5 de janeiro de 2014

Um tema periférico para o debate em animação sociocultural

A discussão em torno de matérias como a profissão, o estatuto, o perfil e as competências dos animadores socioculturais são temas recorrentes no discurso dos próprios agentes da animação. Não é novidade que há planos curriculares de formação em animação sociocultural diversificados no conteúdo que, certamente encontram acolhimento junto das dezenas de candidatos. Mas, talvez esse seja o menor dos problemas, tanto mais, que há cursos de animação sociocultural a encerrar por falta de candidatos. Esta realidade é um facto, e como tal, exige uma análise cuidada.

Continuamos a questionar sobre o perfil do animador sociocultural. Há um perfil modelo? Não haverá, sim, um conjunto de requisitos técnicos e humanos, que no seu todo complementam o perfil desejado para o animador? Qual o perfil profissional que os animadores desejam? Antes, devemos questionar que modelo formativo para os agentes da animação.

Os paradigmas de desenvolvimento alteraram-se na última década. Estamos preparados para enfrentar o futuro? Estaremos conscientes de que é imperioso desenvolver novas estratégias de participação social, política e cultural? Estaremos conscientes de que o modelo económico que vigorou foi o responsável pelo colapso nacional? Estaremos preparados para um novo modelo de desenvolvimento económico?

É necessário direcionar o foco de atenção para a sociedade civil e os problemas reais do país que procura, seriamente, libertar-se do constrangimento financeiro a que está sujeito. Quero ouvir os animadores da minha geração; quero saber que contributos poderão eles dar para o novo modelo de desenvolvimento que precisamos de empreender nas nossas comunidades.

Aparentemente, para alguns, estas são questões do debate político-partidário, para nós animadores socioculturais são questões atuais, com sentido estratégico para o desenvolvimento das comunidades locais. As necessidades primárias mantêm-se e a sua satisfação é vital para a manutenção da coesão social.

É importante que a discussão sobre o futuro hoje seja um desígnio dos animadores socioculturais. 
Precisamos de encontrar soluções para os problemas coletivos, hoje mais do que nunca, é necessário o fortalecimento do tecido social, da coesão dos grupos, da identidade cultural da comunidade. Estou convicto que a animação sociocultural também poderá dar contributos positivos para o desenvolvimento e o bem-estar de todos.

O modelo de desenvolvimento perpetuado até aqui foi importante, mas sem sustentabilidade. Agora todos nós somos chamados a contribuir para o futuro coletivo, pois, não há futuro sem partilha. Para muitos animadores, este poderá ser um tema periférico para o debate em animação sociocultural, para muitos outros, talvez um assunto marginal. 

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