quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Animação e Animadores. Um futuro improvável

O estado atual do nosso microcosmos social, cultural, político e educativo é o centro e a periferia do questionamento permanente, que nos empela na procura de respostas às inquietações sociais e do compromisso com a cidadania e a democracia, fruto do exercício da intervenção sustentada numa participação ativa e comprometida com os grupos. Esse questionamento também projeta-nos para outras preocupações, nomeadamente com a qualidade, o rigor técnico-científico e o futuro da formação em animação sociocultural.

Esta inquietação intensifica-se com o debilitar da pujança dos militantes associativos da animação sociocultural, sinal manifesto do recuo face a projetos que exigem empenho e sentido de responsabilidade face à defesa dos interesses coletivos. O número de candidatos admitidos ao grau de licenciatura em animação sociocultural no ano letivo 2012/2013 é um sinal preocupante. A qualidade do plano de estudos, o know how técnico-científico do corpo docente e a localização geográfica do par estabelecimento de ensino/curso poderão ser indicadores que influenciam ou contribuam para explicar o afrouxamento do interesse pelos cursos superiores de animação. No ano letivo 2012/2013, registou-se a suspensão da abertura de novas vagas para a licenciatura em animação sociocultural devido à fraca procura pelo curso.

Que modelo de animadores socioculturais tem o ensino superior formado para o mercado de trabalho? Haverá alguma relação entre a definição teórica do perfil do animador e o mosaico político, sociocultural e educativo do país? Talvez a formação académica dos animadores socioculturais têm sido inspirada em modelos teóricos e projetados para um espaço geográfico localizado, um bom exemplo dessa ação redutora é o território regional onde está localizado o estabelecimento de ensino. Uma outra hipótese é a proliferação excessiva dos cursos profissionais de animação sociocultural que anualmente formam centenas de animadores que alegremente contribuem para as estatísticas.

O mercado de trabalho em Portugal há muito que regrediu no sentido de possibilitar uma primeira oportunidade de experiência profissional aos recém-licenciados em animação, graças, à proliferação dos técnico-profissionais. Diga-se em abono da verdade, são «excelentes» soluções para as organizações. Precisamos hoje de compreender os caminhos da animação e os percursos sinuosos dos animadores em Portugal. 

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