sexta-feira, 23 de março de 2012

Outras leituras


«Da democratização cultural à democracia cultural» assinado por Natércia Xavier, é o título de um artigo de opinião publicado num matutino regional que expressa uma clarividência sobre o papel primordial que a programação cultural desempenha na dinamização dos equipamentos e na consolidação dos projetos artísticos. Deste artigo quero sublinhar a visão global e comprometida da democracia cultural com o corpus comunitário. 

A crise atual traz oportunidades de mudança que passará por uma seletividade das políticas culturais sustentadas na participação comunitária, dos projetos culturais e artísticos com vocação para a educação dos públicos, para a cidadania cultural que exige autonomia de ação e de pensamento, implicando sempre as pessoas no processo e que não privilegie apenas o resultado.

Apraz-me reivindicar para os animadores socioculturais tais funções na dinamização de programas e projetos, mas, de uma forma incisiva e necessária os equipamentos culturais, nomeadamente, os centros cívicos e outros espaços para a cultura. Estes agentes, graças, à sua formação possuem ferramentas metodológicas de investigação social que possibilitam uma leitura e análise crítica das necessidades culturais da comunidade. Eles estão dotados de saberes teórico-práticos que lhe possibilitará trabalhar com as populações, envolvendo-as na dinamização cultural comunitária.

Num outro artigo intitulado «Gestão Cultural» da autoria de Nuno Morna é defendido a urgência de um «verdadeiro curso de Gestão Cultural», onde sugere um conjunto de possíveis disciplinas. Sobre o curso de mestrado em gestão cultural lecionado na Universidade da Madeira apenas referir que uma leitura um pouco mais atenta e crítica ao plano curricular do mestrado será suficiente para que cada agente cultural possa formar a sua própria opinião ou até tomar consciência da muita oferta formativa que o ensino superior em Portugal disponibiliza aos cidadãos. 

Por outro lado, parece-me que o aludido artigo revela algum desconhecimento da formação académica dos animadores socioculturais e das muitas instituições, como saídas profissionais capazes de absorver nos seus quadros os profissionais da animação. É urgente, sim, começarmos a valorizar os animadores socioculturais e possibilitar uma maior intervenção autónoma e sustentada na comunidade.

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