Os Centros Cívicos, espaços comunitários que povoam muitas das freguesias rurais da Madeira têm funcionalidades muito específicas e uma dinâmica, que em muitos casos, não têm a devida correspondência com valências que albergam.
O conceito que tenho de Centro Cívico revestesse do espírito da Animação Sociocultural. Esta ideia é sustentada no trabalho que o exercício da minha prática profissional, enquanto Animador Sociocultural numa autarquia tem permitido (re)construir de tal equipamento sociocultural polivalente; porque, temos o privilégio de poder ter como recursos permanentes ao serviço da Animação Sociocultural, dois Centros Cívicos no espaço territorial do município.
Estes equipamentos favorecem o desenvolvimento de um projecto cultural, no qual cada actor social é protagonista da acção, um espaço de partilha e de encontro de grupos e destes em correlação com a comunidade, através da metodologia da Animação Sociocultural. A intervenção territorial do serviço sociocultural autárquico faz-se com recurso aos Centros Cívicos enquanto espaços dinamizadores da promoção do associativismo, capacitação da formação do voluntariado aliada à participação cidadã, da promoção cultural, criação e descentralização culturais, em síntese, um equipamento ao serviço da Animação Sociocultural e consequentemente do desenvolvimento cultural comunitário.
A polivalência e flexibilidade dos Centros Cívicos como equipamentos socioculturais vocacionados para animar os bairros são uma plataforma para a definição de estratégias face às novas realidades emergentes da vida social e da interacção das populações. Creio, que eles são elementos chave na nova dinâmica sociocultural a nível municipal, um recurso frutífero para o desenvolvimento e concreterização de projectos no âmbito da Animação Sociocultural.
Não podemos confundir o espírito metedológico que corporiza o conceito de Centro Cívico, enquanto espaço/recurso para a Animação Comunitária com equipamentos que na minha modesta opinião, nada têm haver com o verdadeiro conceito de Centro Cívico. Um exemplo que corrobora esta afirmação é o texto intitulado «Almada "recebe" centro cívico», publicado em "espaços&casas" (Semanário Expresso), edição n.º 1797 de 6 de Abril de 2007.
A notícia dá conta de um novo empreendimento imobiliário em Almada - o Centro Cívico do Pragal. O destaque da notícia despolotou em mim, um sentimento de alguma satisfação, talvez, porque as entidades públicas locais/nacionais estivessem possuídas de uma sensibilidade que infelizmente, nós pagamos para ver nas pessoas com responsabilidades em matéria dos pelouros da cultura, educação, juventude e acção social. Mas não, pelo contrário, a leitura completa do texto levou-me a concluir que se trata de um investimento que visa dotar a Cidade de Almada de um novo centro de escritórios, comércio e lazer. Aqui reside a minha desilusão.
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