O Movimento Acção Católica Operária desenvolveu um papel de intervenção e consciencialização social, política e cultural com mérito no período pré-autonómico e de vigência do regime ditatorial derrubado pela Revolução dos Cravos. Não podemos ocultar factos vividos em comunidade; acontecimentos que me parecem merecer um apontamento na história da Animação Sociocultural, pelos menos, no contexto insular madeirense.
O trabalho realizado pela Acção Católica estava profundamente associado a um processo de consciencialização e de sensibilização das gentes paras a realidade vivida. Era a partir desta realidade que se desenvolvia um trabalho de reflexão com o intuito de desenvolver um compromisso com uma realidade que era imperiosa promover no campo social e cultural, promovendo assim, a emancipação e a libertação de cada Homem.
A elevada taxa de analfabetismo associada a um sentimento de resignação social, de fatalismo colectivo e de impotência para contribuir para a mudança socio-política de então, foram factores para os quais era necessário encontrar um caminho para a desejada transformação das estruturas sociais.
As acções desenvolvidas pela Acção Católica Operária junto dos militantes visava permanentemente, a transformação das estrututuras sociais no sentido da construção de uma sociedade mais justa, mais livre e solidária assente no valor da pessoa humana. Um processo de consciencialização de cada pessoa e do grupo para os valores da solidariedade, da igualidade e da promoção da autonomia pessoal, enquanto reflexo de uma acção colectiva. Arrisco a afirmar, que tal acção é de uma actualidade imperiosa face aos sintomas sociais que vivemos no mundo contemporâneo.
2 comentários:
É verdade meu amigo, está por fazer a história da ASC associada ao movimento progressista da Igreja Católica. A minha geração sabe, porque viveu, o quão importante foram as práticas cristãs inovadoras e progressistas desenvolvidas pela Acção Católica Portuguesa,no meu caso, enquanto criança,no seio da juventude Operária Católica Portuguesa, já que habitava num meio de profundo proletariado, em Sacavém. Onde o carácter, os valores e o conhecimento foram despoletados. Onde as actividades culturais e artísticas emergiam como escola católica de humanidade progressista. Mas também tenho na memória, já adolescente, o movimento dos cine-clubes católicos em Lisboa e todo o movimento cultural, artístico e social como práticas e participação comunitária no âmbito da ASC.
É bom ser a sua geração Albino, a falar desses momentos também inesquecíveis da ASC em Portugal. Obrigado por me ter feito recordar.
Avelino Bento
Estimado amigo Prof. Avelino Bento,
É sabido que a história da Animação Sociocultural em Portugal é toda ela feita de práticas comunitárias, muitas delas registadas para memória futura, outras esquecidas ou quem sabe, "marginalizadas", como não se tratasse de práticas comunitárias sustentadas na procura da mudança social, cultural e de alfabetização das gentes.
Aqui na Madeira essas práticas genuínas de Animação de matriz comunitária também aconteceram da forma que o Prof. Avelino relata ter vivido.
Um Abraço,
Albino Viveiros
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