terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Uma década do curso de Animação Sociocultural

A Escola Superior de Educação de Beja comemora 10 anos de leccionação do curso de Animação Sociocultural. Foi no ano lectivo de 1997/1998 que a ESE iniciou a formação de Animadores Socioculturais, um nível de formação que correspondia ao grau de bacharelato. Uma realidade que durou apenas dois anos, pois, o então Ministério da Educação aprovou a reestruturação do plano de estudos do curso e este, foi reconvertido numa licenciatura bietápica em Animação Sociocultural. Uma conquista da ESE e dos alunos do curso de Animação Sociocultural, entre os quais, eu figurava desde o ano lectivo de 1997/1998. Enfim, tive o privilégio de co-inaugurar o curso de Animação Sociocultural de nível superior no Baixo Alentejo.

Passados 6 anos desde a conclusão da minha licenciatura em Animação Sociocultural, a avaliação é positiva, atendendo ao facto de que sou parte do "produto" resultante da primeira vaga de Animadores formados na ESE de Beja. Hoje tenho a plena consciência de que o Animador Sociocultural só o é verdadeiramente, na conciliação da teoria com a prática. Os ensinamentos académicos parecem não fazer muito sentido quando os incorporamos pela primeira vez, mas muitas vezes revelam-se de extrema importância no exercício da prática da Animação Sociocultural.

É imperioso termos a consciência de que a realidade social, nomeadamente, aquela em que os Animadores Socioculturais irão intervir pela sua actividade profissional deverá ser a viga mestre da formação académica do Animador, ou seja, tal realidade deve fundamentar a formação teórico-prática, uma prática que em alguns casos não correspondem à realidade. Continuo a defender que é fundamental uma ligação efectiva e real ao mercado de trabalho; um conhecimento in-loco das realidades socioculturais e institucionais que possibilitarão a empregabilidade dos Animadores Socioculturais.

É chegado o momento de realizar uma hetero e auto-avaliação da formação das dezenas de Animadores Socioculturais que ingressaram no mercado de trabalho. Há Animadores que tiveram o privilégio de exercer a Animação desde o terminus da sua formação académica, um trabalho de afirmação socioprofissional árduo, mas, marcado pela esperança do reconhecimento da profissão e da definição do Estatuto do Animador; duas realidades que merecem uma profunda reflexão por parte de todos as entidades envolvidas no processo formativo dos Animadores. Há outros Animadores que ainda procuram um lugar ao sol, um lugar que existe apenas nos sonhos de criança.

As instituições com responsabilidades na formação dos Animadores Socioculturais têm o dever ético de formar agentes para um mundo de possibilidades, que vão muito para além do espaço geográfico que operam, circunscrito a uma região. Há a necessidade de formar Animadores que estejam capacitados para intervir nas diferentes realidades regionais, não podemos circunscrever o espaço social de intervenção apenas à realidade local.

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