A edição do Diário de Notícias da Madeira de 05 de Julho de 2007, noticia que um dos partidos políticos com assentou parlamentar na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, no exercício da sua actividade procurou consciencializar a opinião pública para o facto de haver a necessidade de se criarem nos bairros sociais, equipamentos de lazer e sociocomunitários com o objectivo de ocupar as crianças e jovens, desviando-os assim, dos flagelos sociais, nomeadamente a toxicodependência.
Estou em crer que a solução, não passa apenas pela construção de novos equipamentos de lazer. É fundamental que se protagonize soluções com os agentes sociais - os Animadores Socioculturais. A Região Autonoma da Madeira tem um conjunto de recursos humanos qualificado que com certeza poderá despoletar novas sinergias a partir das potencialidades do bairro e das suas gentes.
O combate à problemática social passa por um diálogo tripartido, ou seja, um trabalho que envolva as entidades públicas, os moradores do bairro e os agentes de intervenção. A possível alegação de falta de agentes socioculturais para o desenvolvimento de projectos de Animação com crianças e jovens não poderá ser justificação. O desconhecimento da verdadeira essência da Animação Sociocultural e do papel do Animador é sim, um motivo plausível.
A equidade social não passa pela construção imediata de mais equipamentos de lazer, ela deve alicerçar-se na planificação de um projecto de Animação Sociocultural. Um projecto que apresente alternativas para um desenvolvimento harmonioso das populações que residem nos bairros sociais, dotá-las de ferramentas para que sejam autónomas na acção colectiva.
Acredito, que a Animação Sociocultural poderá ser parte da solução. É via alternativa às problemáticas sociais detectadas pelo referenciado partido político.
2 comentários:
Olá Albino,
Assino inteiramente o teu comentário. Queria só dar uma achega. Creio que a expressão "ocupar/ocupação" deve estar completamente ultrapassada, aliás arrepio-me quando falam em programas de "ocupação" dos tempos livres. Dá a sensação de que vai rebentar uma bomba se os miúdos estiverem desocupados. Além disso nós nascemos com tempo livre, fora disso tudo é ocupação dos tempos livres (a escola, o trabalho, a ida ao talho, as festas com os amigos, etc.). Infelizmente o que nos ensinam na escola é que tempo livre é aquele fora das obrigações escolares ou laborais. É mais uma forma de categorizar as coisas e de evidenciar a educação formal em detrimento da educação não formal (que também tem forma).
Um abraço.
Carlos Costa
Olá Albino
Também eu acredito que nestas áreas a Animação Sociocultural poderia desempenhar um papel essencial. Subscrevo, também, o comentário do Carços Costa em relação à "ocupação" de tempos livres. E gostaria de acrescentar, que a ideia de criar infra-estruturas e actividades onde crianças e jovens realizem actividades que os "desviem" dos "malefícios" da sociedade, é uma estratégia de prevenção cada vez mais desactualizada nos dias que correm. Porque se trata uma lógica marcadamente paternalista em que os poderes instituídos decidem o que é melhor para as crianças e jovens o que, frequentemente, se traduz em soluções que despertam reduzida adesão e não originam verdadeiras mudanças. Ao invés, e é aí que reside o potencial da Animação Sociocultural, o desejável é trabalhar desde início com as crianças e os jovens, facilitando que eles próprios identifiquem as suas necessidades, interesses e problemáticas e que sejam eles a protagonizar as decisões e a implementar as consequentes soluções e respostas. Porque sem participação dificilmente se produzem verdadeiras mudanças sociais.
Um abraço,
José Vieira
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