O Processo de Bolonha visa possibilitar a um qualquer estudante de ensino superior obter um diploma europeu reconhecido em qualquer universidade, de qualquer Estado-membro. Esta é uma política educativa que procura salvaguardar as especificidades nacionais, mas, possibilitar a mobilidade dos estudantes no espaço europeu.
Um estudante que ingresse num curso adaptado a Bolonha poderá iniciar a sua formação superior numa universidade e continuar ou concluir essa mesma formação numa outra universidade do espaço europeu. Em Portugal o novo sistema de graus académicos devidamente reconhecidos pelo Processo de Bolonha dividem-se em dois ciclos: o primeiro ciclo conduz ao grau de licenciado com uma formação relevante no mercado europeu. O segundo ciclo conduz ao grau de mestre, grau alcançável em três ou quatro semestres.
Este apontamento acerca de Bolonha serve de linha de pensamento para uma das minhas preocupações acerca do curso de Animaçã Sociocultural.
Formaram-se comissões de acompanhamento com o objectivo de reflectir, discutir e apresentar propostas acerca da adaptação dos cursos de ensino superior ao Processo de Bolonha. Essas propostas materializaram-se, pelo menos, dentro das comissões, a prova disso é hipóteses de cursos que as instituições de ensino podiam propor para o segundo ciclo de Bolonha. Assim poderão ser propostos pelas Escolas Superiores, cursos como a museologia e a Animação Sociocultural; Animação Cultural com a Terceira Idade, Gestão e Animação de Espaços Culturais ou Animação Sociocultural e Intervenção Autárquica, entre outras opções de especialização.
Infelizmente, olhamos para as ofertas de cursos no quadro da Animação Sociocultural e continua quase tudo igual, melhor, adaptados ao Processo de Bolonha, claro.
Não houve uma uniformização de nomemclatura das licenciaturas em Animação Sociocultural, continua sim, a haver uma proliferação de nomes para um mesmo âmbito de acção, para as mesmas saídas profissionais, continua a designação da licenciatura em Animação Sociocultural, em Animação Socioceducativa ou em Animação Cultural e Educação Comunitária ou simplesmente, Animação Cultural.
Na minha opinião faltou sensibilidade e a coragem suficiente para uniformizar a formação superior dos cursos de Animação ao nível do primeiro ciclo. Ao segundo ciclo, então, corresponderia as almejadas especializações (os mestrados). Parece-me que uma vez mais, tivemos o passáro na mão e deixámo-lo fugir.
É fundamental que se uniformize os conteúdos de formação, disponibilizar uma formação generalista em Animação Sociocultural, e depois, cada indivíduo procurará em consciência uma formação especializada no âmbito da Animação Sociocultural.
Esta situação não abunda a favor da Animação Sociocultural, nem dos Animadores em Portugal. É altura de refutar argumentos que apenas servem para justificar a nossa inércia acerca da criação de condições para uma verdadeira afirmação da Animação Sociocultural em Portugal.
Estou em crer que a afirmação do papel do Animador não depende apenas dele e dos contextos de intervenção em que esse agente actua, também depende do plano teórico, nomeadamente ao nível da formação, se formos capazes de definir políticas favoráveis os agentes da Animação.
Houve iniciativa em uniformizar os conteúdos formativos do curso técnico-profissional de Animação Sociocultural, talvez, o houvesse ou há em fazer o mesmo no ensino superior.
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