segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Democratização Cultural versus Elitismo

Recentemente o Diário de Notícias da Madeira publicou um artigo que abordava o "problema" do livre acesso dos cidadãos à cultura.

O artigo exponha uma "tese" que defendia que as pessoas devem pagar para aceder a um qualquer evento cultural. A ideia exposta no aludido artigo é defendida em consequência dos recentes cortes orçamentais com imediatas repercusões no apoio às instituições culturais da Região Autónoma da Madeira.

Enquanto Animador Sociocultural expresso o meu desacordo face ao argumento apresentado. O cenário - pagar para poder aceder à cultura, agravaria o fosso cultural entre as comunidades rurais e urbanas.

No meio citadino, as probabilidades dos cidadãos poderem pagar para aceder às iniciativas socioculturais estarão com certeza situadas na classe média e média alta. E os outros cidadãos? Serão estrangeiros dentro da sua própria terra?

No meio rural o acesso às iniciativas socioculturais serão com certeza um previlégio de alguns. E a restante população, que na sua maioria são pessoas de fracos recursos económicos, baixo nível de escolaridade e para quem a cultura é qualquer coisa alheia à sua vida e aos problemas que enfrentam diariamente.

É mais sensato, as instituições educativas, culturais, autarquias e o movimento associativo discutirem métodos e modelos de desenvolvimento de projectos que visem educar os cidadãos para o usufruto e participação na cultura e não procurar concreterizar o efeito contrário.

A Região Autónoma da Madeira tem uma rede de equipamentos culturais que deve ser valorizada e rentabilizada por todos os agentes culturais. Uma rede que possibilita uma política de desenvolvimento cultural assente na democracia da cultura, na participação dos jovens na vida cultural das colectividades locais, fomentar e patrocinar as iniciativas culturais de vocação local.

Pagar para aceder à cultura é fomentar a exclusão social, é patrocinar o elitismo cultural, é preciso encontrar alternativas nas parcerias com as autarquias, no mecenato cultural e nos projectos desenvolvidos pelas associações.

1 comentário:

Anónimo disse...

concordo contigo, porque a cultura é de todos para todos. acho que o conceito que a cultura popular e a cultura erudita terminou após a II Guerra Mundial, alterando-se a situação esta completamente errada.