A algum tempo atrás tomei conhecimento de que a Universidade da Madeira disponibiliza entre os diversos cursos de grau de licenciatura, os cursos de Ciências da Educação e Ciências da Cultura.
O meu espanto e "revolta" tem origem no facto dos cursos referenciados, preverem como possível saída profissional dos futuros licenciados, o exercício profissional como Animadores Socioculturais e Animadores Culturais, respectivamente. Ainda para mais, o plano de estudos do curso de Ciências da Cultura não tem uma única disciplina que aborde a Animação Sociocultural e um perfil de Animador.
De acordo com a apresentação do curso de Ciências da Educação, um dos objectivos da formação neste curso é "planificar e dirigir actividades de animação sociocultural". No plano de estudos do curso de Ciências da Educação encontramos apenas, uma disciplina semestral intitulada "Animação Sócio-Cultural"; razão para perguntarmos: Que modelo de formação para os Animadores? Que espécie de Animadores serão os indíviduos provenientes destes cursos? Um bom tema para um debate aberto e esclarecedor.
Uma outra constatação recente, e esta vem sendo publicitada na comunicação social regional, nomeadamente num diário da região, é a oferta do curso de Animador Sociocultural (formação complementar), num total de 225 horas, uma oferta formativa disponibilizada por uma empresa de formação e serviços.
Na nossa perspectiva, estas duas realidades são o reflexo do trabalho árduo que nós, Animadores Socioculturais somos convidados a participar na mudança dessa realidade. Um contributo que passa pela associação a grupos de trabalho com vontade de planear estratégias concertadas de diálogo e combate a uma realidade que continua a emergir em Portugal que é, a formação de Animadores descontextualizada das reais necessidades das instituições e das comunidades e baseada num modelo de perfil de Animador.
Na Região Autónoma da Madeira é uma realidade sentida de forma próxima, mas a Delegação Regional da Madeira da APDASC está a trabalhar no sentido de clarificar esta e outras conjunturas negativas para os Animadores na Região da Madeira e em Portugal.
A leitura que fazemos do exposto anteriormente, prende-se com o facto das instituições que em Portugal têm o dever político, ético e institucional de regulamentar a prática do exercício da Animação Sociocultural alinharem por uma batuta que não é a sua. Esta realidade origina outras realidades muitíssimo negativas - maior taxa de desemprego entre os Animadores Socioculturais com formação académica específica (aos níveis de técnico-profissional e de licenciatura), o empobrecimento e consequente fragilidade do papel que o Animador Sociocultural tem procurado definir no quadro das relações institucionais.
É chegada a hora de intervir... Façamo-lo com a consciência de que o fazemos não pelos outros, mas por nós.
1 comentário:
Olá Albino,
De facto, apesar de já não existir com tanta frequência, ainda há situações dessas em Portugal. Há mesmo que intervir e a APDASC, com a colaboração também das suas Delegações Regionais, pode e deve ter um papel decisivo. Como fazê-lo? Investigando e denunciando. Ao saber quem foi a entidade responsável pela aprovação há que enviar um parecer sobre o curso.
Um abraço.
Carlos Costa
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