sexta-feira, 21 de maio de 2010

Desafios permanentes, que respostas?

Há muito tempo que falamos da necessidade de afirmação da profissão do Animador, paralelamente, à emergência da sua identidade; maior participação na discussão colectiva sobre as questões centrais da Animação Sociocultural e dos Animadores, e também do necessário posicionamento relativo à criação do auto-emprego. Considero que estes são desafios permanentes face aos quais os Animadores Socioculturais têm que ter uma posição pro-activa sustentada em respostas criativas. Não significa que eu esteja integralmente de acordo com a fórmula por alguns apresentada para alcançar tais objectivos, ou que o caminho apresentado seja o mais coerente.

A dignificação da profissão do Animador Sociocultural é uma tarefa exigente ao nível da afirmação do conceito da Animação Sociocultural e das suas práticas culturais, cívicas, sociais e educativas no exercício da profissão, mas, é um passo impriscindível para a construção da identidade do Animador. A identidade não é conquistada através de um decreto legislativo, nem pela aprovação do Estatuto do Animador, antes, é construída pelas práticas sustentadas e responsáveis dos seus agentes, os Animadores. O mercado de trabalho oferece muitos obstáculos e por vezes labirínticos. Perante cenários menos optimistas é preciso que impere uma consciência colectiva de mudança social, de maior vontade na afirmação do papel da Animação Sociocultural com as comunidades e os territórios.

Há que abandonar premissas construídas em fundamentos que hoje são ilusões e atitudes saudosistas de um discurso que prevaleceu durante anos e que talvez fosse adequado à realidade socioeconomica e financeira do país. Falo da ideia que continuamos a querer que prevaleça, o auto-emprego. Perante a actual situação difícil do país e consequentemente dos mercados, não podemos apelar a uma ilusão que poderá alimentar o espírito empreendedor dos Animadores Socioculturais. Talvez sejam um convite para um destino indesejado.

Tenho defendido em diversos fóruns a ideia, discutível, dos Animadores Socioculturais criarem necessidades/oportunidades nas instituições ondem excercem funções na qualidade de voluntários, estagiários ou contratados, no sentido dessas entidades contratarem Animadores para os quadros técnicos, com o objectivo de responderem de forma efectiva às realidades comunitárias. Não defendo contratações massivas na Administração Regional e Local. O emprego na Administração Pública sinónimo de emprego para a vida, já não existe. Os Animadores têm que assumir definitivamente um papel de provocadores de mudança, de fabricantes de necessidades institucionais, demonstrando aos potenciais empregadores a importância e necessária contratação de técnicos de Animação Sociocultural, independentemente, da sua categoria profissional.

Apelo à consciencialização da importância do exercício que os Animadores têm na promoção do bem comum e da relação de proximidade com o outro, numa perspectiva de contributo para a empregabilidade, de entreajuda e de dignificação da profissão e construção colectiva de uma identidade tão necessária como o pão para a boca. Estes factores de relação comunitária poderão ser construídos a partir das acções quotidianas dos Animadores. É preciso acreditar e trabalhar no sentido da mudança de atitudes.

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