Os grupos orientam a sua acção colectiva por um conjunto de padrões e condutas sociais, de valores democráticos e pertença (identidades cultural e profissional), razões fundamentais para a construção de um projecto de cidadania. Uma cidadania que exige uma acção pró-activa, em detrimento de uma cultura do vazio.
É alimentado pela ideia de uma cidadania pró-activa que defendo uma pedagogia do diálogo e da cooperação entre grupos profissionais diferenciados, cujas funções exigem o aprofundamento de conceitos, métodos e metodologias de natureza técnico-científicas de distintas áreas do conhecimento; referência à Animação Sociocultural. É essa pedagogia do diálogo cooperativo arquitectada em práticas inovadoras e criativas de base educativa, provocadoras de mudanças sociais que importa discutir na quadro de intervenção das instituições com responsabilidades em matéria cultural e socioeducativa, sem descurar o alargamento do debate ao modelo de Animador desejado.
O acto de educar não é exclusivo dos agentes educativos clássicos. Ele é um acto livre, transversal ao serviço de um conjunto de agentes sociais, com destaque para os Animadores Socioculturais. Concebo o acto de educar como um processo facilitador de construção da cidadania, de transformação da pessoa num agente da mudança, crítico, capaz de fazer uma leitura socio-antropológica e política do mundo.
O campo de intervenção da Animação Sociocultural não pode ser transformado numa "coutada particular" de um grupo que por inerência de funções e por razões de ordem contratual se restrigem a um dos múltiplos campos de intervenção da Animação, no domínio educativo. Há um conjunto de saberes e competências que são exclusivas dos Animadores Socioculturais, facto que se deve à sua formação académica. Neste quadro de reflexão, parece-me fazer sentido, falar no exercício de uma pedagogia cooperativa entre instituições e agentes socioculturais, em detrimento de uma visão deturpada, redutora e asfixiante da Animação Sociocultural e do papel activo dos seus agentes.
É urgente que aconteça um debate cujo tema central em discussão seja o papel do Animador Sociocultural com formação específica (leia-se técnico-profissional e licenciatura em Animação) nas organizações comunitárias (bibliotecas, museus, ATL'S, movimento associativo, teatros e galerias, autarquias, casas de saúde, centros cívicos e comunitários, etc.). Certamente este espaço de discussão e de diálogo, base de uma possível cooperação estratégica entre os núcleos associativos dos Animadores e as organizações enquanto espaços formais e não formais privilegiados para o desenvolvimento de projectos de Animação Sociocultural. Será um espaço para aclarar dúvidas e contribuir para o "abrandamento" de protagonismos sombrios que insistem perturbar dinâmicas que se vão desenvolvendo de uma forma organizada e sustenda numa rede de compromissos que desejamos para os Animadores e para a Animação Sociocultural.
2 comentários:
Meu caro amigo Albino Viveiros
Gostaria de lhe deixar aqui os meus parabéns por esta pertinente reflexão, fruto naturalmente de alguém que amadurece e re-estrutura o discurso teórico da Animação Sociocultural.
A emergência de que você faz apelo, o reorganizar o discurso e as práticas que levem à cooperação e parcerias entre as instituições socio-culturais e ducativas de uma comunidade, relevam afinal da ideia de que a Animação Sociocultural e os Animadores, está/estão aí para, con juntamente com outros profissionais do campo das ciências, das artes , da educação, da política, etc, constituirem polos dinâmicos de mudança cultural.
Um abraço e obrigado por me dar esta oportunidade de reflectir consigo.
Avelino Bento
Estimado amigo Prof. Avelino Bento,
Agradeço as suas palavras de amizade e de estímulo.
Agradeço ainda a possibilidade de poder participar na reflexão das questões da Animação Sociocultural e de outras tantas matérias do foro sociocultural e educativo que merecem ser democraticamente discutidas e de partilhar consigo, preocupações comuns que dizem respeito directo aos Animadores Socioculturais.
É bom saber que não estou isolado na reflexão que humildemente, tenho procurado exteriorizar acerca do objecto e do discurso da Animação Sociocultural. Um discurso que deve ser actualizado de acordo com os sinais dos tempos; um objecto que é complementado permanentemente pelas novas realidades face às quais, é urgente construir estratégias de intervenção do ponto de vista da legitimidade social e política.
Um abraço,
Albino Viveiros
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