domingo, 27 de junho de 2010

Os "ópios" do Povo

O nosso quotidiano colectivo por estes dias tem-se construído em função do desporto de massas - o futebol - modalidade desportiva que aliena milhares de pessoas das suas responsabilidades profissionais e sociais e até dos compromissos para o bem comum. O campeonato do mundo de futebol é o cosmos que como por "milagre" faz-nos esquecer a profunda crise social e económica do país, o desânimo nas instituições e nos seus dirigentes. O futebol é como uma força inigualável capaz de levar milhões de portugueses a depositarem todas as suas esperanças no efémero, algo que nos anima e faz-nos acreditar que o título mundial é a solução para a saída triunfal do país da crise que diariamente agoniza as finanças de milhares de famílias. O futebol é o ópio do povo. Talvez, também seja o meu.

A televisão no exercício da sua função de entretenimento oferece aos telespectadores o escape à realidade social, com a transmissão de programas "berajeiros" que retratam uma cultura do vazio, da exploração de valores e da dignidade das pessoas. Diariamente assiste-se à transmissão de uma realidade sociocultural encenada e alienante dos espirítos mais desatentos. Muitos dirão que são programas divertidos, animados e que fazem esquecer por algum tempo o lufa-lufa da vida quotidiana marcada por notícias que nos dão que pensar e que em alguns momentos evidenciam o que mais de selvagem há nos Homens. Sim, mas continuamos a pactuar com a cultura do vazio e do rídiculo.

Hoje as nossas relações sociais já quase não são mediadas pela relação presencial do Homem com o Homem, são antes, mediadas pelas redes sociais virtuais que difundem a nossa identidade à escala planetária, um mundo paralelo onde diariamente fazemos dezenas de novas amizades e com isso, sentimo-nos felizes porque temos novos amigos, pessoas que porventura nunca chegaremos a conhê-las pessoalmente. Hoje o mundo virtual é o refúgio colectivo perante a avalanche dos problemas reais, face aos quais, temos problemas em ganhar coragem, determinação, ousadia e comprometermo-nos através da participação activa e consciente para serem resolvidos. Paralelamente, vivemos num mundo onde ganhamos notariedade, um mundo onde a nossa identidade genética nada diz, mas o que escrevemos é palavra sagrada.

Estas são realidades sociais e culturais que os Animadores Socioculturais não podem relegar para um plano secundário. Esta é a realidade do nosso país, dos nossos concidadãos e é a partir destas multi-evidências que os Animadores têm que trabalhar os valores e as atitudes ao nível dos grupos. O futebol, a televisão e as novas tecnologias (a Internet) são instrumentos válidos e positivos no nosso quotidiano e que poderão ser utilizados como recursos/instrumentos facilitadores para as dinâmicas e processos de Animação Sociocultural em muitos contextos sociais e culturais no exercício da profissão do Animador. Estes "ópios" não são técnicas de Animação com os colectivos. Ao pensarmos assim, estamos a caminhar no sentido contrário do percurso que é a Animação Sociocultural.

1 comentário:

marlise disse...

Boa noite,

peço desculpa de incomodar, mas talvez encontre em si a ajuda que estou a precisar; estou a trabalhar com idosos e a maior parte deste grupo é dependende, assim sendo, tenho dificuldades em organizar actividades com eles pois não querem fazer nada! pensei em actividades musicais, mas não encontro qualquer tipo de livros, ou mesmo na net qualquer informação de actividades musicais, corporais, enfim,... sinto-me perdida, gosto bastante do que faço e muito mais o facto de estar junto deles. já procurei workshops de geriatria, nada!!!!
agradeço desde já