As acções de formação no âmbito da Animação continuam a gerar algum mal-estar entre os Animadores Socioculturais, especialmente quando promovidas por associações e demais entidades que pela sua acção associativa estão de alguma forma ligadas à história da Animação Sociocultural em Portugal.
Continuamos a meu ver, mal posicionados na discussão acerca das acções de formação de curta duração que pela sua denominação (acção/curso de formação de Animação...) geram consternação entre os Animadores. Isto porque, aqueles que frequentam essas acções acabam por designar-se "Animadores". E aqueles que não possuem uma licenciatura em Animação, mas, exercem a Animação Sociocultural a mais de uma década podem intitular-se Animadores? Quais os critérios para classificá-los? Porventura, se um Animador Sociocultural leccionar num curso de Animação, os alunos por respeito à figura do formador tratá-lo-ão por "Prof." ou por Animador? Eu aposto na primeira hipótese.
A questão da leviandade no usufruto da denominação socioprofissional de "Animador" está associada a uma outra matéria que tenho vindo a defender - o Estatuto do Animador Sociocultural. Talvez com a definição do Estatuto se pudesse enquadrar estas formações associativas, que entendo serem positivas, principalmente para os Animadores Socioculturais com uma formação de Ensino Superior. É evidente que nenhum Animador com formação específica em Animação (técnico profissional ou licenciado) gosta de ser equiparado a alguém que fez uma formação com uma duração inferior a 100 horas.
Um dos ingredientes para sanar estas e outras "injustiças sociais" é trabalharmos todos para um mesmo objectivo - o Estatuto, e compreender à luz de um projecto mais global, mas não menos prestigiante para os Animadores, a validade e importância destas acções de formação no contexto da prática da Animação Sociocultural.
Não podemos desperdiçar as oportunidades a discutir matérias que continuarão a vigorar, é fundamental que redirecionemos as nossas sinergias para projectos que poderão ajudar a regulamentar estas e outras matérias que dizem respeito a todos os Animadores Socioculturais. Precisamos de afirmar a legitimidade que defendemos ter na discussão acerca dos múltiplos temas que estão directamente relacionados com o exercício da Animação Sociocultural.
1 comentário:
Por ser um defensor das certas denominações e até por te ter enviado um mail acerca deste assunto (desconheço se foi esse mail que despoletou esta questão), alguns comentários ao texto:
“E aqueles que não possuem uma licenciatura em Animação, mas, exercem a Animação Sociocultural a mais de uma década podem intitular-se Animadores?”
Uma década não são exactamente 75 horas!
“Porventura, se um Animador Sociocultural leccionar num curso de Animação, os alunos por respeito à figura do formador tratá-lo-ão por "Prof." ou por Animador?”
Esta é só uma questão que foi standartizada pela sociedade. Um historiador/antropólogo/sociólogo/enfermeiro que dê aulas, é designado pela sua formação académica ou por professor? Naturalmente que é professor. Não confundamos as coisas.
Mesmo antes da questão do Estatuto do Animador (que também vejo como urgente), acho que deveremos constantemente, defender a nossa classe profissional. E ao fazer isso, não estamos concerteza “mal posicionados na discussão”.
Concordo que as energias possam e devam ser gastas em aspectos mais importantes, porém, não me parece que ao combater, a cada vez maior, banalização da palavra Animador, se percam energias. Pelo contrário, são muito bem gastas e geram outras energias.
Quem organiza essas acções de formação é certamente livre, de as organizar, no entanto, existem outras tantas designações (Monitor parece-me a mais adequada) que se pode atribuir e a meu ver é nosso papel, pelo menos não ser conivente com essa banalização, tendo a maioria dos Animadores estudado, pelo menos 3 anos para o fazer (licenciados e técnicos profissionais) ou trabalhado décadas na area.
Já tirei um curso rápido de primeiros socorros e não me deram um diploma a dizer que sou enfermeiro ou médico. Note-se a grande questão que está eminente de bombeiros que já tiraram dezenas de cursos de primeiros socorros e em caso de acidente não os podem colocar em prática, só enfermeiros e médicos do INEM.
Então porque há-de alguém tirar um curso de 75 horas e obter um diploma a dizer que é Animador? Um empregador menos atento, saberá dar valor a esta questão?
A meu ver é também uma questão de início para o trabalho do Estatuto do Animador Sócio Cultural.
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