sábado, 10 de outubro de 2009

Programa eleitoral defende a criação da carreira do Animador Cultural

Uma das forças políticas com assento na Assembleia da República, no seu manifesto eleitoral referente às eleições de 2009, apresentou aos portugueses um conjunto de medidas para os diferentes campos de intervenção da acção governativa. Aparentemente, as propostas apresentadas ao eleitorado no domínio da cultura, revelam maturidade de pensamento estratégico, vontade de acção comprometida com a cidadania, e acima de tudo, uma visão política fundamentada nas realidades locais, regionais e nacional. Um sentido de oportunidade expresso num programa de acção que defende uma política cultural de visão abrangente, intervencionista, e integradora. Uma política que é desejável que se concretize em articulação com a área da educação.

As propostas governativas para a cultura revelam uma linha de pensamento "plagiado", ideias generalistas que aparentam terem sido rebuscadas aqui e ali, reveladas numa linguagem cuidada e demasiado académica em matéria de visão política. Parece-me que o programa agora apresentado neste domínio, parte de reflexões alheias, de experiências vividas no quadro autárquico e de projectos de lei já concretizados. Ao mesmo tempo, revela desconhecimento de algumas realidades socioprofissionais, ao propor a criação da carreira do mediador cultural, quando esta foi criada pela Lei n.º 105/2001 de 31 de Agosto (estabelece o estatuto legal do mediador sócio-cultural). No domínio das carreiras profissionais, o mesmo manifesto eleitoral defende a criação da carreira de Animador Cultural. Curiosamente, a animação e a mediação cultural são apresentados como "novos profissionalismos".

A mesma força partidária no seu programa eleitoral defendia a circulação dos Animadores e mediadores culturais nos estabelecimentos de ensino, bairros sociais, estabelecimentos prisionais e nas instituições culturais do Estado (especialmente em museus e bibliotecas). Há efectivamente, Animadores Socioculturais a exercer funções em bairros sociais, integrados em equipas de intervenção multidisciplinares, também podemos encontrar Animadores nas escolas, nomeadamente nos programas de actividades de enriquecimento curricular e nos serviços educativos das bibliotecas municipais.

É verdade que o reforço das ideias e das propostas apresentadas num programa eleitoral, no domínio de um campo fragilizado e de alguma forma, deixado ao sabor de uma desgovernação, é oportunidade para que um partido político encontre nessa brecha, uma oportunidade de conquista de votos junto de uma franja populacional descontente em matéria de política sectorial, ou até, cativar um grupo socioprofissional que reivindica o reconhecimento do seu estatuto profissional. É importante que tenhamos a capacidade de discernir o que é efectivamente importante para a consolidação da carreira dos Animadores.

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