O uso popularizado da expressão Animação, associada a contextos diferenciados e muitas vezes, sem qualquer conexão real com o verdadeiro sentido da Animação é um facto recorrente. E por associação, está o uso muita vezes descontextualizado da denominação socioprofissional Animador.
É preciso reinventar os argumentos discursivos. É importante que os Animadores construam o seu corpus teórico-prático, ou seja, que façam reflectir nas práticas profissionais, o verdadeiro sentido da Animação. Este corpus que defendo, tem que ter por base uma matriz conceptual comum, mas, é responsabilidade de cada Animador criar o seu discurso. Uma ideia assertiva disseminada em canais de comunicação estratégicos, capazes de mobilizar diferentes visões e posições sobre o que é a Animação Sociocultural.
Mais do que interiorizar o verdadeiro sentido do conceito de Animação, é desenvolver um trabalho de charneira na afirmação da profissão que perante os novos desafios sociais e políticos poderá ser benéfico para a construção de um outro modo de pensar e o conceito de Animação.
É tempo de desconstruir os estereótipos associados à figura profissional do Animador, o que pressupõe uma maior preocupação com a aplicação do conceito. Muitos decisores políticos percepcionam o trabalho de Animação e o exercício da profissão, numa perspectiva de promoção de eventos culturais capazes de mobilizar centenas de pessoas. Em abono da verdade, é essa ideia preconcebida e há muito interiorizada nos corpus político que fomenta as políticas culturais. A verdade é que a Animação Sociocultural está presente em programas sociais, culturais e de lazer. Hoje a intervenção desde a prática da Animação Sociocultural é transversal à sociedade contemporânea.
Não posso deixar de alertar para o facto da Escola, nomeadamente, os docentes dos cursos profissionais de Animador Sociocultural, serem convidados a exercerem um papel de pedagogos em matéria discursiva sobre a Animação Sociocultural e o exercício da profissão, independentemente, de estar ou não, regulamentada pela legislação. Os docentes e os Animadores em exercício têm que assumir um discurso positivista que dignifique os Animadores e a própria Animação Sociocultural.