domingo, 30 de março de 2014

Conselho da Cultura. Que papel?

O edil da Câmara Municipal do Funchal reuniu pela primeira vez, o conselho da cultura, formado por sete personalidades da área cultural. Curiosamente, a primeira conclusão do encontro foi constatar que há uma ausência de estratégia cultural, bem como, um planeamento que crie sustentabilidade aos projetos culturais.

Parece-me oportuno, retomar e vincar a posição que expões, num post anterior sobre o papel do conselho municipal da cultura, enquanto órgão consultivo que os executivos municipais deveriam constituir como elemento dinamizador do pensamento e da crítica no setor cultural do território local.

Há muito que defendo a criação do conselho municipal da cultura, enquanto, espaço de reflexão coletiva alargada e plural sobre as dinâmicas do território cultural. Estou convicto que será uma mais-valia para a captação de novas ideias, clarificação de políticas, rentabilização de recursos e acima de tudo, a definição inequívoca de uma linha estratégica de ação cultural.

Entendo que, o conselho municipal da cultura deve ser um órgão que reúna um conjunto de sensibilidades culturais e artísticas, que congregue a representatividade do tecido cultural associativo do município. É responsabilidade do executivo municipal a definição das linhas orientadoras da política cultural, dos projetos estruturantes para a vida da comunidade. É redutor deixar ao livre arbítrio de um grupo de agentes culturais o diagnóstico sociocultural do município.

Há um trabalho de análise da realidade que compete ao executivo municipal fazer com o possível recurso a entidades externas, e então, reunir com os agentes culturais e artísticos locais para desenhar linhas de ação que conduzam a um programa político alargado, no sentido, de este ser transversal a opções político-partidárias e não ser limitado no tempo pelo mandato do executivo municipal.

Pensar a cultura e desenhar estratégias de intervenção neste campo é um trabalho transversal que exige envolvimento dos vários atores locais. Pensar a cultura como motor de desenvolvimento económico exige capacidade de diálogo e de negociação com o objetivo claro de educar para a cultura. O ponto de partida está no processo educativo e de envolvimento da comunidade nos projetos culturais.

Pensar a cultura é pensar a comunidade de forma horizontal, compreender as suas dinâmicas e potencialidades. É democratizar o acesso à cultura.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2014

«Desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação.

Debaixo das árvores, nas pequenas cidades e sobre os palcos sofisticados das grandes metrópoles, nas entradas das escolas, nos campos, nos templos; nos bairros pobres, nas praças públicas, nos centros comunitários, nas caves do centro das cidades, as pessoas reúnem-se para comungar da efeméride do mundo teatral que criámos para expressar a nossa complexidade humana, a nossa diversidade, a nossa vulnerabilidade, em carne, em respiração e em voz.

Reunimo-nos para chorar e para recordar; para rir e para contemplar; para ouvir e aprender, para a firmar e para imaginar. Para admirar a destreza técnica, e para encarnar deuses. Para recuperar o fôlego coletivo, na nossa capacidade para a beleza, a compaixão e a monstruosidade. Vivemos pela energia e pelo poder. Para celebrar a riqueza das várias culturas e para afastar as fronteiras que nos dividem.

Desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação.

Nascido na comunidade, veste máscaras e os trajes das mais variadas tradições. Aproveita as nossas línguas, os ritmos e os gestos, e cria espaços no meio de nós. E nós, artistas que trabalhamos o espírito antigo, sentimo-nos compelidos a canalizá-lo pelos nossos corações, pelas nossas ideias e pelos nossos corpos para revelar as nossas realidades em toda a sua concretude e brilhante mistério.

Mas, nesta ERA em que tantos milhões lutam para sobreviver, está-se a sofrer com regimes opressivos e capitalismos predadores, fugindo de conflitos e dificuldades, com a nossa privacidade invadida pelos serviços secretos e as nossas palavras censuradas por governos intrusivos; com florestas a ser aniquiladas, as espécies exterminadas e os oceanos envenenados.

O que é que nos sentimos obrigados a revelar?

Neste mundo de poder desigual, no qual várias hegemonias tentam convencer-nos que uma nação, uma raça, um género, uma preferência sexual, uma religião, uma ideologia, um quadro cultural é superior a todos os outros, será isto realmente defensável? Devemos insistir que as artes sejam banidas das agendas sociais?

Estaremos nós, os artistas do palco, em conformidade com as exigências dos mercados higienizados ou será que têm medo do poder que temos para limpar um espaço nos corações e no espírito da sociedade, reunir pessoas, para inspirar, encantar e informar, e para criar um mundo de esperança e de colaboração sincera?»

Brett Bailey


Tradução: Margarida Saraiva; revisão EV; Escola Superior de Teatro e Cinema

sexta-feira, 21 de março de 2014

V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural

O V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural Da participação na cultura à cultura da participação organizado sob a chancela da Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural (RIA), realiza-se em Portugal, na cidade de Leiria, entre os dias 16 e 19 de outubro de 2014. 

O congresso visa contribuir para o aprofundamento da teoria e da prática da animação, reunindo investigadores, professores, animadores, estudantes entre outros agentes das áreas da educação, da cultura e das artes com o propósito de identificar e discutir os desafios e soluções de envolvimento ativo e criativo das populações, no contexto de intervenção da animação sociocultural.  

A didática da participação enquanto elemento central do processo de animação, o apoio ao crescimento da democracia, desenvolvendo redes de trabalho e de aproximação entre as comunidades na procura do bem-estar, o reforço do valor da cidadania ativa, criativa e da participação são outros dos propósitos do congresso. 

De acordo com a organização o congresso tem entre outros objetivos:

- Desenvolver um espaço de produção ao nível do conhecimento e de divulgação de informação científica na área da animação bem como de criação de atividades;
- Permitir a troca de de conhecimento, de experiências e de práticas no âmbito da animação sociocultural; 
- Contribuir para a consolidação da animação sociocultural como prática que pode e deve, através do fomento da participação, contribuir para a transformação dos diversos contextos sociais, culturais e comunitários, em contextos mais saudáveis e solidários;
- Contribuir para o desenvolvimento da animação sociocultural nos campos académicos, políticos e comunitários;
- Consolidar a animação sociocultural enquanto didática da participação;
-Reforçar o papel da animação enquanto método de educação para a participação.

No V Congresso Iberoamericano de Animação Sociocultural estarão em destaque os seguintes temas:

- Desenvolvimento comunitário;
- Educação e Artes;
- Educação ao Longo da Vida;
- Educação para o Desenvolvimento;
- Educação na Sociedade do Conhecimento;
- Intervenção Artística com diferentes públicos;
- Ócio e Animação;
- Associativismo e Participação;
- Autarquias e Comunidade

quarta-feira, 5 de março de 2014

I Congresso Internacional Animação Sociocultural, Turismo, Património, Cultura e Desenvolvimento Local

A Intervenção - Associação para a Promoção e Divulgação Cultural promove nos dias 24, 25 e 26 de abril de 2014, o «I Congresso Internacional Animação Sociocultural, Turismo, Património, Cultura e Desenvolvimento Local», evento que se realiza na Golegã.

A metodologia de trabalho do congresso assenta em painéis e relatos de experiências. Os painéis versarão sobre os seguintes temas: 

- Animação Sociocultural, Associativismo, Sociedade Participada e Desenvolvimento Local;
- Animação Turística: Teorias, Paradigmas, Fundamentos e Metodologias;
- Animação Sociocultural: Turismo, Cultura e Educação Multicultural e Intercultural;
- Animação Sociocultural: Turismo, Ócio, Tempo Livre, Intervenção e Desenvolvimento Comunitário;
- A Animação Sociocultural e participação comunitária no desenvolvimento e conservação do património cultural;
- Animação Sociocultural: Turismo, Cultura, Património e os Agentes de Intervenção;
- Animação Sociocultural, Turismo, Cultura, Artes, Património como meio de emprego e empreendedorismo social, cultural e educativo para o século XXI.