O edil da Câmara Municipal do Funchal reuniu pela primeira
vez, o conselho da cultura, formado por sete personalidades da área cultural. Curiosamente,
a primeira conclusão do encontro foi constatar que há uma ausência de estratégia
cultural, bem como, um planeamento que crie sustentabilidade aos projetos
culturais.
Parece-me oportuno, retomar e vincar a posição que expões, num
post anterior sobre o papel do conselho municipal da cultura, enquanto órgão consultivo
que os executivos municipais deveriam constituir como elemento dinamizador do
pensamento e da crítica no setor cultural do território local.
Há muito que defendo a criação do conselho municipal da cultura,
enquanto, espaço de reflexão coletiva alargada e plural sobre as dinâmicas do
território cultural. Estou convicto que será uma mais-valia para a captação de
novas ideias, clarificação de políticas, rentabilização de recursos e acima de
tudo, a definição inequívoca de uma linha estratégica de ação cultural.
Entendo que, o conselho municipal da cultura deve ser um
órgão que reúna um conjunto de sensibilidades culturais e artísticas, que congregue
a representatividade do tecido cultural associativo do município. É responsabilidade
do executivo municipal a definição das linhas orientadoras da política
cultural, dos projetos estruturantes para a vida da comunidade. É redutor deixar
ao livre arbítrio de um grupo de agentes culturais o diagnóstico sociocultural
do município.
Há um trabalho de análise da realidade que compete ao executivo
municipal fazer com o possível recurso a entidades externas, e então, reunir
com os agentes culturais e artísticos locais para desenhar linhas de ação que
conduzam a um programa político alargado, no sentido, de este ser transversal a
opções político-partidárias e não ser limitado no tempo pelo mandato do
executivo municipal.
Pensar a cultura e desenhar estratégias de intervenção neste
campo é um trabalho transversal que exige envolvimento dos vários atores
locais. Pensar a cultura como motor de desenvolvimento económico exige
capacidade de diálogo e de negociação com o objetivo claro de educar para a
cultura. O ponto de partida está no processo educativo e de envolvimento da
comunidade nos projetos culturais.
Pensar a cultura é pensar a comunidade de forma horizontal,
compreender as suas dinâmicas e potencialidades. É democratizar o acesso à cultura.
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