O estado atual do nosso microcosmos social, cultural, político e educativo é o centro
e a periferia do questionamento permanente, que nos empela na procura de respostas
às inquietações sociais e do compromisso com a cidadania e a democracia, fruto
do exercício da intervenção sustentada numa participação ativa e comprometida
com os grupos. Esse questionamento também projeta-nos para outras preocupações,
nomeadamente com a qualidade, o rigor técnico-científico e o futuro da formação
em animação sociocultural.
Esta inquietação intensifica-se com o debilitar da pujança
dos militantes associativos da animação sociocultural, sinal manifesto do recuo
face a projetos que exigem empenho e sentido de responsabilidade face à defesa
dos interesses coletivos. O número de candidatos admitidos ao grau de
licenciatura em animação sociocultural no ano letivo 2012/2013 é um sinal preocupante.
A qualidade do plano de estudos, o know how técnico-científico do corpo docente e a localização geográfica do
par estabelecimento de ensino/curso poderão ser indicadores que influenciam ou contribuam para explicar o afrouxamento do interesse pelos cursos superiores de animação. No ano letivo 2012/2013, registou-se a suspensão da abertura de novas vagas para a licenciatura em
animação sociocultural devido à fraca procura pelo curso.
Que modelo de animadores socioculturais tem o ensino
superior formado para o mercado de trabalho? Haverá alguma relação entre a
definição teórica do perfil do animador e o mosaico político, sociocultural e
educativo do país? Talvez a formação académica dos animadores socioculturais têm
sido inspirada em modelos teóricos e projetados para um espaço geográfico localizado,
um bom exemplo dessa ação redutora é o território regional onde está localizado
o estabelecimento de ensino. Uma outra hipótese é a proliferação excessiva dos cursos
profissionais de animação sociocultural que anualmente formam centenas de
animadores que alegremente contribuem para as estatísticas.
O mercado de trabalho em Portugal há muito que regrediu no
sentido de possibilitar uma primeira oportunidade de experiência profissional
aos recém-licenciados em animação, graças, à proliferação dos
técnico-profissionais. Diga-se em abono da verdade, são «excelentes» soluções
para as organizações. Precisamos hoje de compreender os caminhos da animação e os
percursos sinuosos dos animadores em Portugal.
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