O exercício da prática profissional no quadro da atividade
sociocultural é percecionada por alguns agentes políticos, como um recurso para
a promoção do entretenimento dos cidadãos, em detrimento da educação para as
artes, do contributo para a formação de uma sensibilidade humana para as
diferenças culturais e instrumento tempo de reconstrução do tecido sociocultural das
comunidades.
A assunção de uma ideia abstrata e sem fundamento teórico
sobre o papel da cultura, por um lado, é fruto de uma inconsistência técnica e sem um método de trabalho percetível para o desenvolvimento
sustentável e transversal aos vários setores da ação política na gestão da res pública, por outro, é marcado pela
ausência do conhecimento vital sobre o papel dos vários agentes culturais e das
instituições que animam quotidianamente as dinâmicas sociais nos territórios
culturais.
A defesa da promoção sustentada das práticas de consumo
cultural a partir dos princípios metodológicos da pedagogia cultural é um
desafio permanente que se coloca aos atores sociais, mas, de uma forma incisiva
e profícua aos agentes socioculturais. É fundamental educar as pessoas para os
processos de democratização e promoção culturais. Este é um processo de
aprendizagem que exige cooperação entre as instituições educativas, o movimento educativo e as
autarquias. É uma dinâmica de aprendizagem não formal que deve alicerçar-se num
programa de intervenção socioeducativa de longo prazo, capaz de responder aos desafios das
sociedades pós-modernas.
A educação para a cultura é um processo contínuo e recíproco
entre quem «educa» e o «educando», é um espaço e um tempo de novas aprendizagens
para os agentes culturais, é um ato comunicativo e de desenvolvimento de uma
consciência cultural crítica. Os agentes culturais, a classe política e demais atores
sociais não podem ambicionar sobre a desejável participação cidadã de excelência nas
dinâmicas dos territórios culturais, quando o processo socioeducativo não
formal é deficitário, ou até, inexistente. É preciso investir com determinação e autonomia nas redes de
comunicação ao nível local, nos projetos transversais entre a cultura e a educação, entre os agentes da educação formal e os da educação não formal, enquanto, atores
da cultura.
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