O investimento público na cultura continua a padecer de uma política séria, de um programa de desenvolvimento sociocultural com objectivos políticos definidos, um investimento, que a meu ver, passa por um plano de acções concretizáveis e discutidas com os agentes culturais e educativos, e não uma agenda de intenções que nunca passarão de ideias soltas e talvez acabarão num qualquer programa político-partidário.
Face à actual crise socioeconómica que vivemos, uma crise com profundas repercussões no tecido social, que continua a arrastar, quotidianamente, centenas de pessoas para o limiar da pobreza, compreendo e aceito que o fraco ou quase nulo investimento cultural que estamos a assistir de uma forma flagrante e prejudicial para o trabalho que muitas instituições, nomeadamente, as colectividades culturais vinham realizando com os diferentes grupos populacionais, seja uma discriminação positiva para a área das políticas sociais.
Não posso deixar de manifestar sérias reservas quando somos confrontados com um desinvestimento político consciente em matéria de políticas culturais. Esta acção não só é nociva para a acção cultural desenvolvida em sectores de proximidade da vida comunitária, mas também, para as políticas e práticas de Animação Sociocultural no contexto da intervenção local. A Animação Sociocultural também sai profundamente lesada do ponto de vista de projectos e actividades de educação para a cultura, enfim, é um contributo negativo para a pedagogia cultural.
Há que tirar as devidas ilações deste novo panorama económico para a cultura. Apraz-me dizer, que falharam os critérios de apoio aos projectos culturais, falharam as políticas de acção cultural sustentadas nas realidades locais e comprometidas com o território cultural, os órgãos executivos governamentais não tiveram a coragem de seriar o investimento para uma verdadeira política de desenvolvimento e Animação Sociocultural.
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