sábado, 8 de fevereiro de 2014

A desgovernação na cultura

A ação cultural municipal não pode estar sujeita a um calendário de vontades político-partidárias. Esta é uma preocupação que tenho manifestado há muito, em vários fóruns de discussão e em encontros de trabalho. É urgente que os agentes culturais tenham a coragem de reivindicar uma política cultural municipal estruturada e musculada nos recursos e nos ativos culturais do município, que projete a cultura como pólo dinamizador e de desenvolvimento comunitário local.

É fundamental dinamizar a cultura, mas antes, compreender a função dos equipamentos culturais municipais (centros cívicos, biblioteca municipal, espaços museológicos), para então, desenhar um projeto dinamizador das culturas. Há que potenciar os espaços socioculturais, imprimindo-lhes identidade comunitária, envolvendo na sua dinamização os agentes culturais e educativos.

A escola não pode estar divorciada da comunidade cultural, a reciprocidade entre ambas é fundamental para um projeto pedagógico contínuo no tempo, capaz de proporcionar aprendizagens não formais. A escola é um elemento nuclear no trabalho cultural. É fulcral construir pontes entre a comunidade e a escola, entre agentes educativos e socioculturais, enfim, aproximar a escola do território cultural. Não concebo, ideologicamente, uma política cultural municipal que não esteja alicerçada na pedagogia cultural.

Não é legítimo falarmos na concretização de política cultural, se não houver, um plano pensado e cuja execução seja viável a médio e longo prazo, isento de clientelismos e desenhado em função do calendário político-partidário. Falemos antes, num calendário de atividades culturais. Este não é despropositado, se estiver fundamentado num projeto de desenvolvimento comunitário cultural.

As agremiações culturais e artísticas, os artistas que singram no mundo das artes, por conta e risco, os agentes educativos e turísticos têm uma palavra importante a acrescentar ao debate. Eles devem ser convocados a participar no projeto de governação da cultura. É importante que os executivos municipais compreendam o alcance que a cultura tem no desenvolvimento local e dêem passos firmes na consolidação de uma verdadeira e integradora política cultural.

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