A ação cultural municipal não pode estar sujeita a um
calendário de vontades político-partidárias. Esta é uma preocupação que tenho
manifestado há muito, em vários fóruns de discussão e em encontros de trabalho.
É urgente que os agentes culturais tenham a coragem de reivindicar uma política
cultural municipal estruturada e musculada nos recursos e nos ativos culturais do município,
que projete a cultura como pólo dinamizador e de desenvolvimento comunitário
local.
É fundamental dinamizar a cultura, mas antes, compreender a
função dos equipamentos culturais municipais (centros cívicos, biblioteca
municipal, espaços museológicos), para então, desenhar um projeto dinamizador das
culturas. Há que potenciar os espaços socioculturais, imprimindo-lhes
identidade comunitária, envolvendo na sua dinamização os agentes culturais e
educativos.
A escola não pode estar divorciada da comunidade cultural, a
reciprocidade entre ambas é fundamental para um projeto pedagógico contínuo no
tempo, capaz de proporcionar aprendizagens não formais. A escola é um elemento
nuclear no trabalho cultural. É fulcral construir pontes entre a comunidade e a
escola, entre agentes educativos e socioculturais, enfim, aproximar a escola do
território cultural. Não concebo, ideologicamente, uma política cultural
municipal que não esteja alicerçada na pedagogia cultural.
Não é legítimo falarmos na concretização de política cultural,
se não houver, um plano pensado e cuja execução seja viável a médio e longo
prazo, isento de clientelismos e desenhado em função do calendário político-partidário.
Falemos antes, num calendário de atividades culturais. Este não é despropositado, se estiver fundamentado num projeto de desenvolvimento comunitário cultural.
As agremiações culturais e artísticas, os artistas que
singram no mundo das artes, por conta e risco, os agentes educativos e
turísticos têm uma palavra importante a acrescentar ao debate. Eles devem ser convocados a participar no projeto de governação da cultura. É
importante que os executivos municipais compreendam o alcance que a cultura tem no
desenvolvimento local e dêem passos firmes na consolidação de uma verdadeira e integradora política cultural.
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