A discussão em torno de matérias como a profissão, o
estatuto, o perfil e as competências dos animadores socioculturais são temas
recorrentes no discurso dos próprios agentes da animação. Não é novidade que há
planos curriculares de formação em animação sociocultural diversificados no
conteúdo que, certamente encontram acolhimento junto das dezenas de candidatos.
Mas, talvez esse seja o menor dos problemas, tanto mais, que há cursos de
animação sociocultural a encerrar por falta de candidatos. Esta realidade é um
facto, e como tal, exige uma análise cuidada.
Continuamos a questionar sobre o perfil do animador
sociocultural. Há um perfil modelo? Não haverá, sim, um conjunto de requisitos técnicos
e humanos, que no seu todo complementam o perfil desejado para o animador? Qual
o perfil profissional que os animadores desejam? Antes, devemos questionar que
modelo formativo para os agentes da animação.
Os paradigmas de desenvolvimento alteraram-se na última
década. Estamos preparados para enfrentar o futuro? Estaremos conscientes de
que é imperioso desenvolver novas estratégias de participação social, política
e cultural? Estaremos conscientes de que o modelo económico que vigorou foi o
responsável pelo colapso nacional? Estaremos preparados para um novo modelo de
desenvolvimento económico?
É necessário direcionar o foco de atenção para a sociedade
civil e os problemas reais do país que procura, seriamente, libertar-se do constrangimento
financeiro a que está sujeito. Quero ouvir os animadores da minha geração;
quero saber que contributos poderão eles dar para o novo modelo de
desenvolvimento que precisamos de empreender nas nossas comunidades.
Aparentemente, para alguns, estas são questões do debate
político-partidário, para nós animadores socioculturais são questões atuais,
com sentido estratégico para o desenvolvimento das comunidades locais. As
necessidades primárias mantêm-se e a sua satisfação é vital para a manutenção
da coesão social.
É importante que a discussão sobre o futuro hoje seja um
desígnio dos animadores socioculturais.
Precisamos de encontrar soluções para
os problemas coletivos, hoje mais do que nunca, é necessário o fortalecimento
do tecido social, da coesão dos grupos, da identidade cultural da comunidade. Estou
convicto que a animação sociocultural também poderá dar contributos positivos
para o desenvolvimento e o bem-estar de todos.
O modelo de desenvolvimento perpetuado até aqui foi
importante, mas sem sustentabilidade. Agora todos nós somos chamados a contribuir para o futuro coletivo,
pois, não há futuro sem partilha. Para muitos animadores, este poderá ser um tema
periférico para o debate em animação sociocultural, para muitos outros, talvez
um assunto marginal.
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