A compreensão do trabalho com os jovens carece de uma
aturada reflexão e discussão sobre as questões políticas e os desafios que se
colocam no exercício do trabalho com os jovens, compreendendo esta prática como
animação de jovens. Apresentamos como síntese,
o que consideramos as linhas força da Declaração da Primeira Convenção Europeia
de Trabalho com Jovens, realizada na Bélgica, em Ghent, entre os dias 7 e 10 de
julho de 2010.
O trabalho com jovens (animação
de jovens) é definido na Resolução do Conselho relativa a um quadro renovado de
cooperação europeia no domínio da juventude (2010-2018) como,
(…) uma grande diversidade de actividades sociais,
culturais, de natureza educativa ou política efectuadas simultaneamente por
jovens, com jovens e para os jovens. Nestas actividades incluem-se ainda, cada
vez mais, o desporto e os serviços aos jovens. A animação de jovens pertence ao
domínio da educação «extra-escolar» e das actividades específicas de lazer
geridas por animadores e dirigentes juvenis (profissionais ou voluntários), e
assenta em processos de aprendizagem não formal e na participação voluntária.
A Primeira Convenção Europeia de Trabalho com Jovens pretendeu
«(…) ligar o passado, o presente e o futuro do pensamento e da prática do
trabalho juvenil ». O trabalho com os jovens proporciona espaço para a
associação, a atividade, o diálogo e a ação; e onde é dado apoio, oportunidades
e experiências para os jovens serem atores da mudança. O trabalho juvenil é
orientado em função de princípios de participação e empoderamento dos jovens e
por valores humanos e democráticos. Este modelo de ação comunitária exercida
com e para jovens e as suas comunidades é fomentado por um conjunto de
políticas e conhecimentos académicos/científicos.
O trabalho com jovens definido no decorrer da Convenção é
definido como a prestação «de espaço e oportunidade para os/as jovens moldarem
o seu próprio futuro». Esta prática social é flexível e evolutiva no tempo e no
espaço em consequência dos grupos, dos métodos, dos temas e contextos de
intervenção. Há desafios agregados à formação, à qualidade e às qualificações
de quem trabalha com os jovens.
Na Declaração da Convenção é focado a necessidade de uma
aproximação dos decisores políticos com vista ao conhecimento mais profícuo do trabalho
juvenil, o mesmo acontece em relação aos trabalhadores com jovens, no sentido
de estes compreenderem melhor de como a política é feita e como se faz. É
destacada a necessidade do envolvimento dos trabalhadores juvenis na definição
das políticas de juventude e na discussão do foro político sobre os temas
relacionados com a vida dos jovens. É importante que os jovens através das
organizações associativas e outros jovens não organizados, sejam envolvidos no
desenvolvimento das políticas de juventude, o que constitui a superação do «(…)
desafio da sua identidade e o medo da instrumentalização».
No trabalho com os jovens há desafios que deverão ser
concretizados, nomeadamente, a inclusão dos jovens e das suas organizações como
parceiras no ativismo para a promoção da diversidade em sociedade, com base nas
novas realidades interculturais e inter-religiosas na Europa do século XXI. O
desenvolvimento comunitário ou a ação comunitária como formas de trabalho com os
jovens dever-se-ão adaptar e refletir aos novos tempos.
A qualidade da prática do trabalho com os jovens é
considerada uma «prática atípica profissional» desenvolvida por trabalhadores
voluntários e remunerados. A divisão de trabalho e dos papéis assumidos por
ambos os trabalhadores é inexistente, com a ressalva de que devido às suas
diferenças, os desafios centram-se nas questões da qualidade, competência e
conhecimento. Dá-se ênfase à possibilidade da criação a nível europeu e
aplicado através de estruturas nacionais de roteiros para a validação
individual que defina os padrões de qualidade e da identificação de
competências genéricas, através da acreditação da aprendizagem prévia e
auto-regulados por um código de ética profissional que conduziria o
comportamento dos trabalhadores juvenis no contacto com a juventude.
É defendido que a formação dos trabalhadores com jovens deve
ser flexível, adequada e incremental e a sua dimensão europeia deverá ser
intercultural, transnacional e ligada metodologicamente a um programa europeu.
Não só os recursos deverão ser alocados a tais necessidades, mas também, o
reconhecimento do trabalho com os jovens interna e externamente às estruturas
políticas de juventude.
A Convenção reconhece a responsabilidade dos trabalhadores
juvenis para contribuírem dentro das suas possibilidade nas agendas e objetivos
definidos na Declaração da Convenção Europeia de Trabalho com Jovens, apesar da
necessidade de se emanciparem política e financeiramente.
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