Os territórios educativos enquanto espaços de educação
formal, informal e não formal são lugares de dinâmicas sociais e culturais de
crianças e jovens, são espaços de criação de identidade e de cultura, capazes
de proporcionarem experiências partilhadas. A escola como território
privilegiado da educação formal tem de ser observada como agente de mudança
social e, consequentemente, também cenário de políticas de animação
sociocultural, ou seja, a animação enquanto pedagogia transformadora implícita
aos processos geradores de participação cidadã e de desenvolvimento comunitário
tem que ser potencializada através das dinâmicas educativas.
Neste quadro de realização é pertinente focar o projeto de
enriquecimento curricular «Mercado Quinhentista» dinamizado numa primeira
edição apenas pela comunidade educativa da Escola Básica e Secundária de Machico. Nos
passados dias 07, 08 e 09 de junho, realizou-se a 8ª edição do projeto cuja
temática foi «Machiquo Villa Manuelina», numa organização da Câmara Municipal
de Machico e da Escola Básica e Secundária de Machico. Uma organização que conta com a participação ativa de escolas, organizações educativas e culturais locais e regionais, partilhando dos objetivos e acrescentando valores culturais. À luz da matriz
conceptual da animação sociocultural penso ser correto considerar o «Mercado
Quinhentista» um projeto de animação, porque ele é fortemente envolvente e
redesenhado pela participação comunitária a cada edição.
O projeto de recriação histórica extravasou o território da
educação formal, mas mantêm-se fiel aos objetivos traçados pelos docentes
responsáveis pela paternidade do «Mercado Quinhentista» e a uma metodologia de
pedagogia participativa, de envolvência e coresponsabilidade de todos os atores
que corporizam o projeto. O envolvimento comunitário através da participação
ativa das organizações educativas, culturais e sociais, do comércio local e a
emergência de novas dinâmicas turístico-culturais associadas ao «Mercado
Quinhentista» revelam práticas transformadoras de uma cidadania alheia à vida
cultural, com o emergir de uma pedagogia da participação cidadã voluntária, da
promoção da cultura e da história, como ativos culturais decisivos para o
alavancar da economia local mediadas por processos educativos nos contextos da
educação formal e da não formal.
Este é um exemplo da necessária e urgente complementaridade
de políticas de animação sociocultural que precisam de germinar nos territórios
educativos. É preciso construir uma cidadania ativa alicerçada na democracia da
cultura e da responsabilidade socioeducativa partilhada por todos os atores
sociais. Envolver é um verbo de ação, e deverá sê-lo na construção de políticas
educativas e culturais, numa relação de proximidade e de compromisso. A
animação sociocultural enquanto pedagogia participativa e transformadora
através da ação humanizadora de homens e mulheres conscientes do seu papel
cidadão só será efetiva, dinâmica e construtora de um tecido socialmente
equilibrado, se houver processos mobilizadores da participação de crianças e jovens
em projetos que garantam equidade no acesso à cultura e à educação.
A escola de hoje tem que proporcionar experiências de
cidadania cultural, de transmissão de valores democráticos e de construção de
um diálogo estruturado. A animação sociocultural e a educação deverão ser o
suporte de políticas sustentáveis que visem o desenvolvimento comunitário pela
participação de todos os atores sociais. É necessário reforçar o diálogo e a
cooperação entre a escola e a comunidade envolvente, uma dinâmica que não pode
ser entendida como perda da autonomia, mas como a dinamização do território
educativo não formal. Este é um espaço privilegiado para a pedagogia dos
valores e da cidadania.
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