terça-feira, 25 de setembro de 2007

Educar para a Cultura... A utopia possível

A edição do Diário de Notícias da Madeira do passado dia, 23 de Setembro, deu à estampa uma entrevista com Rui Massena, maestro e director artístico da Orquestra Clássica da Madeira.

As instituições culturais, nomeadamente a Fundação Madeira Classic, aqui visada, deve ter um papel pedagógico activo no sentido, de combater a clivagem sociocultural entre grupos sociais. Entendo que a política de acção definida pelos órgãos directivos da Fundação Madeira Classic relativamente à orquestra e aos diversos agrupamentos de música de câmara, tem que passar por um plano de acção marcado pela descentralização cultural efectiva, esta medida, terá que acontecer a título gracioso, o que no panorama actual não acontece.

Na verdade, o apoio governamental anual no valor de 900 mil euros, justifica o exercício de uma pedagogia de proximidade com as comunidades locais. Caso contrário, continuaremos a alimentar a ideia de uma dupla realidade: Por um lado uma população citadina; um público letrado e por outro, uma população rural com carências socioculturais e económicas acentuadas, mas, e cito Rui Massena "as populações rurais estão sedentas de música erudita".

Ainda segundo o maestro 95% da temporada da Orquestra Clássica da Madeira é feita de música erudita, as restantes 5% podem incorporar certos experimentalismos, numa ligação "ao mundo, à sociedade que nos rodeia, ao público mais jovem, a pessoas que compram outros tipos de criações musicais".

A boa notícia está na sensibilidade manifestada e na intenção de promover concertos nas zonas rurais a título gracioso. O valor monetário que era pedido pela Fundação Madeira Classic para um concerto por um dos seus agrupamentos de música de câmara é demasiado elevado para muitas autarquias. Com esse valor é possível desenvolver actividades a partir de um projecto sociocultural que desejamos que seja protagonizado pela participação comunitária. Infelizmente, muitas das instituições com responsabilidade na promoção e descentralização culturais desconhecem ou ignoram um valor fundamental na intervenção com um grupo social - O Educar para a Cultura. É uma utopia possível.

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