O que faz falta é animar a cidadania. Vivemos tempos
sombrios onde não há espaço para a democracia participativa, um tempo de
desresponsabilização face às grandes linhas estratégicas de ação coletiva.
Falta uma pedagogia da militância política não partidária e democrática. É
chocante a falta de (des)envolvimento dos sujeitos nas questões coletivas de
interesse comum à vida comunitária.
O que faz falta é desenvolver uma pedagogia de e para a
cultura com todos. O poder político no exercício das funções que lhe são
confiadas, não pode ignorar a história social e
cultural da comunidade. É preciso conhecer, dignificar e partilhar um passado
comum para desenhar um programa político no quadro da realização da cultura.
A ação cultural é um processo contínuo de valorização dos
saberes-fazeres dos sujeitos, de enobrecimento das identidades e da cultura. O
que faz falta é exercitar quotidianamente uma pedagogia para a cultura,
fomentar a cidadania cultural dos sujeitos, potenciar as organizações de base
para que contribuam ativamente para o desenho de uma política cultural de continuidade
e não ações avulsas, capricho de um ou outro político.
O que faz falta é a solidariedade humana em tempos de
incertezas sociais, culturais e económicas. É urgente educar para uma cultura
de paz, de solidariedade humana, fomentar o sentido do bem comum. Faz falta,
cada um ser cidadão comprometidos com os seus grupos de pertença, com a
comunidade que contribuiu para a afirmação da sua identidade e comummente dos valores
socioculturais.
O que faz falta é educar os homens e as mulheres do futuro. A
cidadania começa na escola mas não se esgota dentro dos seus muros. A educação
não pode ser, apenas, a transmissão unilateral de conhecimento, antes, e cada
vez mais, deverá caracterizar-se por ser um processo de aprendizagens não
formais e informais, onde os jovens sejam o centro das dinâmicas educativas. É
desejável um processo educativo profusamente ligado à comunidade.
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