A relação entre a cultura e o turismo não pode estar restrita ao discurso de circunstância, antes, ela deverá estar alicerçada no desenho de programas de políticas de desenvolvimento económico sustentável nos ativos culturais da região, procurando revelar a riqueza do património cultural imaterial do seu povo. Os paradigmas de desenvolvimento económico em que ainda assenta a ideia de desenvolvimento económico e consequente criação de riqueza é a idealização de um modelo errado, efémero e de curto prazo, retumbando todo o crescimento num enorme vazio.
As políticas para o turismo não poderão estar sustentadas em produtos turísticos que outros destinos concorrentes oferecem a valores low cost. O património cultural imaterial de uma comunidade é um recurso endógeno sustentável que precisa de ser rentabilizado cultural e economicamente. É da cooperação das entidades responsáveis pelas políticas públicas do turismo com o setor privado que deverá emergir uma política comum de valorização das culturas como potencial de crescimento e afirmação de um destino turístico-cultural perspetivado como alavanca para a promoção das economias local e regional. A atual crise económica e financeira é uma janela de oportunidades para valorizarmos a atividade cultural, mas não poderá deixar de sê-lo, quando o país recuperar a sua credibilidade em matéria de disciplina orçamental e retomar o crescimento económico.
Os ativos culturais da região são produtos turísticos pouco rentabilizados do ponto de vista da estratégia de afirmação e consolidação de um turismo cultural capaz de contribuir para o crescimento das microeconomias, com a criação (in)direta de empregos ligados ao setor turístico. Os responsáveis pela administração do território têm que olhar a região como um território cultural, cooperarem no desenvolvimento de uma política de desenvolvimento cujo paradigma não pode estar assente na economia do betão, mas sim, na imaterial, a economia da cultura.
O paradigma do desenvolvimento turístico tem de privilegiar a paisagem cultural, uma riqueza humanizada por séculos de história construída na relação do Homem com a natureza, na sua relação quotidiana com os lugares e na afirmação da memória e identidade coletivas. Hoje precisamos de novos itinerários económicos. A palavra de ordem é planificar outros modelos de desenvolvimento que calcorreiem os nossos itinerários socioculturais, um trabalho cooperativo do setor público e do privado. O setor cultural tem um valor económico significativo e esse dado deve impulsionar-nos para que a planificação de uma política de turismo cultural valorizadora das valores comunitários e do património cultural imaterial, e não apenas, um turismo de sol e praia.
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