sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ética e Deontologia em Animação Sociocultural

A ética e a deontologia são dois princípios basilares no exercício profissional dos Animadores Socioculturais. Independentemente da inexistência de um código deontológico para a classe profissional há um conjunto de direitos e deveres comuns aos diferentes grupos profissionais que podem ser transpostos para o grupo profissional dos Animadores, atendendo ao facto, destes comungarem de princípios e normas comuns a outros trabalhadores sociais.

A ética não é mais do que o conjunto de valores e princípios morais e cívicos orientadores da acção do Homem e da sua relação com o grupo e a comunidade. Os princípios éticos são matéria variável, eles balizam o bem e o mal, são referências quotidianas na vida social individual e colectiva. Há um conjunto de normas que são basilares nas dinâmicas de intervenção do Animador com a comunidade, princípios que devem ser respeitados e incutidos nos Animadores desde a sua formação académica. A promoção da cidadania, a liberdade, a cooperação mútua, a confidencialidade, a solidariedade e a promoção de tantos outros direitos culturais e humanos, são valores e princípios centrais na prática da Animação Sociocultural que se cultivam desde a formação académica.

A deontologia é um conjunto de normas, princípios e deveres que regulam a actividade de um grupo profissional. Impõe-se a regulação da actividade profissional no âmbito da Animação Sociocultural. Esta é uma matéria sensível que necessita de um amplo espaço temporal de discussão, de análise e estudo de uma possível proposta de estatuto deontológico. Está tudo em aberto.

O código deontológico dos Animadores deverá respeitar um conjunto de deveres que se estilhaçam na legislação. Um código neutro no campo dos princípios éticos e morais, valores que influenciam a prática profissional e cujo culto não é unanime entre os Animadores. A deontologia em Animação Sociocultural encontra especificidades peculiares quer do ponto de vista do trabalho do Animador com a comunidade, quer dos seus deveres para com a instituição. O triângulo - Animador/instituição/comunidade - é uma realidade incontornável que do ponto de vista dos deveres, normas que comummente estão consagradas no estatuto deontológico, acalentarão controvérsias na perspectiva da ética.

É importante que não se tente regulamentar princípios e valores que norteiam o exercício da Animação Sociocultural. Esses fazem parte da ética.

Faz todo o sentido que nos cursos superiores de Animação seja leccionada uma disciplina que aborde de forma incisiva a ética e a deontologia profissional. Há matérias que devem ser discutidas e reflectidas no contexto formativo ao nível teórico-prático, experenciadas em diferentes situações reais de intervenção comunitária com diferentes grupos e comunidades. Há princípios éticos que fazem parte do processo socializador do Animador, valores que são adquiridos no trabalho colectivo resultado das vivências quotidianas e fruto do trabalho de Animação.

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