As políticas autárquicas estão indissociavelmente conectadas a um ciclo político que marca a agenda das políticas culturais locais. Estas políticas precisam de novos estímulos que devem continuar a estar sustentados no envolvimento da comunidade associativa, dos agentes culturais e educativos. É com estes actores do desenvolvimento que será possível construir um programa municipal que reúna um conjunto de sensibilidades e competências científicas e técnicas no domínio da acção cultural.
O novo ciclo autárquico que agora começa é um tempo primordial para a discussão e concretização efectiva do enquadramento da participação activa da comunidade. Há acções no domínio da cultura que são fundamentais para a sustentabilidade de uma acção política que precisa de vigor e sustentabilidade para a prossecução dos objectivos do desenvolvimento cultural. Há sinais claros de mudança nas orientações de algumas das políticas locais, sinal da leitura das realidades sociais, do empenho do elenco político municipal para a mudança necessária.
As políticas da cultura não podem ser desenhadas somente por políticos teoricamente iluminados pelo espírito da verdade absoluta, engavetados em gabinetes, pelo contrário, as políticas têm que nascer do quotidiano vivido pelos grupos, pelas comunidades rural e urbana, pelas práticas profissionais dos agentes socioculturais que actuam no território cultural, num diálogo permanente e construtor de "pontes" entre a administração municipal e os actores do desenvolvimento comunitário. Os agentes socioculturais podem e devem ser essas "pontes" de transição das vivências colectivas nos espaços de socialização, de criação e descentralização culturais com os eleitos locais. Os políticos e os técnicos têm de se empenhar num trabalho sério que perspective a definição de orientações da acção cultural duradouras no tempo, e não de políticas a curto prazo mediadas por um ciclo político.
A administração autárquica deve exigir uma participação activa aos actores da cultura, envolvê-los no processo político de sedimentação de caminhos para o desenvolvimento sociocultural das gentes locais. Este é um processo democrático que exige abertura de espírito e de cooperação entre todos. Só assim, um dia os agentes socioculturais poderão dizer que contribuirão para a definição de uma política cultural no âmbito municipal. Uma política aberta à mudança e alicerçada na multiplicidade dos contributos da comunidade.
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