É sempre um acto intimista quando o exercício a que nos propomos implica a reflexão sobre o nosso percurso de vida, mesmo que seja, o percurso profissional. Não posso deixar de associar à construção das minhas práticas de Animação Sociocultural na Região Autónoma da Madeira, porque é neste território concreto que trabalho e a partir do qual, tenho vindo a reflectir sobre a Animação Sociocultural e os Animadores. Este é um percurso de homem livre carregado de utopias, de vontades e acima de tudo, de construir a mudança com aqueles que acreditam em valores que estão para além da nossa curta existência e que norteam as práticas de intervenção sociocultural.
Abordar as experiências profissionais desde as práticas da Animação Sociocultural é falar de um desafio permanente na consolidação de um espaço profissional que se apresenta como um "mundo novo" a ser conquistado quotidianamente. Felizmente, quando ingressei no mercado de trabalho tive a oportunidade de exercer funções de Animador Sociocultural numa autarquia, não que a instituição me "transforma-se" em Animador ou que me sinta superior a alguém, mas sim, pelas possibilidades que se abriram para colocar em prática um conjunto de saberes. Continuo a trabalhar numa autarquia exercendo as funções de Animador Sociocultural, sem nunca ter perdido o sentido do que é a Animação Sociocultural; pelo contrário, foi ganhando o sentido de oportunidade e descobrindo os muitos e possíveis contextos de exercício da Animação Sociocultural com os grupos e comunidades no âmbito local.
Sempre me defini como Animador Sociocultural e continuo a fazê-lo, porque acredito que é o meu trabalho quotidiano fundamentado num conjunto de ensinamentos teórico-práticos adquiridos em contexto formativo que permite-me analisar as realidades socioculturais locais, regionais e, até nacional. Conjugo esses saberes com as práticas que se vão transformando em certezas daquilo que sou profissionalmente, que ajudam-me a reflectir sobre o que é a Animação Sociocultural, ou melhor, a acrescentar alguma coisa às reflexões que são produzidas pelos académicos que foram e continuam a ser para mim, referências incontornáveis da Animação.
Nos meus escritos tenho procurado sempre partir das realidades que me são familiares profissionalmente, das leituras que procuro fazer, das minhas práticas como Animador Sociocultural remunerado e voluntário no movimento associativo, sempre sustentado num exercício de reflexão crítica. Acredito que este é um trabalho necessário para que possa evoluir, para acrescentar valor ao meu património intelectual, mas preferencialmente, para gerar espaços de discussão com outros Animadores que acreditam nos mesmos valores e defendem que é possível discutir os contextos de intervenção numa outra perspectiva da Animação Sociocultural.
A Região Autónoma da Madeira, especialmente a partir dos anos 90, sofreu uma evolução positiva no que se refere aos equipamentos colectivos, sociais e culturais. Classifico como uma referência para o exercício das práticas da Animação Sociocultural, ou de Gestão Cultural para outros. Independentemente das diferentes posições sobre esta matéria, os equipamentos socioculturais, nomeadamente, os Centros Cívicos são uma escola prática para o exercício da Animação Sociocultural no território insular. Pela minha relação de proximidade com estes equipamentos, nomeadamente, por razões laborais tenho adquirido um conjunto de ferramentas e desenvolvido competências que contrariamente ao que se possa dizer e escrever, não são incompatíveis com as funções de Animador, antes, complementares.
Este é o testemunho telegráfico das minhas experiências por terras de Tristão Vaz e Gonçalves Zarco. Muito mais há a dizer sobre elas. O que importa são as nossas experiências e com elas, a definição do nosso percurso de vida como Animadores Socioculturais. A história é construída por Homens e factos que se vão consolidando e ficam registados para memória futura.
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