sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Os projectos culturais: que modelo(s) de financiamento? Que modelo de profissionais para a cultura?

A discussão sobre o financiamento dos projectos culturais retoma protagonismo, pelo facto de estarmos em vésperas da discussão e aprovação dos orçamentos de Estado, das Regiões Autónomas e das Autarquias para 2009, e quando é sabido que continuará a haver uma redução dos apoios públicos ao sector cultural.

Esta realidade inflige um duro golpe nos projectos culturais associativos, provocando uma paralisia no acto da criação cultural, da promoção da cidadania cultural, da continuidade da intervenção cívica, contributo privilegiado para a descentralização e democracia culturais, e consequentemente, de um projecto global - a educação para a cultura - ideia multidisciplinar que não se encerra com o trabalho desenvolvido na escola.

As novas realidades sociais, económicas e culturais sobejamente conhecidas, que não serão fáceis de driblar, apontam para duas saídas possíveis:

1ª - Os agentes culturais têm que recorrer a programas comunitários no domínio da cultura, um desafio que tem que acontecer através do estabelecimento de parcerias público-privadas com as entidades culturais ou através de um trabalho em rede entre as associações culturais.

2ª - As autarquias não podem demitir-se das suas obrigações em matéria de cultura, ou seja, têm que rever prioridades no apoio ao movimento associativo cultural, nomeadamente, apoiando projectos, e não, facilitando apoios anuais que em alguns casos não são justificados pelas entidades apoiadas. Este facto, não anula o papel do Poder Local na concretização de projectos socioculturais de relevo municipal e na continuidade ou definição de uma política cultural sustentada na matriz da Animação Sociocultural.

No passado mês de Outubro, realizou-se o I Fórum da Cultura na Madeira, cujas conclusões encontram-se no portal culturede. Da leitura das conclusões quero salientar algumas das ideias vincadas no documento: programação cultural e profissionalização dos programadores e dos agentes culturais. Estas duas ideias centrais merecem uma discussão e reflexão que não pode ser adiada e remete-nos para a figura e o papel do Animador Sociocultural.

Tenho defendido neste espaço de intervenção e em outros escritos, a imperatibilidade dos Animadores Socioculturais possuirem uma bagagem de conhecimentos e competências de acordo com as múltiplas realidades sociais e culturais, quer isto dizer, que é fundamental que os Animadores tenham conhecimentos de programação e gestão culturais, certamente uma resposta ao nível de projectos e dos equipamentos culturais. Se hoje a Madeira reclama a profissionalização dos agentes culturais, as instituições de Ensino Superior têm o dever público de responder positivamente a esta realidade. As competências instrumentais que reclamamos para os Animadores é sugerido no documento "Implementação do Processo de Bolonha a nível nacional. Grupos por Área de Conhecimento PSICOLOGIA e CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO".

Por outro lado, é fulcral que as dinâmicas socioculturais que vão acontecendo no território não sejam entendidas pelas Instituições do Poder Regional e Poder Local como acções de simples programação e gestão culturais. Os animadores são uma mais valia ao nível dos recursos humanos para a concretização da ideia de profissionalização dos agentes culturais, e certamente, será um nicho de empregabilidade à micro escala. Esta é uma realidade a explorar no contexto insular. Os Animadores têm que se aventurar na descoberta criativa de novos caminhos para a empregabilidade.

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